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Oposição é muito pequena

[credito=Foto: Mary Leal]

Para a deputada Celina Leão (PDT), falta uma oposição maior dentro da Câmara Legislativa e que ficar do outro lado é para quem tem coragem. Sobre as eleições de 2014, a parlamentar acredita em uma grande renovação no cenário político do DF


Por: Juliana Lopes

Em entrevista ao Jornal da Comunidade, a deputada Celina Leão (PDT) faz uma análise sobre o trabalho da Câmara Legislativa e destacou que a oposição é muito pequena, o que atrapalha na fiscalização do Executivo. Para ela, é preciso ter coragem para ficar do lado contrário do governo e contou, inclusive, que já sofreu arapongagem, foi vítima de dossiê apócrifo e ameaçada de morte após ser eleita. Na visão de Celina, o atual governador Agnelo Queiroz terá dificuldades em 2014 e haverá uma grande renovação política na capital federal.

Por que a Sra. mudou de partido?
Eu acho que partido significa estar em um grupo que tem um projeto para uma cidade, uma nação. Não consegui visualizar isso dentro do PSD, ninguém sabia com nitidez qual o projeto do partido, se era da base ou não. Então a mudança foi nesse sentido, por conta disso.

Qual a sua expectativa no novo partido?
A expectativa é que a gente tenha um candidato a governador, que tenha coragem de mudar essa cidade e fazer com que os recursos públicos cheguem à população; que os equipamentos sociais alcancem as pessoas que precisam; que o Estado gaste com eficiência e eficácia e que mude um pouco a forma como a política vem sendo conduzida. Quero ajudar e contribuir em uma transformação social da nossa cidade.

Como a Sra. avalia o PDT, seu atual partido?
O projeto do PDT tem como principais bandeiras a educação, saúde e trabalho. E isso vai de acordo com o que eu defendo aqui na CLDF. O PDT é um bom partido, temos grandes referências históricas. A educação é uma de nossas prioridades, em tempo integral, de qualidade, com cultura e lazer dentro das escolas. Eu estou superfeliz e a expectativa é construir algo melhor do que já existe hoje.

Qual a sua opinião sobre o trabalho que está sendo realizado dentro da Casa? 

Eu acho que a oposição é muito pequena. Nós nunca tivemos um governo com tantas denúncias e má gestão, além da ineficácia da Câmara Legislativa. Em todos os outros governos conseguiram instalar uma CPI na Câmara, que é um dos maiores instrumentos de investigações que nós temos. Tivemos várias questões debatidas sobre o estádio, a saúde, o transporte, mas não conseguimos instalar essas CPIs. Em termos de trabalho de oposição, o governo tem a maioria e com muita folga, então isso atrapalha até a democracia, isso é ruim para a população. Não é fácil ser oposição, tem que ter muita coragem pra isso. Eu acho que a Casa deveria cuidar mais dos projetos dos parlamentares que do Executivo. Acho que a Câmara deveria dar uma prioridade maior para os projetos dos deputados, que são tão importantes quanto os do Executivo. O que é positivo nesses três anos é a valorização das comissões temáticas, agora é obrigatório passar os projetos pelas comissões, para depois ter a discussão em plenário e isso é muito positivo. Às vezes, o governo manda um projeto com prazo apertado para votar e acha que nós estamos a serviço do Executivo, mas essa concepção deve mudar. Precisamos ter uma independência maior.

A Sra. acredita que a LUOS e o PPCUB serão votados ainda este ano?
Se eu fosse a maioria, com certeza não seria votado agora nenhum dos dois projetos. O PPCUB eu acho muito complicado, porque temos até parlamentares da base do governador Agnelo que são contrários a ele. É um projeto que conseguiu ser quase que unanimemente rejeitado por todos os parlamentares, porque ele mexe com o coração de Brasília, depende de aprovações do Iphan, do Ministério Público. Então, o PPCUB está praticamente consolidado de a gente não votar este ano. A minha preocupação ainda é com a LUOS. O que a gente percebe quando chega as cidades é que a população tem uma falsa expectativa de que a aprovação da LUOS vai resolver todo o problema de regularização do Distrito Federal. Isso não é verdade, porque está vindo para regularizar áreas que já são regularizadas. Nós estamos mexendo apenas na questão de gabarito, de altura, se o lote pode ser comercial ou residencial. A expectativa de regularizar áreas que ainda não são regularizadas é falsa. As reivindicações feitas pela população são apenas 20% ao que se refere à LUOS, o resto são reivindicações sociais. O que eu percebo quando chegamos a cidade é que não foi discutida com a população.

