Senador Izalci Lucas (PSDB-DF)
O senhor defendeu,
como relator, que o Fundeb fosse voltado exclusivamente para as escolas
públicas. Por que isso era importante? Há
uma carência no Brasil ainda com relação a infraestrutura e valorização da rede
pública de ensino e dos professores. E não se faz educação apenas com
discurso. São necessários recursos, e estes têm que ser bem aplicados. O
Fundeb, agora, terá mais dinheiro para melhorar as escolas e promover a
meritocracia entre os professores, o que, obviamente, trará melhores
resultados, além do que, ajudarão alguns municípios mais carentes do interior
brasileiro. A exclusividade dos recursos para as escolas públicas é crucial
pelo que representa a melhoria do ensino básico para o futuro do país.
Houve demora na
avaliação do Fundeb e resistência do Governo Federal. A quem e a que
interessava não renovar o fundo? Infelizmente, a
educação só é prioridade no discurso. Toda vez que se fala em recurso há uma
resistência, seja do Ministério da Economia, seja dos governantes de plantão.
Infelizmente, ainda não chegamos a um governo que entenda a educação como
prioridade real do país.
A educação é uma das suas pautas principais. Quais devem ser os
maiores desafios para a área em 2021? O grande desafio para a
educação em 2021, evidentemente, é a aplicação agora desses recursos do Fundeb.
E que a gente possa acompanhar as suas aplicações com muita transparência. E
que possamos cada vez mais valorizar os bons exemplos que existem em alguns
municípios, Espero que melhoremos cada vez mais a educação pública de base, que
é um desafio, por tratar-se do mais valioso instrumento de igualdade e
oportunidade para o Brasil que queremos.
Como o senhor avalia a condução do presidente Jair Bolsonaro da
crise causada pela pandemia? Lamento muito a forma como está sendo
conduzida esta questão da pandemia. Em primeiro lugar, eu penso que um assunto
muito sério, como este do coronavírus nunca poderia ser tratado com politicagem
e nem usado como disputa eleitoreira.
Trata-se de uma situação muito séria e deveríamos estar todos unidos,
trabalhando em conjunto, União, Estados e Municípios, até porque nós temos um
belo sistema de imunização nacional. Mas isto não ocorre lamentavelmente,
chegando às raias da irresponsabilidade esta politização da crise. Pior,
estamos com um movimento anti-vacina, o que é muito ruim para o país, para as
pessoas. Então esta campanha irresponsável de anti-vacina, no caso do
coronavírus, não poderia ser encorajada pelo governo.
E no DF? Lamento muito também a forma como o
governador Ibaneis tem conduzido esse processo da pandemia no DF. Não há
transparência nenhuma. A gente sequer tem notícia do destino do dinheiro das
emendas parlamentares e recursos extraordinários que nós parlamentares da
bancada federal transferimos para cá. Nós mobilizamos mais de R$ 1 bilhão para
o GDF e não há notícia de aplicação correta desses recursos.. Nós fizemos a
Comissão Parlamentar da Covid no DF, constatamos a falta de medicamentos, falta
de atenção aos pacientes, utilização indevida dos recursos, hospitais de
campanha subutilizados, entre outras coisas. Estados com menos recursos e uma
estrutura de atendimento à população bem inferior a nossa, estão se saindo bem
melhores do que o GDF na administração da pandemia.
O senhor pretende disputar as eleições de 2022 para
o Palácio do Buriti? Já começou as articulações nesse sentido? Desde quando entrei na política,
minha primeira eleição em 2002, entendi que o Poder Executivo, o
governador, é quem pode resolver os problemas e promover ações diretas em favor
da população. Eu venho trabalhando há muitos anos, como deputado distrital,
deputado federal, secretário de Estado e, agora, como senador, em defesa dos
interesses de Brasília e da nossa gente. Quero ver um DF como referência
nacional e até internacional, principalmente na qualidade de vida das pessoas,
em seus principais pilares: saúde, segurança, educação e desenvolvimento
social, o que, infelizmente não está acontecendo. Há muitos anos que Brasília não
tem sido feliz na escolha dos seus governantes. Temos falta de governo,
planejamento e gestão totalmente improvisados e aí estão nossos jovens sem
perspectivas, pais e mães de família desempregados, pessoas abandonadas e
outros descasos. Mas, esse não é o momento para tratarmos desse assunto, ainda
é cedo, precisamos aguardar 2022. O governador Ibaneis foi quem antecipou
isso. Lamentavelmente, ele já me trata como adversário.
Alexandre de Paula – Coluna “Eixo Capital” – Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press – .Correio Braziliense.