*Celson Bianchi
As manifestações que explodiram em todo o país na antevéspera da abertura da Copa das Confederações, que a pretexto da sua realização gerou um imobilismo que permitiu todo o tipo de desmando e irregularidades em nome da festa, comandados por políticos e funcionários públicos espertalhões, empresários e empresas inescrupulosas, conivência de parte da mídia e autoridades de fiscalização e controle sufocadas e inibidas em nome da realização do evento, não pode se transformar em um processo vazio sem resultados concretos, ou em resultados que não enfrentem a essência dos problemas que vivemos.
A voz retumbante das ruas não autoriza ao governante ou autoridade de plantão, seja de que partido ou poder público for, a nos tratar como idiotas ao achar que o simples recuo no aumento da passagem de ônibus vai inibir a onda de insatisfação generalizada. Queremos mais e as autoridades podem mais, muito mais.
Como primeiro passo, devem olhar para dentro de seus governos e para dentro das estruturas de poder do Estado que comandam, em seus três níveis, federal, estadual e municipal e descobrirão, facilmente, a safadeza que tomou conta do país e que medidas paliativas não vão enfrentar o ponto central do problema.
Gastos excessivos com má prestação de serviços, obras suntuosas cheias de aditivos indevidos, negócios fraudulentos para desviar recursos públicos, compras superfaturadas de produtos sem qualidade e serviços mal feitos, desvio de recursos com sobre preços incabíveis, servidores, civis e militares, que simplesmente não trabalham e com a maior cara de pau culpam a estrutura ruim do serviço público, mas recebem o salário integral no final do mês, sejam eles comissionados, efetivos ou terceirizados, pagamentos de retroativos exorbitantes de salários e benefícios como vale refeição e diárias como vem ocorrendo no judiciário e no ministério público, boquinhas de empregos e cargos para parentes e militantes partidários, mesada na liberação de pagamento de contratos, gastos excessivos com publicidade que ninguém sabe ao certo o quanto são pagos através de agências que assim escondem os grandes veículos de comunicação e ao mesmo tempo servem para fazer caixa 2 pessoal e eleitoral. Tudo isto, durante anos e nas nossas barbas.
A tentativa de esvaziar o movimento com medidas paliativas e certa ajuda daqueles que buscam atos de vandalismo como instrumento de indignação para uns e oportunismo para outros não será suficiente para interromper este tsunami de insatisfações. Vai ganhar aquele governante ou autoridade que em primeiro lugar olhar para dentro e ao redor da estrutura de poder que comanda e decidir com firmeza dar um basta em todos estes desmandos.
Para dentro ao chamar seus auxiliares e dar um grito de chega neste mar de lama que tomou conta do poder público e parte do privado e resolver transformar em atitudes concretas o seu governo e o seu poder como forma de reverberar a caixa de ressonância que o povo está a fazer ecoar.
Não será o oportunismo de alguns e a leniência de outros que extirpará a indignação que toma conta, dia a dia, do mais silencioso dos brasileiros. Pronunciamentos que não apresentem respostas concretas para o que o brasileiro vivencia no dia a dia vendo o dinheiro dos seus impostos sendo jogado na vala da corrupção, vão servir apenas para aumentar a indignação.
Numa hora como esta somente uma atitude vale à pena ter… vergonha, para reconhecer o muito que nos fizeram e nos fazem mal e corrigir daqui pra frente os inúmeros erros que persistem em perpetuar às custas do nosso dinheiro, que é público mas não é para, nem de vocês.
*Celson Bianchi -A Voz da Verdade.é jornalista e responsável pela Coluna “Nos Bastidores da Política.