Insumos garantidos
para vacinação. À frente da pasta de Saúde no DF, o secretário
Osnei Okumoto concedeu entrevista ao CB.Poder ontem. Durante o programa, ele
detalhou o plano de imunização contra a covid-19 na capital federal e garantiu
haver todos os itens necessários para aplicação das doses da CoronaVac
Com as 106 mil doses da vacina chinesa
CoronaVac que chegaram ao Distrito Federal na segunda-feira, a previsão é de
que 51 mil pessoas recebam uma primeira dose do imunizante na capital do país.
A aplicação ocorre em 15 hospitais da rede pública de saúde e vai durar de
cinco a 14 dias. Ontem, em entrevista ao jornalista Carlos Alexandre de Souza,
no programa CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília —, o secretário de
Saúde do DF, Osnei Okumoto, detalhou o início desse processo.
O chefe da pasta confirmou que há
estoque dos insumos necessários para garantir atendimento à população e alertou
para a necessidade de manter as medidas de segurança sanitária mesmo após a
vacinação. “Hoje, temos 2,5 milhões de seringas agulhadas disponíveis em nossos
depósitos para serem usadas, e estamos comprando mais 2,5 milhões. Chegaremos a
5 milhões de seringas até o fim de março. Estamos muito tranquilos quanto a
esses insumos”, ressaltou Osnei. “Mesmo agora, as pessoas imunizadas devem
continuar usando máscara, obedecendo ao distanciamento social e higienizando as
mãos com sabão, água e álcool em gel”, completou o secretário.
Hoje (ontem), tivemos uma enfermeira vacinada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), referência no tratamento da covid-19. E, em relação aos auxiliares administrativos, como isso tem sido planejado? Todos os profissionais envolvidos diretamente no combate à pandemia estão nesta primeira etapa para serem imunizados. Quando o paciente procura ajuda no âmbito hospitalar, naquele momento, começamos a detectar quem são as pessoas que correm o risco de adquirir o novo coronavírus. Essas pessoas deverão ser imunizadas, porque o risco é muito maior quando elas estão na linha de frente do combate à pandemia.
No caso da enfermeira, o critério foi
exatamente esse, não é? Sim. Ela trabalha no box de emergência
do pronto-socorro. Ali, ela está diretamente em contato (com pacientes com a
covid-19). Além dela, uma técnica de enfermagem, uma médica, uma
fisioterapeuta, o agente de segurança que fica na entrada do atendimento desses
pacientes e a auxiliar que faz a limpeza e desinfecção dos box de emergência do
pronto-socorro e da UTI (unidade de terapia intensiva) foram imunizados.
Ou seja, todo o círculo
de profissionais que estão envolvidos no tratamento de um paciente
com covid-19... Sim. Todo o fluxo que tem esse paciente dentro de
nossa unidade hospitalar e as pessoas que estão em contato direto com esse
paciente terão de ser imunizadas, para que tenhamos total segurança e que esses
profissionais não entrem em atestado médico, mas continuem saudáveis, atendendo
a população, que é o que mais queremos.
"Temos de
alertar que as pessoas precisam obedecer as regras de higiene, para que não
tenhamos mais transmissão da doença, mesmo no período de imunização. Porque, se
a pessoa tomou a vacina, ela ainda corre risco de contrair o vírus."
Como será a vacinação
da segunda dose para esses profissionais? Como recebemos 106
mil doses, vacinaremos 51 mil pessoas com a primeira. As outras (doses) ficarão
resguardadas, para que possamos (posteriormente) fazer a imunização com a
segunda. Ela é o que vai dar, realmente, o êxito da vacinação para esses
servidores.
O Distrito Federal recebeu as
vacinas na segunda, mas por que só começar a aplicação na
terça-feira? Nossa equipe teve todo um cuidado de fiscalizar e observar a temperatura
de transporte quando essas vacinas chegaram aqui no DF. Depois, fizemos a
climatização dessas vacinas, para que elas atingissem de 2°C a 8°C, dentro de
nossa câmara fria ou dos nossos refrigeradores de vacina. Posteriormente,
havendo essa climatização, poderíamos disponibilizar para a população, mas isso
só aconteceria às 20h. Então, preferimos (fazer) a distribuição correta de
todas as vacinas para nossas 15 unidades (de saúde selecionadas) e iniciar a
vacinação com todos no mesmo horário, às 10h (de ontem).
Em relação às seringas, como está
a situação do DF? Hoje, temos 2,5 milhões de seringas agulhadas
disponíveis em nossos depósitos para serem usadas, e estamos comprando mais 2,5
milhões. Chegaremos a 5 milhões de seringas até o fim de março. Estamos muito
tranquilos quanto a esses insumos. (Em relação a) toda a outra parte necessária
para a vacinação, estamos bem tranquilos. Digo isso porque, no total, temos 169
salas de vacinação aqui no DF. Quando fazemos a vacinação contra a gripe, por
exemplo, as 169 funcionam ao mesmo tempo. Então, mediante a quantidade de
vacinas que chegarão, ativaremos as salas nas UBSs (unidades básicas de saúde),
para que possamos vacinar todo mundo de maneira igual.
