Correios: trabalhando o presente
*Por Floriano Peixoto V. Neto
Desde muito tempo, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT)
vem servindo a nossa nação. A instituição cumpre a obrigação constitucional de
estar presente em todos os municípios brasileiros, conectando pessoas,
instituições e negócios por meio de soluções postais e logísticas. Além disso,
também leva cidadania e integração Brasil adentro. O importante papel
desempenhado pelo Correios deveria garantir sua manutenção sob constante
vigilância da sociedade, no entanto, muitos ainda desconhecem a gravidade da
situação econômico-financeira que vem comprometendo sua sustentabilidade há
alguns anos.
A dificuldade de se adaptar aos inexoráveis avanços da tecnologia e à
consequente diminuição do volume de envio de mensagens impressas (cartas)
atingiu consideravelmente os serviços postais da empresa. A crise financeira
pela qual passa o país impactou e ainda impacta seus negócios. Tudo isso,
somado ao resultado de gestões temerárias e da corrupção (Postalis), se traduz
no prejuízo corrente acumulado de quase R$ 3 bilhões.
Um breve olhar sobre decisões tomadas nos últimos anos permite
compreender melhor como essa realidade se construiu, por isso relembro alguns
fatos:
1) em 2014, por força da Lei nº 11.638/07, a empresa passou a ser
obrigada a incluir no seu balanço despesas futuras e obrigatórias (plano de
saúde e fundo de pensão dos empregados quando se aposentam – o chamado
benefício pós-emprego), consolidando o total de débitos da empresa;
2) a suspensão dos reajustes das tarifas postais, decretada pelo governo
entre 2013 e 2015, entrou na equação com outros fatores de mercado,
contribuindo para que se chegasse ao cenário atual de desequilíbrio financeiro;
3) se, por um lado, observou-se o crescimento da receita com encomendas
devido ao fortalecimento do e-commerce; por outro, a redução no volume de envio
de mensagens foi ainda mais significativa no balanço geral dos Correios;
4) ano após ano, a empresa vem somando perdas no envio de cartas,
telegramas e outras mensagens – segmento em que os Correios de fato detêm
monopólio assegurado pela Constituição –, ao passo que, em meio a toda esta
crise, a entrada de novos players no já acirrado mercado concorrencial de encomendas
tem contribuído para que a recuperação nas receitas não aconteça no prazo
esperado.
Esse é o cenário que encontrei quando assumi a liderança dos Correios,
por determinação do presidente Jair Bolsonaro. Desde então, tenho adotado
medidas que visam fortalecer financeiramente a empresa e garantir a sua
sustentabilidade, com foco absolutamente direcionado aos objetivos delineados
pela alta administração, como vêm sendo pública e oficialmente definidos.
Com a seriedade que o momento exige e com respeito aos mais de 100 mil
empregados da estatal e suas famílias, a diretoria da instituição conduziu
sensivelmente todo o processo de negociação do Acordo Coletivo 2019/2020, a
princípio, diretamente com os representantes dos trabalhadores e, posteriormente,
contando com a mediação do Tribunal Superior do Trabalho.
Alcançar um entendimento razoável sobre esse tema é de crucial
importância para retomar o equilíbrio financeiro dos Correios, pois as despesas
com pessoal equivalem a 62% de seus dispêndios anuais.Essa esta é uma
necessidade urgente. As propostas de acordo apresentadas pela empresa se
fundamentaram em estudos elaborados com base no cenário atual, ou seja,
considerando as possibilidades financeiras e os altos custos operacionais para
manter sua competitividade.
Neste momento, é preciso ter em mente que o prejuízo acumulado pela
empresa necessita ser saldado. Por isso, ações emergenciais para gerar fluxo de
caixa, de saneamento e melhorar a situação financeira estão sendo adotadas.
Nosso compromisso é com a entrega de resultados para a sociedade e, para
isso, é necessário zelar pela sustentabilidade da empresa. É preciso que todos
ajam com responsabilidade e engajem seus esforços para que os Correios
recuperem as suas finanças e preservem seus valores. Não podemos parar agora.
(*) Floriano Peixoto Vieira Neto - Presidente da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) – Foto/Ilustração: Blog – Google –
Compartilhado do Jornas Correio Braziliense
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