Na crise administrativa que assola o Distrito Federal, o governador Agnelo Queiroz precisou tirar dinheiro da combalida Terracap para quitar sua dívida com os servidores da Saúde e Educação. No afã de amenizar o caos, todos os trâmites legais foram jogados por terra.
Na segunda-feira 8, quando boa parte dos servidores do GDF cruzavam os braços, integrantes do alto escalão do Executivo raciocinavam para resolver o problema dos salários atrasados. A medida encontrada foi afundar ainda mais a estatal dona das terras públicas na capital da República.
Informado da saída encontrada, embora nada republicana, o governador Agnelo Queiroz deu o sinal verde. No mesmo dia, a Secretaria de Planejamento recebeu um ofício, de número 1147/2014, avisando da transferência de 86 milhões. O recurso seria para saldar a dívida com os professores e servidores da Saúde.
Para não ser barrado na burocracia, o processo, de número 111.002228/2014, foi feito diretamente entre a Diretoria Financeira da Terracap e o Banco de Brasília – BRB, responsável por colocar o dinheiro na conta dos servidores.
Agora, Agnelo Queiroz pode responder por dois atos graves e desabonadores no âmbito do serviço público: crime de responsabilidade e improbidade administrativa,.
Antes dessa operação com a Terracap, o Palácio do Buriti já ordenara o remanejamento de 84 milhões de reais de programas de combate e prevenção a doenças, como dengue e Aids, para pagar dívidas com fornecedores da Secretaria de Saúde.
A situação está tão crítica que o novo procurador Leonardo Bessa tem agendado um encontro no Tribunal de Contas do Distrito Federal para identificar a origem dos problemas financeiros. Desde segunda-feira, Brasília voltou a ser pauta negativa de toda a mídia local e nacional.
Procurado por Notibras, o diretor Financeiro da Terracap, Jorge Antônio Ferreira Braga, preferiu não se pronunciar. Não confirmou se houve o saque do dinheiro. Porém, questionado se poderia negar, ele disse que não o faria também.
A reportagem também tentou ouvir o secretário de Administração Pública, Wilmar Lacerda, para se posicionar sobre a denúncia. Ele não atendeu nem retornou as ligações.
Desde a construção do Estádio Nacional Mané Garrincha, que se suspeita tenha batido a cada de 1 bilhão 500 milhões de reais, a Terracap vem sofrendo com dificuldades financeiras. No início do ano, para sair do vermelho, a empresa instituiu o programa de renegociação de dívidas chamado de Facilita.
Alguns parlamentares se posicionaram contra. Quem mais gritou foi o gryupo do PDT no Congresso Nacional (senador Cristovam Buarque e deputado Antônio Reguffe) e na Câmara Legislativa, por meio da deputada distrital Celina Leão. Segundo eles, o programa não poderia ser implantado por força de uma regra legislativa.
Elton Santos – Colaborou José Seabra