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#CLDF: #TOMAVERGONHADEPUTADO » Blindagem é moeda para eleger presidente

As votações nos projetos que alteram o Código de Ética da Câmara estão entre as negociações para o comando da Casa. Começam a se formar as bancadas contra e a favor das propostas que garantem a impunidade de distritais

Por: Arthur Paganini - Correio Braziliense 
Publicação: 28/11/2014

Eleição para a presidência da Câmara Legislativa será realizada no primeiro dia de 2015, logo depois da posse dos novos distritais (Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)
Eleição para a presidência da Câmara Legislativa será realizada no primeiro dia de 2015, logo depois da posse dos novos distritais
A aprovação dos projetos que criam uma blindagem de deputados enrolados e impedem a abertura de processos de cassação parlamentar virou moeda de troca nas negociações para a presidência da Câmara Legislativa. Quem promete adesão às alterações do Código de Ética da Casa ganha pontos entre colegas que defendem a medida e votos na disputa para o comando da Casa nos próximos dois anos. Um dos cotados para o cargo, Joe Valle (PDT) recebeu a oferta de defender as iniciativas em troca do apoio à presidência e, por isso, acabou desistindo do pleito. Liliane Roriz (PRTB) também foi procurada com a oferta de assinar os projetos em troca de votos para garantir um lugar na Mesa Diretora.

Entre os contrários aos dois projetos de resolução, o deputado Chico Leite (PT) perdeu totalmente a chance de receber votos de colegas, como Cristiano Araújo (PTB), Wellington Luiz (PMDB) e Agaciel Maia (PTC), reeleitos para a próxima legislatura e defensores da ideia. A eleição para o comando da nova Mesa Diretora vai ocorrer no primeiro dia do próximo ano, à tarde. De manhã, os novos deputados assumirão o mandato e participarão da cerimônia de posse do governador eleito, Rodrigo Rollemberg (PSB). Falta pouco mais de um mês para a votação, mas os 12 distritais que vão permanecer na Casa estão engajados no assunto. Todos são candidatos a cargos na Mesa.
A Câmara deve satisfações à sociedade, e a melhor resposta que podemos dar é enterrar definitivamente esse assunto, para que não pairem ameaças à sociedade nem se abra espaço a barganhas políticas%u201D 

Professor Israel (PV), deputado distrital reeleito (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
A Câmara deve satisfações à sociedade, e a melhor resposta que podemos dar é enterrar definitivamente esse assunto, para que não pairem ameaças à sociedade nem se abra espaço a barganhas políticas Professor Israel (PV), deputado distrital reeleito

Aliado de Rollemberg, Joe Vale era um dos nomes fortes para a presidência, mas a postura anti-blindagem o colocou fora da disputa. “Fiquei decepcionado com a forma como a Casa se comportou. Acho que o próximo presidente deve promover a aproximação com o povo, deixando de lado questões pessoais, ao contrário do que vimos na última semana”, afirma Joe. Além de Joe e de Chico Leite, que já se colocaram como candidatos à presidência, Celina Leão (PDT) também perdeu pontos com colegas ao mudar de posição. A princípio, ela era favorável à blindagem e votou a favor de um dos projetos, em primeiro turno. Com a repercussão negativa, a distrital pediu para retirar a assinatura do pedido de tramitação. O mesmo ocorreu com Dr. Michel (PP), outro potencial candidato à presidência.
Apontado pelos colegas como articulador da proposta, Cristiano nega que seja favorável à imunidade (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Apontado pelos colegas como articulador da proposta, Cristiano nega que seja favorável à imunidade

Favorável aos projetos, Agaciel seria beneficiado com aprovação porque pode virar alvo de processo (Iano Andrade/CB/D.A Press)
Favorável aos projetos, Agaciel seria beneficiado com aprovação porque pode virar alvo de processo
Um dos projetos de resolução, o de número 81, estabelece que deputados envolvidos em irregularidades só poderão sofrer processo por quebra de decoro se já estiverem condenados em última instância, sem possibilidades de recorrer contra a decisão. O outro, de número 82, impede que cidadãos comuns e associações da sociedade civil deem entrada em representações contra deputados por quebra de decoro. Até mesmo entre os novatos, há defensores da imunidade. Apenas três dos 12 eleitos se posionaram contra: Raimundo Ribeiro (PSDB), Professor Reginaldo Veras (PDT) e Ricardo Vale (PT).

