(Jornalista Carlos Chagas)
É de mestre-escola o comportamento do Lula diante de Dilma, na medida em que permanece avançando palpites variados sobre funções que não exerce mais
Enquanto fica calado a respeito de sua candidatura a presidente da República em 2014, o Lula continua dando lições sobre como governar e que rumos o país deve adotar em política externa e em muitos setores da política interna. Além de confirmar o início de viagens por todo território nacional, certamente que não para caçar borboletas. Em vez dele, seus ex-ministros Paulo Okamoto, Paulo Vanuchi e Luís Dulci acabam de declarar, ainda que sem muita ênfase, que o ex-presidente apóia a reeleição de Dilma Rousseff.
Pode ser, mas não deixa de se registrar no palácio do Planalto um certo receio de o antecessor atropelar a sucessora. É de mestre-escola o comportamento do Lula diante de Dilma, na medida em que permanece avançando palpites variados sobre funções que não exerce mais.
No fundo situam-se algumas variáveis. Primeiro, de que setores consideráveis do PT estimulam a volta do ex-presidente nas próximas eleições, frustrados que estão por Dilma não ter dividido o poder com eles, em condomínio. Depois, porque em dois anos a popularidade da presidente pode cair, caso a economia não se recupere. As forças que dão respaldo ao governo também poderão surpreender, exigindo mais espaços. Sempre em aberto estarão os inusitados.
Por tudo isso, o Lula mantém aberta a janela de sua candidatura, mobilizando seu "ministério das sombras" para dizer o que ele não diz. Está previsto para sexta-feira, em São Paulo, mais um encontro entre o criador e a criatura.