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Ainda a Petrobras

Nos últimos meses, a maior estatal do país tem se mantido no centro do noticiário nacional e internacional. Os novos fatos que jorram a cada dia desse poço fundo ajudam a manter o suspense e a atenção de todos. 

A perplexidade aumenta à medida que a lama escura da corrupção desmedida começa a escorrer para a Praça dos Três Poderes, ameaçando invadir a sede do governo e do parlamento, arrastando consigo outras instituições do Estado. Aparentemente indiferente ao tsunami que se anuncia, o governo segue impávido. 

O fato é que, nos últimos 10 anos, a presidente Dilma esteve diuturnamente à frente do comando da estatal nos vários cargos que ocupou. Enquanto a sombra da estatal foi benéfica aos interesses do partido no poder, os mandatários se deixavam fotografar felizes, envergando o uniforme laranja da empresa ou com as mãos “manchadas” de óleo. 

Esses dias de folguedos regados a champanhe ficaram para trás. O instituto da delação premiada acabou com a festa. Denúncias de que grande parte dos recursos desviados foram usados na campanha vitoriosa e milionária do partido da presidente e de seus apoiadores aumentam as incertezas sobre a isenção e a licitude do pleito de outubro. 

São documentos que apontam o fato de a Petrobras ter sido usada e abusada para financiar e reforçar o caixa do partido no poder. Nos mais recentes capítulos dessa trama oleosa, a nação é informada da existência de vários e-mails antigos, enviados por diversos funcionários da estatal à diretoria alertando para os descaminhos da empresa. Para dar maior sabor a essa tramoia federal, ficamos sabendo também que esses atrevidos funcionários, que ousaram levantar suspeitas de corrupção na empresa, foram sumariamente perseguidos e punidos. 

Entende-se agora a relutância da chefe do Executivo em defenestrar, de vez, toda a diretoria da estatal. Estão todos vestidos a rigor com o macacão laranja, com as mãos do mesmo jeito, no mesmo barco ou na mesma plataforma que naufraga aos olhos da nação.

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Fonte: Coluna "Visto, lido e ouvido" Correio Braziliense - 13/12/2014

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