Quem acredita no programa eleitoral deve ter ficado confuso. Falta coerência entre o quadro mostrado na telinha e o divulgado pelo MEC. A propaganda do governo exibe escolas modernas, laboratórios equipados, bibliotecas vivas, professores qualificados, material didático de vanguarda, estudantes motivados. O resultado do cenário cor-de-rosa só poderia ser um: alunos que aprendem.
A realidade, porém, conta outro enredo. Divulgados na sexta-feira, depois de inexplicada procrastinação, os números do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) descortinam panorama preocupante. O objetivo nacional no principal indicador de qualidade da educação no país só foi alcançado nos primeiros anos do nível fundamental.
Nos anos finais (5º ao 9º) e no ensino médio, revela-se o pior dos mundos: estacionamos ou andamos para trás. Em 2013, manteve-se a nota média do último exame (2011) — 3,7, numa escala de zero a 10. É o mais embaraçoso resultado de todos os tempos. Pela primeira vez, desde que o Ideb foi criado (2005), não se observam avanços. Não só: as redes públicas de 16 unidades da Federação registraram retrocesso.
A tragédia não se restringe ao ensino oferecido pelo Estado. Até há pouco, a escola particular funcionava como refúgio para quem podia pagar por melhor preparação dos filhos. Esse oásis, porém, dá sinais de exaustão. Embora esteja em situação melhor que a pública, o setor privado também teve desempenho negativo em 2013.
Fato inédito desde a instituição do índice, houve redução na média das escolas nos últimos anos do ensino fundamental e no médio. Mais: as redes privadas experimentaram melhora de 0,2 ponto, mas não bateram as metas fixadas para os primeiros anos do fundamental.
A má notícia preocupa, mas não surpreende. Só insanos ou quixotes podem esperar mudanças sem que tenha havido medidas aptas a promover transformações. O educador português José Pacheco sintetizou com lucidez a realidade que o Ideb acaba de retratar: “O Brasil possui a escola do século 19, o professor do século 20 e o aluno do século 21”.
São muitos os problemas que se acumulam ao longo dos anos. Entre eles, sobressaem currículos defasados, professores despreparados e gestão amadora. O diagnóstico não é novo. Mas o remédio, embora receitado por técnicos e especialistas, aguarda a aplicação governo após governo. Passadas as eleições, porém, cai no esquecimento a educação maravilha dos programas que invadem os lares embalados para presente. Com a demora, a doença avança. O Ideb não deixa dúvida.
Visão do Correio Braziliense - 09/09/2014
A realidade, porém, conta outro enredo. Divulgados na sexta-feira, depois de inexplicada procrastinação, os números do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) descortinam panorama preocupante. O objetivo nacional no principal indicador de qualidade da educação no país só foi alcançado nos primeiros anos do nível fundamental.
Nos anos finais (5º ao 9º) e no ensino médio, revela-se o pior dos mundos: estacionamos ou andamos para trás. Em 2013, manteve-se a nota média do último exame (2011) — 3,7, numa escala de zero a 10. É o mais embaraçoso resultado de todos os tempos. Pela primeira vez, desde que o Ideb foi criado (2005), não se observam avanços. Não só: as redes públicas de 16 unidades da Federação registraram retrocesso.
A tragédia não se restringe ao ensino oferecido pelo Estado. Até há pouco, a escola particular funcionava como refúgio para quem podia pagar por melhor preparação dos filhos. Esse oásis, porém, dá sinais de exaustão. Embora esteja em situação melhor que a pública, o setor privado também teve desempenho negativo em 2013.
Fato inédito desde a instituição do índice, houve redução na média das escolas nos últimos anos do ensino fundamental e no médio. Mais: as redes privadas experimentaram melhora de 0,2 ponto, mas não bateram as metas fixadas para os primeiros anos do fundamental.
A má notícia preocupa, mas não surpreende. Só insanos ou quixotes podem esperar mudanças sem que tenha havido medidas aptas a promover transformações. O educador português José Pacheco sintetizou com lucidez a realidade que o Ideb acaba de retratar: “O Brasil possui a escola do século 19, o professor do século 20 e o aluno do século 21”.
São muitos os problemas que se acumulam ao longo dos anos. Entre eles, sobressaem currículos defasados, professores despreparados e gestão amadora. O diagnóstico não é novo. Mas o remédio, embora receitado por técnicos e especialistas, aguarda a aplicação governo após governo. Passadas as eleições, porém, cai no esquecimento a educação maravilha dos programas que invadem os lares embalados para presente. Com a demora, a doença avança. O Ideb não deixa dúvida.
Visão do Correio Braziliense - 09/09/2014