Como não poderia deixar de ser, antecipação da corrida presidencial de 2014 precipitou também o debate eleitoral no DF. Num ano em que a disputa naturalmente já é mais acirrada pela diminuição do número de vagas majoritárias, estará em disputa desta vez apenas uma vaga para o Senado - as forças políticas mexem-se com desenvoltura nos bastidores. E as trocas de pontapés são mais intensas entre os grupos do mesmo partido ou das mesmas alianças do que entre os adversários. O governador Agnelo Queiroz empenha-se para ampliar ao máximo a aliança em torno de seu projeto de reeleição. O retorno de Agnelo para mais quatro anos seria a opção natural, mas ele enfrenta resistências mesmo dentro do PT.
Na semana passada, a deputada Erika Kokay (PT) chegou a postar em uma rede social na internet um comentário contrário à decisão pela reeleição de Agnelo sem uma discussão interna: "É um desrespeito com a militância do PT o fato de dirigentes do partido já darem como certa a candidatura à reeleição de Agnelo. O que o partido tem de mais valioso é a militância, que deve discutir e deliberar sobre o nosso candidato”, escreveu. No fim de semana, durante convenção nacional, o PMDB deixou claro que não aceita sequer discutir qualquer solução que implique ceder em 2014 o cargo de vice para facilitar a composição de aliança. Se Agnelo quiser contar com o apoio do PMDB, Tadeu Filippelli terá de continuar sendo o vice.
SENADO (vaga de senador apenas está disponível nas eleições de 2014)
Depois que o PSB e o PDT romperam com o governo, Gim tornou-se o único senador que apoia Agnelo (PTB).
A briga passa ainda pela definição sobre quem será o candidato a senador na aliança, uma vez que haverá apenas uma vaga na disputa. Agnelo, com o apoio da direção nacional do PT, planeja entregar essa vaga a um partido aliado, alijando as pretensões dos próprios petistas. O mais provável é o apoio à candidatura do senador Gim Argelo.
Os deputados petistas Chico Leite (distrital) e Geraldo Magela (federal) querem também a vaga. Chico Leite adianta que levará a sua pretensão até o final. “Sou candidato a senador e disputarei a vaga na convenção do partido”, disse. Pivô da briga, Gim Argelo evita o debate. “Ainda não é o momento. Ainda vão surgir muitos candidatos a governador e a senador no caminho”, afirmou
O Quadro para 2014 no DF
1- Governistas: embora sofra resistência de parcelas do PT, a candidatura de Agnelo à reeleição é mais do que provável. Deve ser mantida a aliança com o PMDB tendo Tadeu Filippelli como vice.
2- Oposição: vários nomes já declararam a pretensão de sair como candidatos ao GDF, como Izalci Lucas, Alberto Fraga e Eliana Pedrosa. Na prática, não há nada definido.
3- Terceira via: Rodrigo Rollemberg tenta costurar uma aliança com o PDT, o PSOL e a Rede Sustentabilidade.
Oposição desorganizada (Rollemberg seria a principal preocupação do governador)
A sorte maior de Agnelo, comenta um deputado do PT, é que a oposição encontra-se desorganizada, sem ainda ter definido quem poderá ser o nome a enfrentá-lo. Alguns
candidatos colocam a sua pretensão, especialmente o deputado federal Izalci Lucas (PSDB), o ex-deputado Alberto Fraga (DEM) e a distrital Eliana Pedrosa (PSD).
A dificuldade de Eliana é que Agnelo pode se aproveitar do fato de o PSD estar prestes a se aliar nacionalmente ao governo Dilma. Agnelo tem conversado com o ex-governador Rogério Rosso, um dos nomes do PSD, para fechar aliança. Um possível apoio, no entanto, gerará dissidências no PSD, podendo fazer com que as distritais Celina Leão e Liliane Roriz deixem a sigla. A maior dificuldade poderia vir da tentativa do senador Rodrigo Rollemberg de montar aliança com o PDT do senador Cristovam Buarque, o PSOL e a Rede, de Marina Silva.
Marina dá seu pitaco
No PDT, Cristovam sofre pressões da militância para ser ele o candidato, coisa que, pessoalmente, ele não deseja. O deputado Reguffe também sonha com o GDF. Marina teria mais facilidade em apoiar Reguffe do que Rollemberg, porque o senador participou da construção do Código Florestal, do qual Marina discorda. Ela chegou a discutir a hipótese de uma chapa Reguffe/Chico Leite e os dois tiveram conversas preliminares para passar a integrar a REDE.
(Rudolfo Lago)