Declaração do prefeito de Aracajú (SE), o democrata João Alves; reaviva a especulação de uma aproximação entre PSB e PSDB visando as eleições presidenciais de 2014; o democrata também afirma que o DEM foi “traído” pelo ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab e pelo ex-presidente nacional do partido, Jorge Bornhausen (SC), que fundaram o PSD, em 2011; Alves também ironiza o PSDB ao afirmar que os tucanos integram uma legenda que faz “oposição móvel”.
PE247 – “O sonho dourado da oposição seria um entendimento entre os dois (Aécio e Campos)”. A declaração é do prefeito de Aracajú (SE), o democrata João Alves. De acordo com o gestor, os que os oposicionistas mais gostariam de ver seria uma chapa formada entre o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) nas próximas eleições presidenciais, em 2014. O democrata também desabafou e disse que o DEM foi “traído” pelo ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab e pelo ex-presidente nacional do partido, Jorge Bornhausen (SC), que fundaram o PSD, em 2011. Além disso, ironizou os tucanos afirmando que eles integram uma legenda que faz “oposição móvel”.
O que está por trás do posicionamento de João Alves é a relativa proximidade do governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, com o PSDB. No entanto, a formação de uma chapa com ambos os partidos está muito distante de se concretizar. De todo modo, o democrata não escondeu a vontade da oposição em ter socialistas e tucanos do mesmo lado, em entrevista ao Jornal do Commercio. “Estou falando como candidato de oposição. Agora eu não tenho nenhuma autoridade para dizer que Eduardo vai ser de oposição. Acredito que ambos têm um grande potencial. O sonho dourado da oposição seria um entendimento entre os dois. Esse é o sonho dourado e eu tenho o privilégio de ser amigo dos dois”, afirmou.
O fato é que o governador Eduardo Campos, por mais que tenha se aproximado do PSDB, defendendo a tese de que não se pode deixar levar pela rivalidade política, mas sim reconhecer os feitos da oposição (leia-se o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso) e vice-versa, poderá marchar junto com o PT em 2014. Isso porque, apesar de o país estar passando por dificuldades na economia, o baixo desemprego e uma taxa Selic de 7,25% - a mais baixa da história do Comitê de Política Monetária - mais a redução nas contas de luz (18% para o consumidor e 32% para as indústrias) serão determinantes para manter a popularidade de Dilma Rousseff (PT) superior a 70%, o que a coloca em uma posição extremamente confortável para disputar a reeleição.
De qualquer maneira, João Alves avalia que, assim como Eduardo Campos, o senador Aécio Neves também tem grandes chances de se sair bem na disputa pela presidência, mesmo com uma atuação “apagada” no Congresso Nacional. ”Eu acho que esses são os dois nomes que realmente têm potencial”, declarou.
Em relação ao DEM, o prefeito criticou os antigos democratas. Se, por um lado, a “traição” é o mote que uma ala do PT usa contra Eduardo Campos após o governador ter lançado candidatura própria nas últimas eleições e ter vencido em cidades e capitais importantes onde o Partido dos Trabalhadores tinha candidato, por outro, agora foi a vez de João Alves afirmar que os democratas foram traídos. Traição esta que teria sido feita não por partidos aliados e sim por integrantes da própria legenda, quando o então prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e o ex-senador Jorge Bornhausen (SC), fundaram o PSD em 2011, partido que hoje tem a terceira maior bancada da Câmara Federal e, ao término das últimas eleições, passou a governar 497 municípios em 2013, representando 6,25% dos eleitores, ou seja, 11,84 milhões de brasileiros.
“Nós fomos feridos duramente com a traição que nós recebemos, inclusive pelo presidente do partido à época, que foi o Jorge Bornhausen. Ele se juntou com o (Gilberto) Kassab e criaram o PSD a partir, basicamente, do Democratas”, declarou. O gestor elogiou atuação do atual presidente nacional do DEM, o senador José Agripino Maia (RN), na tentativa de reerguer o partido no plano nacional, cuja meta é fazer com que a legenda tenha 40 parlamentares no Congresso Nacional até 2014 em vez dos 27 atuais.
Segundo João Alves, o dirigente recebeu uma procuração dos integrantes do diretório da sigla para discutir o futuro do DEM, em uma reunião que ocorreu há três semanas na Bahia. O prefeito justificou a necessidade de ter ido o encontro e ironizou o PSDB: “O Democratas é o único partido hoje do País, junto do PSOL, que são oposição mesmo. O PSDB é oposição, mas é uma oposição, digamos assim, móvel (risos). Então o DEM decidiu nesse sentido. Nós estamos abertos para fazer composição, estamos livres para discutir”, declarou.