Thiago Jarjour - Subsecretário de Relação com o
Setor Produtivo
Qual é o papel da
Subsecretaria de Relação com o setor produtivo? Ela
faz a interlocução com todo o setor produtivo. Entende as dores, as demandas,
as necessidades dos diversos setores empresariais da cidade. Levando sempre as
pautas ao conhecimento da secretária de estado para conhecimento do governador.
O que o governador
Ibaneis Rocha e Fabiana di Lúcia que assumiu a recém-criada Secretaria do
Empreendedorismo lhe pediram ao convidá-lo para o cargo? A
principal missão que me foi proposta foi a simplificação empresarial.
Simplificar a vida do empresário. Minha família chegou no DF em 1958 e começou
a vida no comércio em um armazém num barracão de madeira na Cidade Livre. Meu
berço é o comércio e comecei a trabalhar muito cedo com meu pai, aos 16 anos. O
Brasil tem que aprender a valorizar mais quem empreende, quem gera empregos,
quem gera riqueza pro país. O governo (Federal e Estaduais), não são geradores
de riqueza, são sim consumidores dos impostos gerados pelas empresas e pelos
cidadãos. Vejo muita gente falando de justiça social hoje em dia no nosso país.
Para mim, não há justiça social maior do que um cidadão poder ter acesso ao
trabalho, conseguindo assim levar dinheiro pra dentro de casa; inclusive
escolhendo onde e com quem quer trabalhar. Isso só pode acontecer se os
empresários, sejam micro, pequenos, médios ou grandes, encontrarem um ambiente
propício pra empreenderem. Precisamos facilitar a vida do empresário no nosso
país e na nossa cidade.
Estamos no meio de
uma pandemia com uma crise sanitária que causa impacto no setor produtivo. Qual
o maior desafio neste momento? Amparar todos os
empreendedores e facilitar ao máximo a vida deles. O ambiente para se abrir e
manter um negócio no nosso país vigora em posições vergonhosas nos rankings
mundiais. Está na hora de aproveitarmos essa crise pra virarmos uma chave nessa
história.
Qual é a principal
reclamação do setor produtivo? Neste momento, a
dificuldade da reabertura do comércio. Estou vendo um empenho muito verdadeiro
do governador Ibaneis pra reabrir o comércio gradativamente e com responsabilidade.
Ninguém quer ser responsável por ter mortes nas suas costas. Nem o governador
quer, nem os empreendedores querem. Não vi nenhum empreendedor se colocar
contra as medidas sanitárias exigidas pra prevenção da pandemia. Eles estão
aceitando comprar álcool 70° em larga escala, comprar máscaras e EPI’s para os
colaboradores, distanciar mesas, diminuir a capacidade de vendas admitindo
menos clientes por vez nos estabelecimentos. Tudo está sendo aceito. Então por
que a justiça não aceita sentar e conversar em vez de simplesmente impor
medidas tão impositivas de manutenção do fechamento levando empresas à
falência? O desemprego em massa pode acabar gerando um caos tão grave ou
maior quanto o que poderia ser causado pelo estrangulamento do atendimento hospitalar.
O isolamento é necessário, as medidas emergenciais foram tomadas e acertadas.
Tanto que o DF apresentou um número bem pequeno de mortes se comparado com
vários lugares do Brasil e do mundo. Está na hora de mudar a estratégia pra não
arrumarmos outros problemas e consequências graves.
Acha que há espaço
num momento de crise como esse para a criação de novas empresas que gerem
emprego? Sim. Toda crise gera oportunidades. O ditado
popular diz: “enquanto uns choram, outros vendem lenços”. Em Brasília, já vi
gente vendendo “moldes” para fabricação artesanal de máscaras. O brasileiro é
um dos povos mais criativos que conheço. Tem muita gente dando um jeito e indo
à luta! Novas oportunidades surgirão, tem que ficar antenado!
Muitas empresas
estão em dificuldades pelo confinamento. Como ajudá-las? Há
várias formas. Eu tenho ideias, mas não quero expô-las neste momento sem ouvir
as dores do setor antes, e sem me alinhar com a secretária e o
governador.
Você esteve com
Rollemberg na campanha e agora é aliado de Ibaneis, o adversário do
ex-governador. Mudou de lado? Meu lado é
Brasília. Esse é o meu partido. Fui leal ao Rollemberg até o último momento.
Meu papel ético e moral com ele foi cumprido. Com ele e com o governo dele.
Deixei legados pra cidade como a Campus Party e o Qualifica + Brasília. Posso
até ter uma conotação política estampada em mim, mas ela nunca será maior do
que o meu amor pela cidade. Qualquer governo que me chamar para assumir uma
missão em prol de melhorar a cidade terá de mim meu total empenho e minha
lealdade. Esses valores aprendi em casa e não abro mão deles por nada!
Pretende se filiar
a algum partido e concorrer novamente à Câmara Legislativa? Por
ora, estou sem partido e assim pretendo continuar. Quero fazer um bom trabalho
com liberdade e sem influências político-partidárias. As eleições serão em 2022
e até lá tem muito trabalho pela frente. Me casei no fim do ano passado e não
posso mais tomar a decisão sozinho de concorrer a uma eleição, afinal isso gera
impactos dentro da minha casa. Não digo que não serei mais candidato, mas essa
decisão permanece em suspenso. Mais para a frente decidirei em conjunto com
minha família e minha esposa sobre essa questão. Dizem por aí que no fim das
contas é a esposa que manda na gente, né? Vou descobrir se é verdade...
Alexandre de Paula
- Coluna "Eixo Capital" - Foto: Edy Amaro/CBV/D.A.Press - Correio
Braziliense
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