Ataques a prédios, arrastões e assaltos são alguns dos episódios recentes que amedrontam moradores. Comunidade cobra providências.
POR : ALMIRO MARCOS RODOLFO COSTA CAMILA COSTA - CORREIO BRAZILIENSE - 10/02
Roubos e furtos têm tirado o sono e mudado hábitos dos moradores do Plano Piloto. A área nobre, vizinha do centro do poder, cercada de câmeras de segurança e com uma das rendas mais altas do país, sofre com os constantes ataques de criminosos, que agem a qualquer hora. Roubo à luz do dia e prédios invadidos na Asa Sul são os mais recentes episódios que amedrontam ainda mais a população. A situação é tão tensa na região que levou o Conselho Comunitário da Asa Sul a cobrar providências do poder público, pedindo mais policiamento, iluminação pública e ações para tentar afastar usuários de drogas das quadras (leia reportagem ao lado).
Por volta das 11h de ontem, um servidor público, teve o smartphone roubado, na 205 Sul, onde mora. Ele brincava com a filha de 4 anos no parquinho do bloco quando foi abordado por um assaltante armado e bem vestido. Uma mulher também foi atacada no mesmo lugar e no mesmo horário. “Não é a questão do objeto que foi levado. Mas é essa sensação ruim de que ninguém mais está imune à violência. Será que não posso mais ter a tranquilidade de sair com minha filha para brincar? O pior é que não sou o único a relatar coisa parecida”, desabafa o servidor. Assim que ele postou em uma rede social o assalto sofrido na 205 Sul, três pessoas relataram casos de violência recentes no Plano.
Os criminosos chegaram e arrombaram o bicicletário, que fica no térreo
Ainda nas redes sociais, houve denúncia de dois assaltos no Parque da Cidade e de um ataque a um estudante de cursinho no Setor de Indústrias Gráficas (SIG). Ambos os episódios ocorridos ontem. A Polícia Civil se recusou a passar informações relacionadas às ocorrências.
Ousadia
Na madrugada da última quinta-feira, em um intervalo de 50 minutos, oito bicicletas foram furtadas em dois prédios da 207 e 208 Sul. Em um deles, a ação foi filmada e pode ajudar a polícia a prender os suspeitos. Quatro homens arrombaram a garagem do Bloco G da 207 Sul. Eles entraram no subsolo e levaram cinco bicicletas. Um dos suspeitos mantinha sempre a mão na cintura, como se estivesse armado. A vigilante Francisca Cavalcante, 41 anos, que trabalha no prédio desde 1994, diz que a situação é de insegurança. “De uns dois anos para cá, vem ocorrendo outros tipos de crimes na quadra, como roubos e sequestros”, assegura.
Por volta das 3h20 também de quinta, quatro homens atacaram o Bloco I da 208 Sul e levaram três bicicletas. Duas delas de um policial federal, que prefere não se identificar. Ele conta que os bandidos arrombaram o bicicletário, que fica no térreo do prédio, e praticaram o furto. Ao perceber um barulho, o vigilante que trabalha no bloco foi verificar do que tratava, e os bandidos o intimidaram. Ele teve de recuar.
O servidor público, de 40 anos, diz que uma das bicicletas levadas pelos criminosos custa em torno de R$ 3 mil. “Eles não se preocupam mais com câmeras. Como morador, o máximo que posso fazer é aconselhar os vizinhos, a minha babá, para que tomem mais cuidado ao andar mais na rua”, diz. O servidor comprou outra bicicleta, que agora fica guardada dentro do apartamento. A ação também foi filmada.
E os casos na área nobre não param por aí. Na quarta-feira, dois bandidos armados fizeram um arrastão na região do Cruzeiro Novo e Sudoeste e logo depois tentaram fugir. Eles foram interceptados no Setor Gráfico e um acabou baleado no braço. Na madrugada do último sábado, Marcelo Coelho Pastana, 18 anos, foi baleado e morreu em frente a uma casa de eventos no Setor de Clubes Sul, por volta das 4h. Outro homem foi atingido, mas não corre risco de morte. Em meio à violência, as associações de policiais militares negam que a corporação esteja fazendo operação tartaruga.
Portas fechadas
Levantamento da Associação Comercial do DF (ACDF) identificou que mais de 400 estabelecimentos encerraram as atividades entre 2012 e 2014. O principal motivo apontado foi a insegurança reinante na região. Os dados oficiais da Secretaria de Segurança Pública, no entanto, mostram que o roubo a comércio caiu 38% na Asa Norte e 59% na Asa Sul entre o início de 2013 e o início de 2014.
Memória: 2014 28 de fevereiro
Um aluno de 14 anos do Centro Educacional Caseb, na 909 Sul, foi atingido nas costas por um tiro dentro das dependências do colégio. O responsável pelo disparo, um jovem de 16 anos da mesma escola, acabou apreendido. Disse à polícia que havia sofrido uma ameaça de morte por parte da vítima, que sobreviveu ao ataque.
27 de fevereiro
Por volta das 5h, três bandidos detonaram explosivos em um caixa eletrônico instalado no posto de combustíveis da 409 Norte. O artefato, porém, não foi suficiente para estourar a máquina, e os ladrões fugiram sem levar nada. A ação durou dois minutos e foi filmada pelas câmeras de segurança do estabelecimento. A Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos (DRF) investiga a atuação de quadrilhas especializadas no crime.
3 de janeiro
O brigadeiro da Aeronáutica João Carlos Franco de Souza, 66 anos, foi atingido por um tiro ao estacionar o veículo, um Hyundai i30, em frente à garagem do prédio onde morava, na 112 Sul. O militar morreu no dia seguinte no Hospital de Base do DF. As imagens das câmeras de segurança da quadra e as de um posto de gasolina próximo mostram o Gol dos bandidos seguindo o carro da vítima desde a 411 Sul. O militar não teria percebido a aproximação de dois acusados e, ao acionar o portão da garagem, acabou surpreendido. A polícia prendeu três suspeitos. Entre eles, um adolescente de 16 anos.