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A TEMPESTADE, O FURACÃO E O DILÚVIO

Carlos Chagas
Deve ter respirado aliviada a presidente Dilma Rousseff quando viu, ontem, no jornal O Estado de S. Paulo, a lista de políticos supostamente envolvidos no escândalo da Petrobras, conforme a delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa. Apesar de faltar a lista do doleiro Alberto Youssef, capaz de acrescentar outros nomes, Dilma fica mais ou menos livre para compor o novo ministério sem o risco de nomear alguns dos 28 acusados e precisar, depois, livrar-se deles, caso tornados réus.
Apesar dessa previsão, abre-se a hipótese da nomeação de um ou outro, como forma de a presidente demonstrar que acredita em seus veementes protestos e negativas, além de não ter sido aberto processo contra nenhum e, muito menos, haver condenação. Mesmo assim, melhor que os relacionados não alimentem esperanças de virar ou, mesmo, de indicar ministros.
Essa primeira lista é impressionante, dada a evidência de que Paulo Roberto Costa, se não tiver certeza e provas de sua delação, arrisca-se a voltar para a cadeia e lá ficar até a eternidade. Dos políticos, 7 são ou foram senadores, 11 deputados, 4 governadores e 3 ministros. Entre eles, 10 do PP, 8 do PMDB, 8 do PT, além de um do PSB e outro do PSDB. Dois morreram.
Os parlamentares reeleitos serão julgados pelo Supremo Tribunal Federal, caso denunciados pelo procurador-geral da República e se aceitas as denúncias pelo ministro-relator. O fórum para governadores é o Superior Tribunal de Justiça. Para os que não têm mandato eletivo, a justiça de primeira instância.
Não há como negar que a classe política, o Congresso e os partidos ficam muito mal. O governo também. Novidade propriamente não há na evidência de que a corrupção e os políticos relacionam-se faz muito, mas choca todo mundo conhecer os nomes relacionados, muitos até agora tidos como acima de qualquer suspeita. Por ironia, a divulgação segue-se à promessa da presidente Dilma de celebrar um pacto contra a corrupção, fazendo parte da lista alguns de seus ex-ministros.
Com relação ao Congresso, a inclusão dos ainda presidentes do Senado e da Câmara aumenta a falta de credibilidade na instituição. Quanto aos partidos, salta aos olhos a prevalência quase absoluta daqueles que formam a base parlamentar dos governos Lula e Dilma.
Em suma, e apesar dos desmentidos e das negativas, a conclusão é de que a tempestade vai virar furacão. Depois, quem sabe, o dilúvio. Marcada para fevereiro a apresentação das denúncias contra os políticos envolvidos no escândalo da Petrobras, o mínimo a esperar é o descrédito nas instituições políticas.

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