O que a Secretaria de Saúde tem a
dizer em relação à ordem de vacinação? Qual é a previsão para as pessoas
serem vacinadas? Tenho o conhecimento, como servidor público de
carreira da Saúde, de que o Programa Nacional de Imunização (PNI) é um sucesso
no mundo. O Brasil tem o maior atendimento de vacinação mundial. Fui secretário
de Vigilância em Saúde até 2018, (no Ministério da Saúde) onde está o PNI, e
sempre foi um sucesso fazer a vacinação no Brasil. Até aquele período,
comprávamos R$ 5 bilhões em vacinas. São 19 vacinas aplicadas pelo sistema
público de saúde brasileiro. É o maior sucesso que existe no mundo. Temos
capacidade e uma expertise muito grande para atender a população com muita
tranquilidade e segurança. Dessa forma, (para) tudo o que se tornar necessário
nos estados e municípios, esses dois entes federativos (federal e regionais)
fazem muito bem. Quando há necessidade de o Ministério da Saúde intervir na
questão do uso dos insumos, ele o faz.
Como está o cenário da doença no
Distrito Federal? Estamos finalizando nosso inquérito epidemiológico
e verificando, semanalmente, qual é o índice de transmissão que temos. Na
penúltima semana, estávamos com 0,89 (na taxa) de transmissão. O ideal é abaixo
de 1. Com 0,89, estávamos em um momento tranquilo. Depois, na sexta-feira,
saímos com 0,84. Então, tivemos diminuição na transmissão dos casos. Isso é
muito importante para que possamos monitorar e observar as medidas necessárias.
Outro item importante que observamos foi a média móvel de mortes. Ela se mantém
constante, em estabilidade. Estamos (com indicadores) em torno de oito ou nove
pacientes (que morrem) por dia. Mas o que temos de observar é a idade e quais
são as comorbidades dessas pessoas que foram a óbito. Notamos que a faixa
etária acima de 60 anos tem grande quantidade de pessoas que morrem. E todas
elas têm comorbidades. Muitas vezes, observamos que elas estavam se
resguardando, mas se contaminaram porque alguém da família saiu, adquiriu o
vírus e o trouxe para casa. Esses cuidados têm de ser muito bem observados. Por
isso que, mesmo agora, as pessoas imunizadas devem continuar usando máscara,
obedecendo ao distanciamento social e higienizando as mãos com sabão, água e
álcool em gel.
Manter as medidas de precaução é
mais uma barreira para conter o avanço do vírus? Sim. Temos de alertar
que as pessoas precisam obedecer as regras de higiene, para que não tenhamos
mais transmissão da doença, mesmo no período de imunização. Porque, se a pessoa
tomou a vacina, ela ainda corre risco de contrair o vírus. É preciso uma
segunda dose para que a imunização seja mais efetiva. Devemos manter todos os
cuidados necessários e protocolos de higiene — para não termos transmissão da
doença, mesmo com a vacinação —, além de trabalhar essa imunização em etapas —
o que deve ocorrer em decorrência da quantidade de vacinas que chegam ao DF —,
para que possamos iniciar atividades como as aulas.
Tira-dúvidas: O que você precisa
saber sobre a vacinação contra a covid-19 » Público-alvo
Nesta primeira fase, serão vacinados
apenas os profissionais que atuam na linha de frente contra a covid-19, idosos
e pessoas com alguma deficiência que estão em instituições de longa
permanência, bem como cuidadores que atuam nessas instituições e indígenas. A
Secretaria de Saúde ressalta que qualquer pessoa que esteja fora desses grupos
deve aguardar as próximas etapas.
Tenho mais de 75 anos, entro nessa fase
de vacinação? Não. Inicialmente, maiores de 75 anos estavam no
grupo prioritário para receber a vacina contra a covid-19 na primeira fase. No
entanto, pelo número reduzido de doses disponibilizadas neste momento, esse
grupo passou a integrar a segunda etapa. Portanto, idosos com mais de 75 anos
não devem procurar postos de saúde nem hospitais para receber a vacina.
Quais profissionais da saúde serão
imunizados? Entre os profissionais listados pela Secretaria de Saúde estão: médicos,
enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas que atuam nas unidades de
terapia intensiva (UTIs) para tratar pacientes com o novo coronavírus. Os
trabalhadores administrativos responsáveis pela ficha de atendimento dos
pacientes também serão contemplados, assim como vigilantes e profissionais de
limpeza de hospitais e das unidades básicas de saúde (UBSs). Além deles, há os
profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), as equipes do
Corpo de Bombeiros Militar que fazem o atendimento pré-hospitalar e os
servidores da atenção primária que atendem pacientes com sintomas
respiratórios.
Estou entre os grupos prioritários,
como devo proceder? Se trabalha em unidade hospitalar
pública, procure informações no local onde atua. A vacina será aplicada no dia
de folga do profissional. Quem é da rede particular deve procurar o hospital
mais próximo de casa. Haverá controle de quem foi vacinado, com ficha cadastral
atrelada ao CPF, além da entrega de comprovante de aplicação da primeira dose.
É de extrema importância guardar o documento, para garantir a aplicação da
segunda dose da vacina do mesmo fabricante.
Já tive covid-19, posso tomar a
vacina? Sim. O secretário-adjunto de Assistência à Saúde, Alexandre Garcia,
afirmou, durante coletiva de imprensa, que quem teve a doença deve ser vacinado
também. Especialistas e infectologistas recomendam tomar a vacina no mínimo 30
dias após o diagnóstico positivo para a covid-19. O reforço na imunização visa
garantir que a pessoa não tenha caso de reinfecção na forma grave. Com a
vacina, a resposta imunológica é mais duradoura.
Jéssica Cardoso*~~*Estagiária sob supervisão de Jéssica Eufrásio - Fotos: Minervino Júnior/CB/D.A.Press - Correio Braziliense.