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Templos católicos do Distrito Federal faturam R$ 2 milhões

Capital do país tem 132 paróquias, entre as quais há muitas desigualdades. As menores arrecadações estão na Fercal e na Estrutural. A ausência de gestão profissional e a tentação de quem lida com os recursos facilitam desvios.
Por: Diego Amorim - Correio Braziliense - 26/01

"O católico não foi acostumado a pagar dízimo, mas estamos tentando mudar isso", afirma Sérgio Henrique Cardoso, pároco.
No meio da missa, enquanto o padre consagra o pão e o vinho no altar, a comunidade que lota o templo põe a mão no bolso, embalada por músicas liturgicamente pensadas para aquele momento. É a hora do ofertório, do despojamento. Na igreja primitiva, os fiéis ofereciam roupas e comidas para serem repartidas entre os mais pobres. Hoje, colocam-se moedas e cédulas nas cestinhas, como gesto de entrega, de agradecimento e de apoio às atividades da paróquia.

Cada igreja católica tem autonomia para administrar seus recursos, segundo o Código de Direito Canônico, o conjunto de normas que rege o catolicismo em todo o mundo. Em tese, um conselho formado por leigos — e voluntários — deve ajudar os padres a gerir os bens, o que nem sempre dá certo. Por mais bizarro que pareça, não é raro sacerdotes sentirem falta do dinheiro da coleta. “É complicado, porque é dinheiro vivo, solto”, observa o padre de uma das paróquias mais ricas de Brasília.

Somente na capital do país, em média, cada um dos 132 templos católicos arrecada, por mês, cerca de R$ 15 mil com ofertas e dízimos, totalizando quase R$ 2 milhões. Em áreas pobres, como a Fercal e a Estrutural, o montante mensal não passa de R$ 6 mil, insuficiente para bancar as despesas e ainda construir a casa dos padres. Em lugares mais nobres, como nos lagos Norte e Sul, onde existe toda uma estrutura paroquial consolidada, a arrecadação mensal chega a R$ 70 mil.

Como ponto fora da curva, uma igreja de Taguatinga busca sustentar uma receita mensal na casa dos três dígitos. Nas periferias, embora o volume de ofertas seja bem inferior, um número maior de fiéis contribui, e com mais frequência. “A classe média está endividada e só doa o que sobra do orçamento. O pobre dá o que lhe é parte”, compara um frade conventual, lembrando a passagem bíblica em que uma viúva pobre entrega as duas únicas moedas de cobre que tinha e recebe os elogios de Jesus.


Mão estendida
Algumas arquidioceses, como a de Brasília, tentam incentivar que comunidades mais abastadas estendam a mão às menos favorecidas, como ocorre a nível mundial. Em tese, cada paróquia precisa depositar, em média, 10% da receita do mês no caixa da Igreja local. Negociar o aumento desse índice não é fácil. É por isso que se estimulam, sobretudo em localidades mais pobres, a pastoral do dízimo e as campanhas envolvendo almoços e festas como alternativas para melhorar a saúde financeira da igreja.

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