Como está o relacionamento do GDF com a Câmara Legislativa?
Eu acho que o relacionamento é ruim, porque o diálogo é sempre de última hora. Acho até que é de propósito. Você não faz um acompanhamento do que poderia ser feito, sempre os projetos chegam de última hora pra gente votar correndo porque se não alguém vai ser prejudicado. Isso é horrível, acho que falta na relação do governo com a CLDF uma afinidade maior, uma resposta, uma perspectiva maior. Acontece de fazermos audiências públicas e não ter nenhum representante do governo, isso até com os próprios deputados da base. Outra coisa é que a gente leva um tema para plenário, mas não temos resposta do governo. Falta interlocução de qualidade com os parlamentares.

A oposição, mesmo sendo pequena, está unida?
Eu acho que a oposição está unida. Somos três mulheres na Câmara, cada uma com um perfil diferente, o que deve ser respeitado. Somos pessoas diferentes, com posturas diferentes, mas o que nos unifica é a oposição. 

Como a Sra. avalia o seu trabalho dentro da Casa?
Tenho um trabalho muito forte de fiscalização do Executivo. Mexemos com diversos interesses fiscalizando um poder que tem um orçamento de R$ 32 bilhões. Tudo isso mexe com grupos políticos, econômicos, então é um trabalho bem pesado. Eu já sofri muita coisa, eu tive araponga, já fui ameaçada de morte, já fui vítima de dossiê apócrifo. Então, eu acho que é para quem tem coragem de verdade. Além disso, recebemos denúncias nos nossos e-mails, sem contar o trabalho legislativo, acho que hoje sou a deputada com mais audiências públicas marcadas. É super-importante discutir os temas de relevância com a sociedade. Ainda tenho o gabinete itinerante, que lancei no primeiro ano de mandato, para que a população possa fazer suas queixas para nós. São diversas ações que temos. Tenho uma grande produção de leis, a função representativa e a função fiscalizadora. Tento preencher isso da melhor maneira para que a população tenha a visão que ela pode contar comigo.

Qual a sua expectativa pessoal para as eleições de 2014?

Sou candidata à deputada distrital novamente e estou animada. Quero consolidar o trabalho que venho fazendo aqui dentro. Se eu tiver o reconhecimento da população que eu tive um bom trabalho eu estou feliz, independentemente de ganhar as eleições ou não. Cabe à população julgar e a mim reconhecer isso. Ganhar ou perder faz parte do processo político, estou preparada para tudo, se eu ganhar ou perder.

O que o eleitor do DF busca em um candidato?

Duas coisas: ética e gestão, ou seja, alguém que faça as coisas. Ninguém quer um político só honesto, isso é pré-requisito para a vida política. Além disso, é preciso ser ético e fazer alguma coisa pela população.

Como a Sra. avalia os pré-candidatos ao governo do DF?

Eu acho que desses pré-candidatos têm muitos que não serão candidatos, até por conta da Justiça eleitoral. Mas os grupos políticos criarão alternativas, a política não vive de vácuo. As pesquisas vão falar com o tempo. É natural que agora a gente tenha tantos candidatos, mas com o tempo, na minha visão, só teremos no máximo cinco candidatos.

A Sra. acha que a disputa pelo Buriti será polarizada?

Eu acho que teremos três ou quatro fortes candidatos. Mas vale ressaltar que uma eleição contra o Agnelo, mesmo ele tendo rejeição, não é uma disputa fácil, porque ele está com a máquina nas mãos. Seria muita inocência alguém dizer que já ganhou. É uma eleição dura, porque tem muito dinheiro envolvido, vai ter muita gente que vai investir pesado na campanha do Agnelo. Acredito que um novo governador será eleito, mas temos que ter pé no chão e não dizer que fulano já ganhou, o Agnelo é muito forte, então será uma eleição dura, não será fácil pra ninguém, mas acho que a população está despertando e quer mudanças.

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