Contrariando o que o governo defendeu fielmente nos últimos meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, não deu trégua e acumulou alta de 0,55% em abril – em março, o indicador avançou 0,47% -, de acordo com dados divulgados na manhã desta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, o IPCA acumula alta de 6,49% em 12 meses até abril, abaixo do preocupante resultado de março, quando o indicador estourou o teto da meta do BC (6,5%) ao registrar aumento de 6,59%. Em abril do ano passado, o indicador registrou alta de 0,64% e no acumulado do ano, 2,5%.
A tese do Banco Central (BC) e da equipe econômica do governo era que a inflação desaceleraria a partir do segundo trimestre. Em abril, essa aposta não deu certo. Aliás, o governo fica na torcida e vai colhendo dissabores – como a inflação do tomate. Ao invés de contribuírem para colocar a economia brasileira na direção correta, as palavras ao vento servem para abastecer o perigoso mercado da especulação, que só traz insegurança para o país. A equipe econômica ignorou em suas declarações a prévia da inflação de abril, medida pelo IPCA-15, também publicada pelo IBGE, que já alertava para o risco de nova alta. O indicador acelerou de 0,49% em março para 0,51% em abril, antecipando uma nova derrabada do discurso oficial.
Agora, a expectativa se volta para os comentários do governo a respeito do indicador. O mercado quer saber se a cautela prometida na ata da sua última reunião, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) subiu para 7,5% a taxa Selic, pode ser revista. No documento a instituição sinalizou que agiria com cautela na escalada de juros, ponderando que o cenário internacional continua desfavorável.
As recentes projeções para a inflação deste ano dos economistas ouvidos para o relatório semanal Focus, do BC, indicam que o mercado financeiro acredita que as diversas medidas que o governo vem tomando, como desonerações fiscais, desconto no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e estímulo à eficiência empresarial, devem conter a fúria do dragão da inflação. Mas, o que muitos questionam é que o pouco caso do governo com um IPCA próximo ao teto da meta. Para o economista-chefe da Gradual Corretora, André Perfeito,é importante que o governo aja para atacar a inflação individualmente. “Quando você sobe a Selic, consequentemente também interfere no câmbio e, assim, na sua balança comercial. O governo deve continuar a subir os juros até 8%, mas precisa agir com outros instrumentos, como controle de crédito”, afirma.
Em sua última ata, o BC já sinalizou que “considera oportunas iniciativas no sentido de moderar concessões de subsídios por intermédio de operações de crédito”, ou seja, deixa seu recado para que especialmente os bancos públicos – Caixa e Banco do Brasil – diminuam sua oferta de crédito para ajudar a frear a inflação. A próxima reunião do Copom acontece em 28 e 29 de maio. Informações da Veja.