Com um dos restaurantes mais tradicionais da cidade de portas fechadas, magistrados, congressistas, ministros e lobistas diversificam o roteiro na capital
Por: André Shalders - Correio Braziliense
Publicação: 07/12/2014
Piantas |
Desde os tempos do regime militar, Brasília possui um circuito gastronômico frequentado por parlamentares, ministros de Estado e magistrados. Na época do bipartidarismo, os restaurantes tinham cor ideológica: a Arena, ligada ao regime, lotava as cadeiras do antigo GAF, no Gilberto Salomão; os opositores do MDB, Dr. Ulysses à frente, se reuniam no tradicional Piantella, na 202 Sul. Os ventos políticos mudaram e surgiram novos endereços frequentados pelo poder na capital da República. Ao longo da última semana, o Correio percorreu a noite de Brasília e mapeou locais apreciados pelos poderosos.
Desde o começo de outubro, a elite política e os demais brasilienses estão privados dos serviços do Piantella, fechado para reformas. Com a falta do tradicional local de encontros políticos, outros endereços começam a ganhar espaço. Uma casa constantemente frequentada pelo alto escalão da Esplanada é o Piantas. Reaberta com o novo nome em setembro — o lugar chamava-se Expand antes —, a casa é dirigida pela enóloga Valéria Vieira. Na última quarta-feira, a reportagem encontrou lá o deputado Miro Teixeira (Pros-RJ), em uma mesa com o ministro comunista Aldo Rebelo, do Esporte, e mais meia dúzia de amigos em comum. “Aqui é um dos lugares que eu venho. Principalmente porque tem esse jardim”, disse Miro, enquanto aproveitava a mesa na área externa do bistrô para degustar um charuto.
Desde o começo de outubro, a elite política e os demais brasilienses estão privados dos serviços do Piantella, fechado para reformas. Com a falta do tradicional local de encontros políticos, outros endereços começam a ganhar espaço. Uma casa constantemente frequentada pelo alto escalão da Esplanada é o Piantas. Reaberta com o novo nome em setembro — o lugar chamava-se Expand antes —, a casa é dirigida pela enóloga Valéria Vieira. Na última quarta-feira, a reportagem encontrou lá o deputado Miro Teixeira (Pros-RJ), em uma mesa com o ministro comunista Aldo Rebelo, do Esporte, e mais meia dúzia de amigos em comum. “Aqui é um dos lugares que eu venho. Principalmente porque tem esse jardim”, disse Miro, enquanto aproveitava a mesa na área externa do bistrô para degustar um charuto.
Trattoria da Rosario |
Feitiço Mineiro |
“Eu vim aqui para tomar um ar e beber uma Coca-Cola. Mas vou voltar para o Congresso”, disse ele, por volta da meia-noite. Foi no dia em que o plenário da Câmara funcionou até as 5h da manhã, durante a sessão que aprovou as mudanças na meta fiscal da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Miro, de fato, foi visto em plenário horas depois. Aldo Rebelo, por sua vez, bebericava uma dose de uísque, mas estava sem fumar o costumeiro cigarro de palha. O ministro usava casaco de gola alta e chapéu Panamá, como quem não quer ser reconhecido. “O cigarro de palha a gente compra aqui do lado, no Piauí”, disse, referindo-se à distribuidora de bebidas situada poucos metros acima. A quadra do Piantas (o nome é referência ao apelido do Piantella) abriga também outro restaurante tradicional do poder, o Lake’s. Nos anos 1980, o local foi ocupado por uma casa “suprapartidária”, o extinto Florentino, preferido de muitos dos constituintes de 1988.
Na esquerda, endereços começam a ganhar espaço. O Balaio Café, por exemplo, já recebeu eventos dos deputados Jean Wyllys (PSol-RJ) e Erika Kokay (PT-DF). Os petistas continuam assíduos ao restaurante Feitiço Mineiro, na Asa Norte, mesmo depois da morte, em julho do ano passado, do empresário Jorge Ferreira. “O Feitiço tem esta mística com o PT. Basta dizer que o (senador por São Paulo) Eduardo Suplicy já cantou Bob Dylan aqui. Mas a boa mesa é suprapartidária. Nunca deixamos de atender ninguém por conta da opinião política”, conta Leonardo Ferreira, 27 anos, filho de Jorge e herdeiro do lugar. É de Jorge também a criação do Mercado Municipal, na 508 Sul, onde era habituê o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa.
No Lago Sul
Além das embaixadas, o Lago Sul abriga alguns dos principais endereços gastronômicos da cidade. Na última quarta-feira, por exemplo, o ministro do STF Luís Roberto Barroso foi avistado na adega Grand Cru, na QI 09. Na terça, a reportagem do Correio foi à comercial da QI 17. Lá, uma mesma calçada é dividida pelo El Negro, dedicado a carnes especiais; o Taypá, com cardápio inspirado na culinária peruana; e a Trattoria da Rosario, onde reina a comida italiana.De acordo com um garçom, que preferiu não se identificar, a pequena rua em frente, às vezes, fica congestionada com o movimento de carros oficiais.
O chef Rosario Tessier, que empresta o nome à Trattoria, confirma que as autoridades são presença constante no local. No restaurante dele, os mais assíduos são os magistrados, como o atual presidente do STF, Ricardo Lewandowski.Na Trattoria, o Correio avistou o ministro das Comunicações e ex-titular do Planejamento de Lula, Paulo Bernardo. Ele estava acompanhado de duas dezenas de titulares de cadeiras no Congresso. Entre eles, um dos cotados para assumir a vaga do marido de Gleisi Hoffman: o deputado Alessandro Molon (PT-RJ).
Mas não se tratava de um encontro do PT ou da base aliada. Um dos convivas era o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que, no momento, articula candidatura à presidência da Câmara, visando os votos de oposicionistas, de partidos independentes e de deputados insatisfeitos da base. “Você nem pode dizer que eu sou habituê, porque vou lá raramente”, disse Delgado. “Se você quer saber, um lugar que eu gosto e vou bastante em Brasília é o Parrilla Madrid”, contou ele, referindo-se ao restaurante da 408 Sul.