A governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP),
criticou a proposta de criação de uma Guarda Nacional para proteger os prédios
públicos federais de Brasília. Ela afirmou que a Polícia Militar “dá conta” de
gerir a segurança da Praça dos Três Poderes.
“Não concordamos com essa criação da guarda. É mais uma força de
segurança para ser administrada aqui pelo governo do Distrito Federal, mesmo
que seja em parceria com o governo federal”, declarou, no Palácio do Planalto,
onde participou de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
e outros 26 governadores.
Celina Leão enfatizou que “nossa Polícia Militar dá conta, sim”. “O que
faltou no dia 8, realmente, foi um comando. A Polícia Militar nunca faltou em
todas as manifestações que tiveram aqui. Então, não concordamos com essa
criação dessa guarda”, reiterou. “Acho que um reforço do batalhão, que nós já
providenciamos, e a construção do novo batalhão vão resolver definitivamente
esse problema”, acrescentou.
Questionada sobre o relatório do interventor federal, Ricardo Cappelli,
que apontou falta de planejamento das forças policiais, reforçou ter havido um
“apagão” na segurança local. “Eu sempre falei sobre isso. Houve um apagão na
área principal da segurança pública aqui do Distrito Federal”, frisou.
Ela disse não crer na interferência da Guarda Nacional na segurança do
DF e destacou que a Polícia Militar tem expertise para lidar com atos
violentos. “Não acredito numa interferência, mas, sim, em mais um comando,
porque, no momento principal de qualquer problema que tivermos, a Polícia
Militar vai ter de ser acionada. Estamos falando de 15 mil homens. Temos aqui
polícias especializadas”, argumentou. “A criação da guarda nacional precisa ser
discutida com os políticos, com os senadores, deputados federais aqui do
Distrito Federal”, ressaltou.
A ideia de um novo efetivo voltado à segurança da Esplanada faz parte do “Pacote da Democracia”, um conjunto de medidas legislativas elaborado pelo Ministério da Justiça e entregue a Lula. O presidente dará a palavra final antes do envio ao Congresso.
De acordo com a governadora em exercício, o assunto sobre federalização
da segurança pública do DF não foi abordado, porém ela enfatizou ser contra.
“Não aconteceu esse debate, mas tenho defendido que a federalização não é o
caminho. O caminho é sempre ter uma segurança pública institucional, como
acontece hoje. O erro foi de comando, não de ação”, reiterou.
Prioridades do DF: Sobre as demandas locais levadas a Lula, Celina
citou o Hospital Metropolitano do Distrito Federal, que deverá ser edificado na
região sul de Goiás; a construção de uma ferrovia e a questão do transporte
coletivo interurbano.
“É uma prioridade do governo de Goiás e do governo do Distrito Federal
ampliar. Até porque, você não pode pagar transporte interestadual entre
Valparaíso, Gama e, aqui, o Distrito Federal, não tem sentido isso. Então, há
uma necessidade, sim, da fusão dos dois estados nesse entendimento”, apontou.
Conforme a governadora em exercício, outra demanda é “a criação de um
arco viário aqui para tirar esse trânsito enorme que tem hoje dentro da cidade,
de caminhões que danificam o nosso asfalto”.
Ela também comentou a respeito
da reunião. “O presidente não respondeu especificamente sobre todas as
demandas, até porque os governadores apresentaram as demandas, ele escutou
todas, e o ministro (Alexandre) Padilha está recebendo oficialmente”, contou, a
respeito do titular das pasta das Relações Institucionais.