Alessandra Horto, O Dia
Com a chegada da nova equipe econômica no segundo mandato da
presidenta Dilma Rousseff, comandada pelos futuros ministros da Fazenda,
Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, economistas apostam que 2015
não será um ano fácil para o funcionalismo público federal.
Sobretudo em temas
relacionados a aumento salarial.
O economista da Simplific Pavarini e professor de Economia do Ibmec-RJ,
Alexandre Espírito Santo, defende, para o descontentamento dos servidores, que
os últimos anos foram de “farra de reajustes” e que por conta disso não há
espaço para conceder aumentos salariais pelo menos em 2015, ano em que a equipe
econômica terá que “arrumar a casa”.
Sobre o futuro ministro Joaquim Levy, Espírito Santo destacou que ele é
“extremamente ortodoxo”, fruto da sua formação acadêmica na Universidade de
Chicago (EUA), onde fez Doutorado em Economia: “O apelido de Levy é ‘mãos de
tesoura’. É um sujeito preocupado com o lado fiscal”.
Sobre Nelson Barbosa, o economista destacou que ele é “receptivo,
educado e cortês”, mas que possivelmente não poupará esforços para cumprir as
metas que serão desenhadas nos próximos dias. Espírito Santo também acredita
que o Planejamento não deve fechar as portas para o funcionalismo, mas que
possivelmente os pleitos não serão aceitos pelo governo.
Diante deste cenário, o economista acredita que 2015 será um ano marcado
por greves em muitas categorias. “Vamos ver muitos servidores na rua, pois o
governo ganhou com a esquerda, mas vai trabalhar com a direita. E isso pode
decepcionar muitas entidades sindicais”, destacou.
Para o economista Raul Velloso, Levy e Barbosa vão atuar na tentativa de
segurar gastos de pessoal para ampliar os da área social: “Não haverá vida
fácil para o funcionalismo. A necessidade de ajuste fiscal é muito grande”.
Para ele, a decretação de greves vai depender da postura que o governo adotar
ao se relacionar com os sindicatos.
A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef),
que representa 80% do funcionalismo do Executivo, avalia que a escolha de Dilma
para a equipe econômica é um equívoco: “A presidenta vai se afastar dos
movimentos sociais e sindicais. A escolha dela foi uma resposta ao mercado, mas
no segundo turno ela pediu ajuda aos trabalhadores para se reeleger”, defendeu
Josemilton Costa, secretário-executivo da entidade.
FUTURO É INCERTO
O presidente do Andes-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das
Instituições de Ensino Superior), Paulo Rizzo, destacou que a entidade vê com
muita preocupação a escolha dos ministros, que vão dar prioridade ao superávit
primário. “Não sabemos como vai ser a negociação salarial nem a contratação de
pessoal. Há temor de terceirização do serviço público”, diz.
GERAÇÃO DE RECEITA
O diretor-presidente do Sisejufe (Sindicato dos Servidores das Justiças Federais),
Valter Nogueira, aponta que os quatro anos do governo Dilma foram “difíceis” e
que não sabe onde será possível “arrochar ainda mais os servidores”. Para ele,
não há motivos para cortar a contratação de funcionário públicos, pois os
serviços geram receita para o governo federal.