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#DF: Nova sede, novos problemas

De modo geral, as ações de governos passados têm o dom de propagar seus efeitos não só para a população que paga a conta na forma de impostos, mas, principalmente, para os próximos governos, que assumem a partir de janeiro e olham desanimados os cofres vazios de um lado e as inúmeras contas por quitar de outro. Tem sido sempre assim. 
Agora esse desacerto nas contas públicas vai ficar ainda mais acentuado com o fim da Lei de Responsabilidade Fiscal. Passou a lei assassinada pelo governo federal em conluio com a base parlamentar amestrada. No Distrito Federal, nessa reta final do governo que sai, as manifestações, das mais variadas contra o atraso no pagamento de salários e de outros repasses, já dão o tom de como será o início do próxima administração. 
No mundo da lógica, distante do mundo político-ideológico, a realidade quanto aos recursos disponíveis imporia uma engenharia financeira com base na simplificação e enxugamento da máquina administrativa, cortando custos e economizando cada centavo. No entanto, não é o que vem ocorrendo. Pelo contrário. 
Um exemplo dessa dissintonia da realidade é a construção, já em fase de acabamento, da nova sede administrativa do GDF, situada entre Taguatinga e Ceilândia.
Construída a um preço oficialmente declarado de R$ 600 milhões, o novo centro de governo vai concentrar 15 mil funcionários em 16 torres de edifício, alguns com 15 andares. Diferentemente do que ocorreu em Belo Horizonte, onde as repartições públicas estavam espalhadas por toda a cidade em prédios alugados, a cidade administrativa se impunha como solução racional para a melhoria da máquina do governo. 
Não é caso, porém, de Brasília, cidade mais bem planejada que conta com setorização dos serviços bem resolvida. Ademais, próximo ao Palácio do Buriti, ainda existem terrenos destinados à administração local. A desculpa de que a mudança desafogaria o trânsito de veículos no Plano Piloto não se sustenta, inclusive pelo fato de que a nova sede não conta sequer com estudo de impacto de trânsito para a região. 
Todos sabem que naquelas áreas ocorrem, diariamente, as maiores concentrações de carros e de engarrafamento. Com uma simples olhada no anexo do Buriti, dá para perceber a ociosidade dos espaços. Resta, pois, a explicação oculta para a construção da nova sede: o interesse matreiro das empreiteiras e construtoras, algumas mencionadas por ligações com o megadoleiro Youssef no escândalo da Operação Lava-Jato. 
Pelo contrato, o prazo para a quitação da obra é 22 anos. Mas, para garantir o retorno mais rápido do investimento, as construtoras estão tratando de erguer prédios residenciais nas proximidades da nova sede. Para tanto, adquiriram a maioria dos terrenos em volta.
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Fonte: Coluna - "Visto, lido e ouvido" Correio Braziliense - 14/12/2014

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