Fabiano Melo, 83 anos, filósofo e
escritor
Morreu no
sábado, em Brasília, o bancário e advogado Fabiano de Cristo Melo, 83 anos. Ele
não resistiu a complicações cardíacas e respiratórias. Natural de Piripiri
(PI), foi figura importante para a cidade de pouco mais de 60 mil habitantes.
Sempre com uma
câmera a tiracolo, conseguiu, por meio da fotografia, produzir um documentário
com imagens que representavam, de alguma maneira, momentos da história do
município. O acervo foi apresentado em 4 de julho de 1972 — aniversário da
cidade — na Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB). O evento conseguiu
reunir grande parte dos moradores. Em 1988, doou a coleção ao Museu de
Perypery.
Bancário
aposentado, Fabiano também era historiador, cronista e bacharel em filosofia,
publicou livros com histórias do pequeno município, como Minha Mãe Retirante, O
Ponta-de-Rama, Logus-Nosso Pensamento e Ruas, Avenidas e Praças de Piripiri.
Para que se
tornasse escritor, historiador e fotógrafo, a formação acadêmica teve início em
meio religioso. Até os 10 anos, Fabiano sonhava em ser padre. Como sacristão,
aquele que auxilia o sacerdote durante as missas, aprendeu orações em latim e
investiu nos estudos preparatórios para ingressar no seminário.
Aos 16,
mudou-se para a capital, Teresina, e sete anos depois ingressou no curso de
direito na então Faculdade de Direito do Piauí. Precisou, no entanto,
interromper os estudos um ano depois, quando foi aprovado no concurso do Banco
do Brasil, para assumir o cargo em Piripiri.
Após 10 anos,
o piauiense deu início à trajetória na capital federal, transferindo-se para
Brasília, onde trabalhou com o escritor e jurista Cláudio Pacheco Brasil,
auxiliando-o na elaboração e publicação de História do Banco do Brasil, e
voltou a cursar direito. Também requisitado por essa instituição financeira,
trabalhou por 22 anos na Presidência da República.
Fabiano Melo
era filho de Marcos José de Melo e Maria Mendes de Melo, o caçula de 14 irmãos.
Casado com Sônia Maria Fernandes desde 10 de janeiro de 1964, teve dois filhos,
Vitório Augusto e Maria das Mercês Raquel, ambos nascidos em Teresina.
Nos momentos
de lazer, além de curtir a presença e carinho dos netos Filipe, Henrique e
Sofia, Fabiano gostava de viajar a países produtores de bons vinhos, como na
foto acima, tirada ao lado da Torre de Belém, em Lisboa, Portugal. Também deixa
para trás os encontros semanais com amigos no café e na bodega próximos à sua
casa. O corpo do advogado foi cremado ontem.
Agatha
Gonzaga – Correio Braziliense
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