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LOCKDOWN! A MÁQUINA NÃO PODE PARAR (*Victor Dornas)


Victor Dornas.

“Lockdown” é o termo que vem sendo usado para apelidar as projeções catastróficas no atual momento de retração forçada da economia mundial em virtude da pandemia. A explicação é simples. Ao adotarmos o modelo de prevenção por isolamento total, o mais indicado em razão do sucesso em países como o Japão, Singapura, Coreia do Sul e Hong Kong, que vem apresentando curvas de contágio mais brandas, a economia numa projeção a curto prazo tende a colapsar. Neste caso, o remédio mataria mais do que a doença. 

Seria como indicar uma quimioterapia letal a um paciente com câncer. Sem produção, não haverá mais o básico. Claro que tudo isso por hora apenas existe em especulações, haja vista que, diante das características do vírus, a tendência é de obtenção da vacina antes de chegarmos a isso.

A verdade é que a economia, embora seja uma ciência também exata, frequentemente frustra os consensos, até acerca do que há de mais simples. Há pouco tempo, diante da eleição de um presidente pretensamente liberal, com um super ministro moldado na escola de Chicago, muitos economistas de renome assumiram o risco de dizer: “Não é uma boa hora pra comprar dólar”. O resultado é que antes mesmo do surto pandêmico o dólar já se dirigia à casa de cinco reais, para o constrangimento destes que se expuseram na empolgação do prenúncio pós eleições.

Com colaboração ditatorial de Xi Jinping, o tal vírus não marcou hora, não respeitou a etiqueta inglesa. Chegou sem avisar. Chegou chutando a porta. Economistas que erram em situações regulares agora trabalham sobre pressão. Ainda assim, não resta dúvida de que a medida imposta pelo governo de clausura para conter a pandemia é um veneno na economia. Não se trata aqui de discussões sobre luxos já que a corrente arrenta primeiro nos pequenos. Os resultados de uma recessão deste porte são imprevisíveis, até pelo fato de não sabermos se perdurará.

Na hipótese remota de não conseguirem uma cura, não é forçoso imaginar que os governos que agora suplicam pela reclusão será o mesmo que pedirá para as pessoas voltarem às suas rotinas, dessa vez expostas ao vírus. O tempo permitirá análises mais ponderadas sobre aquilo que foi feito corretamente ou não. Tragédias de grande porte quase sempre decorrem de uma sucessão de erros. Inicialmente se menospreza um erro que ocasiona o efeito avalanche. Numa pandemia os erros devem ser incontáveis. Questiona-se se o melhor teria sido fechar logo as fronteiras, mas aí deve-se sopesar o quanto isso pesaria na economia. 

Questiona-se sobre a forma como a Inglaterra tem aplicado a contenção por resistência de grupo, com os mais jovens expostos e os mais idosos afastados. Tudo isso é analisado, porém sem o tempo devido. Uma das substâncias divulgadas como eficazes contra este covid, a “cloroquina”, também foi usada noutras ocasiões, como por exemplo na epidemia do “Chicungunha”. 

Inicialmente também se achou que era benéfica, mas, decorrido algum tempo, verificou-se que ela em verdade agravava a maior parte de casos. A ciência precisa de tempo. Um tempo que não temos e por isso os governos parecem agir impulsivamente, um tanto perdidos, já que eles também não sabem o melhor a ser feito.

O chamado Lockdown decorre desse contratempo. A realidade se impõe. A ciência quer tempo.

(*) Victor Dornas – Colunista do Blog do Chiquinho Dornas – Foto/Ilustração: Blog-Google

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