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Entrevista: Aldemario Araújo - Controlador-Geral do Distrito Federal


Mecanismos contra corrupção - Aldemario Araújo - Controlador-Geral do Distrito Federal 

*Por Isa Stacciarini 

A partir de abril, cidadãos vão poder acessar o andamento de processos administrativos disciplinares contra servidores públicos. Com sigilo do nome do profissional e da ação que ele responde, o público vai poder acompanhar o desenrolar da ação. O anúncio foi feito pelo controlador-geral do Distrito Federal, Aldemario Araújo, em entrevista ao programa CB.Poder, uma parceria do Correio com a TV Brasília.

Aldemário também destacou que pretende, ainda este ano, implementar um sistema para os servidores fazerem a declaração de bens por meio eletrônico. Hoje, isso é feito por meio da entrega de documentos físicos, que são colocados em envelope e anexados na pasta do profissional. O cruzamento de dado vai ocorrer com a base de dados que o GDF tem, além de uma parceria com a Receita Federal e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coad), por exemplo.

Quais ações a Controladoria-Geral do DF está tomando contra a corrupção?
Iniciamos uma atuação de análise prévia de pagamento de contratação feito em âmbito dos órgãos públicos. Ela começou pela Secretaria de Educação, Secretaria de Saúde e Novacap. É uma ação inovadora. A partir de abril, faremos a divulgação do andamento de processos administrativos disciplinares, ressalvando o sigilo e o nome dos envolvidos, mas o andamento do processo, como algo público, facilitará o controle social sobre a celeridade desses procedimentos. E, muito possivelmente neste ano, devemos ter a entrega da declaração de bens dos servidores por meio eletrônico.

Para constatar casos de enriquecimento ilícito, haverá parceria com outros órgãos?
Há uma possibilidade de cruzamento com a base de dados que o GDF possui e será possível um concurso com o Coaf e a Receita Federal.

Dá para se ter uma ideia de em quanto tempo isso será feito no DF?
Temos a decisão política tomada e é uma ação que integra o combate à corrupção. Estamos completamente envolvidos nisso, com a Secretaria de Fazenda e Planejamento, mas esbarramos em alguma dificuldade logística, de informática. É bem possível que essa implementação ocorra este ano, mas, se não acontecer, no mais tardar, será no ano que vem.

Há processos disciplinares que demoram mais de uma década até a demissão, mesmo em casos graves, como de servidores que praticam extorsão. É possível agilizar o trâmite?
Temos casos de processos que demoram de dois a 10 anos. A gente identifica que há uma baixa organização dessa atividade. Tem-se uma dificuldade muito grande de formação de servidores para atuar nesse tipo de situação, e esses processos ficam relativamente escondidos. Não se tem uma clara noção da paralisia ou do andamento deles. Queremos, portanto, a partir de abril, dar publicidade ao andamento desses processos, porque, assim, se cria um controle social sobre essa atividade. 

O governo teme sofrer pressão dos sindicatos contra as mudanças?
À medida que a gente divulga o andamento e se cria uma pressão social para que os processos tramitem de forma célere, o poder público ganha, a sociedade ganha, eventualmente o servidor ganha. Se é caso de arquivamento, essa conclusão será obtida o mais rápido possível. É até de interesse servidor que venha a ser acusado que o andamento ocorra de forma mais rápida.

Em que fase está a análise de pagamento de contratos?
Temos um histórico de milhões de pagamento feitos sem nenhum tipo de cobertura. Em 2017, chega próximo a R$ 700 milhões, quase todos concentrados pela Secretaria de Educação e na Secretaria de Saúde. Esse é um dos indicadores mais fortes de desorganização administrativa que propicia qualquer tipo de irregularidade. Temos uma inspeção a ser feita relacionada a esse assunto, estamos monitorando os pagamentos que eventualmente irão ser feitos, há uma ação muito forte com os gestores dessas pastas que estão comprometidos em reverter esse processo que é uma questão muito mais de gestão e planejamento, além de termos uma sindicância em curso analisando esses pagamentos feitos anteriormente. 

Há um concurso em processo para a Controladoria. Qual o deficit de funcionários no órgão? 
Temos um concurso em andamento e devemos ter algum aumento de quadro na casa de 30 a 50 auditores. Mas é sempre bom registrar que temos um nível de rotatividade de pessoal que, mesmo o servidor aprovado, ele continua fazendo concurso para o TCU, TCDF, Controladoria-Geral da União. Ganhamos quadro em concurso, mas perdemos esse profissional para outras instituições.

Há muita demanda do próprio GDF em relação à cessão ?
Temos também de lidar com esse problema. Temos um nível de organização da administração pública sofrível e existem dificuldades em várias áreas consideráveis e, principalmente, auditores da Controladoria-Geral, são muito demandados para atuar em outros órgãos até em posição de gestão, porque são profissionais mais qualificados, que conseguem dar uma resposta mais efetiva.

(*) Isa Stacciarini - Foto: Ana Rayssa/CB/D.A.Press  - Correio Braziliense


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