Bancada ética

Dessa forma, cria-se uma divisão na futura Câmara. A bancada contrária aos dois projetos pode construir um nome para a presidência. Para isso, no entanto, o candidato precisa agregar outros atributos, como apoio do próximo governador e baixa rejeição entre os colegas. Cresce, assim, o nome de Raimundo Ribeiro. O tucano apoiou Rollemberg no segundo turno das eleições e conta, ainda, com a discreta ajuda do ex-governador José Roberto Arruda (PR). Ribeiro é advogado da União aposentado e já foi eleito distrital em 2006.

Em aproximação com o governador eleito Rodrigo Rollemberg, ele não assume fazer qualquer campanha pela presidência, mas aceitaria o cargo se fosse escolhido em consenso. “As conversas sobre a presidência existem, mas são apenas especulações. Acho que, por enquanto, nós devemos nos perguntar sobre qual a Câmara que queremos para os próximos quatro anos e qual o nível de independência que ela terá em relação aos outros poderes”, afirma. A antiga relação com Arruda, no entanto, da mesma forma que ajuda, pode atrapalhar.
Outro nome que tem crescido no páreo é o de Dr. Michel, como um candidato independente em relação ao Executivo. Ele é incisivo em defender sua candidatura para assumir o cargo mais importante da Câmara. “Serei candidato apenas se for para fazer uma gestão compartilhada, sem barganhas, e buscando a melhor forma de gerir a Casa”, defende. 

Retirada de assinaturas

Foi por iniciativa conjunta de alguns deputados que, na noite de quarta-feira, o requerimento de retirada de pauta do PR 81 teve a redação feita. O presidente da Casa, Wasny de Roure (PT), Professor Israel (PV) e Cláudio Abrantes (PT) pediram a retirada de tramitação do projeto. Ontem, Chico Vigilante (PT) também endossou a ideia. “Depois do que aconteceu, a Câmara deve satisfações à sociedade, e a melhor resposta que podemos dar é enterrar definitivamente esse assunto para que não pairem ameaças à sociedade nem se abra espaço a barganhas políticas”, defende Professor Israel. Ele quer convencer outros distritais a seguir o mesmo caminho. “Erramos e devemos reparar o erro”, conclui. Celina Leão (PDT) e Dr. Michel (PP) também garantem que vão assinar o requerimento de sepultamento definitivo dos projetos.

Nos bastidores, deputados apontam que o movimento que mantém vivas as duas propostas é liderado por Cristiano, Olair Francisco, Agaciel Maia e Wellington Luiz. Segundo os parlamentares, eles são os defensores da ideia de manter em tramitação os dois projetos de resolução, embora nenhum deles assuma tal posição. “Não entendo como alguém pode me apontar como defensor disso. Não tenho interesse na aprovação da matéria e nem serei deputado em 2015. Acredito que quem está pedindo a retirada de tramitação está fazendo média”, diz Olair.

Por meio da assessoria de imprensa, Cristiano também refutou qualquer possibilidade de defender a retomada dos projetos polêmicos. “O deputado não tem interesse que a matéria siga adiante e também vai solicitar sua retirada de tramitação até que o novo governo assuma”, afirma sua assessoria. Wellington foi procurado pela reportagem, mas não atendeu aos telefonemas. Agaciel, em viagem, também não foi encontrado. Ele e Wellington são diretamente beneficiados com a possível blindagem. O primeiro foi condenado em outubro, em primeira instância, por comandar os atos secretos do Senado, quando era diretor-geral da Casa. Já o peemedebista, há uma semana, virou réu na Justiça de uma denúncia por peculato e fraude a licitação.

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