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"BRASÍLIA/COPA- AUMENTO NOS PREÇOS ESPANTA OS TURISTAS"


Para especialistas, os preços dos serviços continuarão aumentando. O que já era considerado caro, pode ficar ainda piorFoto: Mary LealPara especialistas, os preços dos serviços continuarão aumentando. O que já era considerado caro, pode ficar ainda pior

KAMILLA FARIAS-NATALIA RABELO Redação Jornal da Comunidade

Com a proximidade de megaeventos como a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, as cidades- sede já sentem um peso maior no bolso. Os preços de diversos serviços aumentam consideravelmente e quem não é turista vai sofrer com os valores



O Brasil está vivendo um momento de inflação. Alimentos, bebidas e outros serviços apresentam valores bem acima dos usuais. Na quinta-feira, Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, afirmou que o país terá uma “inflação de base” entre 5% e 6%, maior do que a meta prevista pelo Banco Central de 4,5%. Diante de tais números, alguns críticos sugerem que o acontecimento é resultado da bolha da Copa, ou seja, o aumento dos preços acontece devido aos grandes eventos que serão sediados aqui: Copa das Confederações e a Copa do Mundo de 2014. Já é possível sentir no bolso os gastos com hospedagem e alimentação. E em Brasília não é diferente.

Na capital federal, que vai receber apenas a partida de abertura da Copa das Confederações, alguns proprietários anunciam seus imóveis com diárias que giram em torno de R$ 1,5 mil. Na internet é possível encontrar anúncios de casas com dois quartos, mobiliada e com TV a cabo por 15 dias no valor de R$ 20 mil. A venda e o aluguel de imóveis nas regiões sofreram aumento significativo na procura e, principalmente, nos preços.

Mas os exageros não são exclusividades da capital do país, cidades como o Rio de Janeiro, por exemplo, se tornaram bem mais caras de serem visitadas. Já São Paulo é tida como a cidade mais cara do mundo para se comer fora. Vale lembrar que o Rio de Janeiro sediou o sorteio das chaves eliminatórias em um evento que reuniu mais de 200 países. Ao se tornar uma das cidades mais conhecidas do mundo teve seus preços disparados.

Tendência é de mais aumento
A tendência é de que os preços continuem aumentando. E o que já é considerado caro pelo consumidor pode ficar ainda pior. Para o especialista em finanças públicas, Roberto Bocaccio, o Brasil peca por aumentar os custos de serviços básicos quando se está perto de algum evento. Ele afirma que o turista, ao se ver obrigado a pagar valores absurdos, perde a vontade de retornar. “Quando o dólar cai muitos turistas buscam o Brasil. Mas percebem que estão sendo explorados e voltam a frequentar países com preços mais justos”.

O fato é que esse aumento irá prejudicar, e muito, Brasília. No primeiro momento a cidade terá fluxo de caixa. Mas os eventos esportivos não deixarão legado. O lucro será momentâneo. E a cidade, que poderia aproveitar para explorar o turismo, terá seu potencial diminuído: “Ao invés de as pessoas virem aqui pela primeira vez, virão pela última”, considera. “É preciso acabar com essa mentalidade de tirar tudo o que for possível dos turistas”, acredita. Além disso os próprios habitantes da cidade pagarão pelo aumento.

Outro problema apontado é que as cidades-sede se preocupam em pensar em alternativas para a Copa, mas poucas delas visam o futuro. “Esses aumentos deviam ser pensados com objetivo de transformar Brasília em uma cidade atrativa turisticamente e não para lucrar somente nesse período. Era o momento de facilitar as condições, oferecer pacotes, divulgar possibilidades para que as pessoas venham e tenham vontade de voltar”.

Transporte individual é caro

Outro problema e ainda pior é com a frota de táxi do Distrito Federal, que não consegue atender à demanda da população e tem o preço bastante elevado. Em Brasília, há um transporte individual para 755 moradores, o valor da bandeira é de R$ 3,30 e a categoria ainda pede aumento de 24%. Se a situação já está complicada para quem não é turista, imagina como será o atendimento aos milhares de visitantes que chegarão à capital federal.

Pensando em melhorar o sistema, a Câmara Legislativa debateu o projeto de lei nº 1.315/2012, que modifica o sistema de concessão do serviço de táxi na cidade, com o atendimento de reivindicações da categoria. A previsão é que cerca de 600 novos táxis possam entrar no sistema, que hoje conta com cerca de 3,4 mil veículos. “É importante que o trabalho seja cada vez mais valorizado para que Brasília ofereça um atendimento melhor aos usuários, como os visitantes que virão para a Copa do Mundo”, disse o deputado Aylton Gomes, defendendo que as mudanças sejam definidas com urgência.
Brasília ainda oferece um serviço de transporte individual caro e precárioFoto: DivulgaçãoBrasília ainda oferece um serviço de transporte individual caro e precário

O debate também abordou a inclusão de novas tecnologias, implantação de pontes de táxis e concessão temporária para atendimento da demanda na Copa do Mundo. O projeto visa também mudar o sistema de permissão de uso para o de autorização.

Segundo legislação vigente, a permissão de serviço público é o contrato administrativo por meio do qual o poder público (permitente) transfere a um particular (permissionário) a execução de certo serviço público nas condições estabelecidas em normas de direito público, inclusive quanto à fixação do valor das tarifas. Já a autorização, trata-se de ato administrativo precário, unilateral, discricionário e que tem como função consentir com o uso de um bem público ou viabilizar a prática de uma atividade por um particular, caso em que é chamada de autorização de serviço público. Por ser ato discricionário, não gera direito subjetivo e por ser precário, pode ser revogado a qualquer tempo sem direito a indenização.

Reajuste
O Sindicato dos Permissionários de Táxi ( Sinpetaxi) reivindica reajuste de 24% no valor da tarifa da corrida no DF. De acordo com a presidente do sindicato, Maria do Bonfim, a bandeirada no DF, no valor de R$ 3,30, não é reajustada há 15 anos. “A capital do país precisa oferecer um serviço de qualidade para a população. Vamos receber a abertura da Copa das Confederações e sete jogos da Copa do Mundo e precisamos estar preparados para atender aos turistas que visitarão nossa cidade”, disse. No entanto, os usuários não concordam, pois o serviços é caro e de má qualidade.

Preços
De acordo com pesquisa inédita encomendada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 66% dos empresários do Distrito Federal não vêm se preparando para receber a Copa das Confederações. Porém, 85% apostam em vendas superiores a 30%. Nacionalmente, a preocupação é um pouco menor, 59% dos comerciantes brasileiros ainda não se atentaram para o evento.

O estudo foi realizado junto a varejistas e prestadores de serviços das seis cidades-sede da Copa das Confederações e revela percepções do empreendedor brasileiro sobre o nível de capacitação do próprio setor, a qualidade da infraestrutura do país para receber o evento e as expectativas sobre o perfil do consumidor estrangeiro.

A pesquisa mostra que os motivos mais citados entre os comerciantes que não vêm se preparando para o evento são a carência de apoio governamental (28%), ausência de capital para investimento (25%) e falta de retorno para o negócio (13%). Nacionalmente, esse dados são diferentes, 13%, 14% e 27%, respectivamente. 

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