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BrasíliaDF: Memórias de uma época de glamour

Frequentadores da Academia de Tênis se lembram dos tempos em que o espaço recebia artistas, esportistas e políticos. Segundo a Casa Civil, 39 pendências precisam ser resolvidas pelos novos donos para que um empreendimento seja erguido.

Hoje, não há nem sinal do luxo dos restaurantes que receberam nomes internacionais no local.

Esquecida pelo tempo e marcada com sinais de abandono, a Academia de Tênis José Farani segue sem ser esquecida por esportistas, políticos, empresários, cinéfilos, músicos e amantes da cultura e gastronomia. Quarenta e dois anos depois de ser inaugurada, antigos frequentadores lembram, saudosos, a década de 1990, em que a Academia de Tênis fervia de gente da cidade e políticos do alto escalão do governo. Por três décadas, antes de cair em ruínas, o complexo abriu espaço para torneios internacionais do esporte, exibição de filmes e festivais musicais, em um dos endereços mais ricos de Brasília. O local histórico se tornou reduto, inclusive, de autoridades dos governos de Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

As quadras de tênis, símbolo maior da academia, também estão tomadas pelo mato alto.

Os 60 mil m² ocupados por piscina, quadra de tênis, cinema, restaurantes e apartamentos residenciais fizeram parte do requinte da capital. Um problema, no entanto, sempre pairou: a suspeita de que o empreendimento invadia área pública. Mesmo assim, a Academia de Tênis era reduto cult e frequentado por desportivas.


Atletas que utilizavam o espaço para treino ou durante competições relembram o movimento no local, de segunda-feira a domingo. Triatleta profissional por 23 anos, Leandro Macedo, 46, utilizava as piscinas para incrementar a natação. Também frequentava para corridas e musculação. Para ele, o espaço marcou a vida de esportistas do Distrito Federal. “Vim para Brasília com 6 anos e vivenciei o complexo, que era frequentado por muitos atletas de várias modalidades, não apenas o triatlo. Para os tenistas, o local é referência, inclusive porque foi palco de campeonatos importantes. Ver o lugar como está hoje traz uma sensação de estranheza”, define Leandro, que representou o Brasil nas Olimpíadas de Sidney (2000) e Atenas (2004).

"Vim para Brasília com 6 anos e vivenciei o complexo, que era frequentado por muitos atletas de várias modalidades, não apenas o triatlo. Ver o lugar como está hoje traz uma sensação de estranheza. Leandro Macedo, ex-triatleta.

Polo de cinema

Tenista há mais de três décadas, Marco Battaglini, 40, ia ao complexo com os pais desde criança. Quando pequeno, assistia aos jogos nas quadras do lado de fora. Depois, com mais idade, jogou a modalidade de forma profissional por lá. Battaglini, hoje, ensina o esporte como professor do Clube da Aeronáutica. “Vi crianças se formarem, professores ministrando aulas e alunos empolgados. O tênis tem muito a perder com a realidade em que o espaço se encontra hoje. O ambiente era sagrado e tinha uma história muito boa”, conta.
O polo de cinema que pegou fogo e destruiu três salas, em maio de 2010, também era um dos points mais frequentados do complexo. Alexandre Manzan, 40 anos, era companheiro de triatlo de Leandro Macedo, mas só utilizou o espaço para ir ao cinema. “Como circuito alternativo, lá era o melhor local. O estilo dos filmes era mais cult, não havia filas e a galera era mais interessante. A gente estacionava de forma fácil e o local era superagradável”, ressalta.

No universo dos empresários, a Academia de Tênis representava mais do que lucro. A presença de figuras importantes do cenário político, esportivo e cultural movimentava os restaurantes instalados à beira das piscinas. O Dom Francisco Restaurante funcionou no espaço por 19 anos. O proprietário e chef do estabelecimento, Francisco Ansiliero, destaca que os clientes do restaurante eram desde o presidente Fernando Henrique Cardoso até ministros do Supremo Tribunal Federal, deputados e senadores. “O restaurante era um point de muito bom astral. Fico com pena e chateado de ver o que sobrou. Aquele ambiente era festivo e os frequentadores estavam sempre alegres e descontraídos”, conta.
Ansiliero encerrou as atividades em 2011, depois de a Academia começar a sofrer com a falta de manutenção e cuidado. Segundo o chef, não havia mais condições de trabalhar por lá. “Não existia mais limpeza nem conservação. Faltava luz, água, energia e gás. É uma pena, pois o ambiente da academia era frequentado por jovens bonitos, homens e mulheres charmosos”, ressalta.


Pendências

A Casa Civil aguarda os ajustes em 39 pendências do projeto por parte dos empreendedores que compraram o espaço — a Attos Empreendimentos e o Grupo HC. Só depois de cumprir as exigências legais é que o órgão do GDF vai avaliar a liberação para reforma do espaço
Os empresários ainda precisam apresentar o Relatório de Impacto de Trânsito (RIT), o número de vagas para carros, os pontos de acessibilidade, além de comprovar a propriedade da área, entre outros ajustes.




Por: Isa Stacciarini - Correio Braziliense - 07/08/204   

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