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Aposentadoria: ‘Sai da minha vida’, diz Barbosa sobre o mensalão

NIVALDO SOUZA – Agência Estado

Brasília – Ao comentar seus planos de se aposentar em junho, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, disse nesta quinta-feira, 29, que o assunto “mensalão” está “completamente superado”. “Sai da minha vida a Ação Penal 470 (julgamento do mensalão) e espero que saia da de vocês (jornalistas). Chega deste assunto”, disse ele em entrevista.
No discurso em que anunciou sua intenção de se aposentar, na tribuna do Supremo, Barbosa afirmou que o mensalão “foi seu momento mais grandioso na Corte”.

Na entrevista concedida após o pronunciamento, com rara descontração, o ministro afirmou que a decisão de se aposentar teve como motivo “o livre arbítrio”. Barbosa também alegou que defende, desde sua sabatina no Senado, em 2003, quando foi aprovado como ministro do STF, o exercício de mandatos de 12 anos.

“Durante a minha sabatina eu disse que não seria contrário a uma mudança nas regras de nomeação para o Supremo, com a introdução de mandatos, desde que não fosse um mandato muito curto, porque é desestabilizador, nem extraordinariamente longo. Falei em um mandato em torno de 12 anos. Pois bem, completei 11 anos. Está bom, não é?”, comentou.

Barbosa defendeu a rotatividade dos membros do STF para que novas ideia ocupem o plenário da Corte Suprema. “A minha concepção da vida pública é pautada pelo princípio republicano. Acho que os cargos têm de ser ocupados por um determinado prazo e depois deve-se dar oportunidade a outras pessoas.”

Ele considerou ainda que a Corte viveu uma década intensa de atividades desde 2003, quando passou a julgar medidas que levaram a opinião pública a acompanhar o trabalho dos ministros. “Passei momentos muito importantes aqui no Supremo Tribunal Federal e acredito, com a máxima sinceridade, que ao longo desses anos, não em função da minha presença, houve uma grande sintonia entre o Supremo e o País”, avaliou.

A sintonia, segundo ele, se deveu à escolha de “causas” de impacto na sociedade. “O Supremo decidiu questões cruciais para a sociedade brasileira ao longo desse período, nem preciso citar quais foram essas causas. Causas que foram de um impacto inegável sobre a nossa sociedade, de maneira que me sinto muito honrado de ter participado desse momento tão rico, desses acontecimentos que tiveram lugar aqui no tribunal desde 2003 até hoje. Eu acredito e espero que eles continuem a ocorrer, porque o Brasil precisa disso.”

Apesar de considerar, para o futuro da Corte, uma perspectiva positiva, Barbosa disse que a partir de 2018 devem ocorrer mudanças de rumo no estilo de atuação do STF, quando parte do ministros deve completar 70 anos e, obrigatoriamente, deixar de compor o colegiado.

“O tribunal vem passando por mudanças e vai passar. Daqui até 2018, teremos inúmeras mudanças. Já começa a ser um tribunal diferente. Em 2018, sairá de cena o STF dos últimos oito, sete anos. Razão a mais para eu me antecipar e dar o lugar para outras pessoas, novas cabeças, novas visões do mundo, do Estado, da sociedade”, indicou.

Barbosa disse ter tomado a decisão de afastar-se em janeiro, durante férias de 22 dias em que esteve na Europa. “Eu amadureci essa decisão naqueles 22 dias que tirei em janeiro, em que estive na Grã-Bretanha e na França. Aquilo foi decisivo para a minha decisão”, contou.

O ministro listou ainda suas prioridades imediatas: ver a Copa, em Brasília, e descansar. “Eu preciso de descanso, inicialmente”, disse, após ser questionado se pretende iniciar um ciclo de palestras pelo País.

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