O clima promete esquentar hoje na Câmara Legislativa. Às 10h, a Comissão Especial da Copa do Mundo recebe o secretário do Comitê da Copa, Cláudio Monteiro. Ele foi convocado, segundo o presidente da comissão, deputado Olair Francisco, para dar “explicações sobre os acontecimentos relativos ao Estádio Mané Garrincha”. Além das questões referentes à segurança e ao trânsito, Monteiro será questionado sobre o valor de R$ 1,6 bilhão gasto com a obra, segundo levantamento do Tribunal de Contas do DF, e sobre negociações que envolveram a renda recorde do jogo entre Santos e Flamengo, que chegou a R$ 6,9 milhões, e o GDF só ficou com R$ 4 mil, referente a uma taxa administrativa.
“É com a CBF”
Na tentativa de complementar a resposta, o assessor Betinho afirmou que eles não têm participação na negociação. “A federação não tem o que explicar sobre essa situação. Não fizemos negociação nenhuma com empresa alguma”.
Questionado sobre o porquê de o presidente da entidade não se manifestar, o assessor disse: “Não é com ele. É que nem você pedir pro governador falar sobre a Dilma. Falem com a CBF. A federação daqui não tem nada a ver com isso”.
Valor do aluguel é questionado
Quem também cobra explicações é a deputada distrital Liliane Roriz, que protocolou ontem mais um pedido de requerimento para que o GDF preste esclarecimentos sobre o aluguel do Estádio Mané Garrincha no jogo Santos e Flamengo, e como será o procedimento nos próximos eventos. A peça foi lida em plenário e agora depende de votação dos distritais para ser aprovada.
“Incoerente”
"A população precisa saber porque alugaram por apenas R$ 4 mil. E ele vai ser alugado sempre por este preço?", questionou. Segundo a deputada, a receita do estádio é importante para garantir recursos para a manuntenção e operação da arena. "É incoerente manter esse preço. Se ficar assim, vão alugá-lo para casamentos. Nenhuma casa de festas cobra tão barato. Se fosse para isso, valia mais a pena ter construído uma casa de festas mesmo", diz.
Para a parlamentar, uma vez que está construído, o estádio tornou-se patrimônio da cidade: “E, portanto, precisa ser resguardado em todos os sentidos. Indo desde prevenção se pichações até a segurança da população que vai visitá-lo.”
Venda dos ingressos
A deputada distrital Eliana Pedrosa (PSD), que integra a Comissão Especial da Copa do Mundo na Câmara Legislativa do DF, levanta ainda a suspeita a respeito da venda dos ingressos do jogo entre Santos e Flamengo. De acordo com ela, o problema seria que não foi solicitada a permissão prévia para a venda dos bilhetes, a chamada AIDF, que define a quantidade de ingressos a serem vendidos e, logo, o imposto a ser pago. “Não tenho informações sobre esse pedido de autorização”, disse a parlamentar.
Na avaliação da distrital, sem a transparência desse dado, fica a dúvida se a empresa Ingresso Rápido, que ficou responsável pela venda dos ingressos normais, teria ou não pagado os impostos do evento.
No site do Ministério da Fazenda, estão descritos os detalhes da necessidade da autorização prévia. Basicamente, é com o documento que se calcula o imposto a ser pago Sobre Serviços (ISS), que é calculado com base na estimativa, independentemente da quantidade de ingressos solicitada na AIDF.
Outra denúncia que ainda não foi esclarecida diz respeito a uma segunda empresa de venda de ingresso ter sido contratada para cuidar somente dos bilhetes VIPs, dos camarotes.
Borderô, novamente
Procurada pela reportagem, do Jornal de Brasília, a Golden Goal apenas respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa, “que é empresa líder no mercado brasileiro de hospitalidade corporativa em estádios e por esta razão foi contratada pelos organizadores da partida para realizar a comercialização e operação dos camarotes na partida entre Santos e Flamengo, no domingo. As condições comerciais e quantidades vendidas estão disponíveis no borderô do jogo”.
Também procurada pela reportagem, a Secretaria de Fazenda do DF não se pronunciou a respeito da denúncia.
Destino da arrecadação
O presidente regional do DEM, Alberto Fraga, também criticou a postura do GDF com relação à transparência com a organização do jogo. “O dinheiro arrecadado sumiu. Para Brasília, sobraram só R$ 4 mil. O governo precisa dar essa explicação: para onde foi a verba?”, indagou. A promessa, continuou o ex-deputado, é de que o dinheiro dos grandes eventos produzidos no Estádio Nacional seria revertido para pagar a grande dívida que do Estado com a obra. “Contudo, isso não deve acontecer”, salientou.
O ex-deputado destaca, ainda, que “na tentativa de cobrir o rombo com a grandiosa obra, hoje a Terracap está abrindo mão de 235.405 metros quadrados de terras públicas urbanas em local valorizado, vendendo-as e fazendo receita para quitar a dívida. Este mesmo dinheiro poderia ser bem empregado na Saúde, Educação e Segurança da Capital Federal. Estamos vendendo Brasília para pagar uma dívida do governo”, disparou.
MANUTENÇÃO
O ex-parlamentar fez ainda uma conta de quanto deve ser investido mensalmente na arena em manutenção. De acordo com seus cálculos, seriam precisam R$ 6 milhões por mês para manter o local seguro e limpo. “Por ano, vamos gastar R$ 75 milhões no estádio. Esta dívida que o governo assumiu não vai ser paga tão cedo. Parece balela toda essa história de legado”, apontou.
Versão oficial
Procurada, a Secopa-DF esclareceu a questão das contratações, incluindo a licitação para as empresas que cuidam das lanchonetes do estádio, e o destino da verba com a seguinte resposta: “A Secretaria Extraordinária da Copa informa que o serviço prestado durante os dois eventos-testes foi contratado pela Federação Brasiliense de Futebol, responsável pela operação das duas partidas”.
Rede deixou torcedores na mão
As operadoras de telefonia móvel não conseguiram passar pelo primeiro teste de qualidade do sinal, no Mané Garrincha. As teles ainda não concluíram a instalação das antenas que fazem o reforço do sinal para uso dos torcedores. Com a sobrecarga na rede, durante a partida, diversos usuários relataram não conseguir completar as ligações ou acessar a internet em diferentes pontos do estádio.
Segundo o Sinditelebrasil, o prazo era curto para que todas as instalações necessárias para o funcionamento da infraestrutura de suporte fossem realizadas. O problema foi tão grande que o governo precisou intermediar uma solução.
De acordo com Carlos Duprat, diretor do SindiTelebrasil, o problema de Brasília, hoje, é o mesmo dos demais cinco estádios que receberão a Copa das Confederações a partir de junho: prazo apertado para instalação dos equipamentos. "Desde o início vínhamos defendendo que precisávamos de 120 dias para fazer a instalação, mas as obras dos estádios atrasaram e a negociação (entre teles e estádios, para aluguel de espaço e instalação de equipamentos) também demorou", disse.
DRONES
E enquanto diversos outros ajustes são feitos, ontem a Força Aérea anunciou que utilizará drones – veículos aéreos não tripulados – para monitorar o Mané Garrincha, na abertura da Copa das Confederações, e o Maracanã, na final. As aeronaves voarão sobre e ao redor das estruturas.
Além de câmeras, os drones possuem radares e sensores para radiografar a área e seguir o movimento de pessoas e veículos. As aeronaves são coordenadas a partir de uma base, onde os pilotos recebem os dados e imagens.
Fonte: Da redação do clicabrasilia.com.br