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CLDF: NOBRE MISSÃO DESVIRTUADA PELOS DISTRITAIS

Quórum recorde, duas dezenas de projetos votados em hora e meia, proposições apreciadas em velocidade inédita, pauta esgotada. Essa foi, até aqui, a resposta mais contundente da Câmara Legislativa do Distrito Federal à mobilização social com o uso da hashtag #vaitrabalhardeputado. Contudo, atenção: contundente não é sinômino de exemplar. 

Por um lado, 20 dos 24 parlamentares estavam em plenário nesse dia ímpar, mais precisamente, anteontem. Não se pode, portanto, deixar de reconhecer o esforço. Mas, por outro lado, não faltou, por exemplo, quem estivesse alheio o suficiente para navegar pela internet e ver vídeos no celular enquanto as matérias eram votadas em processo simbólico, pelo qual apenas se manifestam os contrários. 

Não bastasse, alguns fizeram questão de usar a tribuna para protestar contra as cobranças da sociedade. Além disso, quantidade não é qualidade. Entre as proposições acolhidas, está a criação do Dia da Corrida do Fogo Simbólico da Pátria. Ou seja, a disposição para mexer no calendário ultrapassa as paredes da sede do Poder Legislativo local. 

Talvez falte ânimo (ou compreensão) é para valorizar a própria Casa. Justo nessa direção, não em sentido oposto, vai a campanha contra a inércia iniciada em reação à publicação, pelo Correio Braziliense, da decisão dos deputados distritais de oficializarem a gazeta, elegendo a terça-feira como único dia de votação em toda a semana. Logo eles, que, até o fim de março, haviam realizado apenas duas sessões deliberativas entre as 21 da atual legislatura ocorridas no período. 

É por entender a importância da Câmara Legislativa para o Distrito Federal — e para a democracia como um todo — que o Correio cobra o melhor dos deputados distritais. A instituição, cara à autonomia política da capital da República, não pode igualar-se ao que existe de pior entre assembleias e câmaras de vereadores país afora, sem falar dos maus exemplos do Congresso Nacional. Urge, pois, repô-la nos eixos. E o #vaitrabalhardeputado é incentivo primário nesse rumo, partindo-se do princípio de que exercer a função para a qual foram eleitos é o básico. 

Suas Excelências precisam imbuir-se de espírito republicano. Cabe a elas, isso sim, erguer a bandeira da hashtag. E ir além. A imagem da Casa não ruiu à toa. Há privilégios e gastos superflúos a serem cortados, graves problemas a enfrentar no DF, fiscalizações a proceder. 

Em vez de fugir do trabalho para sair em campanha pela reeleição, os deputados distritais devem é levar o trabalho para as ruas e as ruas para o trabalho, ouvir as aspirações da sociedade e reverberar os anseios em melhorias concretas para a vida do cidadão. Se não forem capazes de fazê-lo, que as urnas escolham substitutos à altura da nobre missão. 


Fonte: Visão, do Correio Braziliense - 10/04/14

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