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MÚSICA: Do mundo para Brasília

Dono de intensa agenda internacional, Hamilton de Holanda volta ao lar para promover seu projeto Bandolim Solidário

Por Bernardo Scartezini - Revista Veja Brasília


O artista brasiliense: o centro das atenções no concerto de sexta (19) (Foto: Michael Melo)

Hamilton de Holanda fechou o mês de novembro dando um giro pela Itália. Foram sete concertos no país. Antes de pegar o avião de volta ao Brasil, um pulinho na Inglaterra para apresentação única na afamada casa de espetáculos londrina Barbican, evento integrante do London Jazz Festival. Quando retornou ao Rio de Janeiro, cidade onde nasceu e a partir da qual desenvolveu sua carreira nos últimos dez anos, ainda deu tempo de entrar em estúdio para acompanhar a cantora portuguesa de fado Carminho na música Nasci pra Sonhar e Cantar. A gravação fará parte de um projeto em homenagem a Dona Ivone Lara.

Tem sido assim a trajetória de Hamilton. Aos 38 anos, o bandolinista vem cumprindo uma das mais exitosas carreiras entre os instrumentistas brasileiros de sua geração. Versátil, sabe se acomodar do samba ao jazz, sem se esquecer do encanto pelo choro, seu primeiro idioma. Mas, mesmo com os pés no mundo, ele não perde Brasília de vista. Ao longo de 2014, já visitou por quatro vezes a capital, onde cresceu e abraçou a vida de músico. Nesta semana, como faz desde 2001, ele encerra suas atividades do ano com o projeto Bandolim Solidário, marcado para sexta (19) no Teatro Brasília 



Entre amigos e vizinhos, aqui Hamilton se cerca de outros músicos brasilienses de diversas gerações, incluindo pai e irmão, numa grande festa. E há muito a comemorar. “Este foi um ano especial. Nem sei dizer como aconteceu, como as coisas chegaram a esse ponto”, surpreende-se. “Pude desenvolver projetos paralelos, com trabalhos de composição, buscando um equilíbrio na minha agenda entre o Brasil e o estrangeiro.”

Suas passagens por Brasília neste ano assumiram diferentes tons. Em julho, veio acompanhado pelo sambista Diogo Nogueira. No mês de setembro, eles lançaram o primeiro disco em dupla, Bossa Negra, trazendo ensolaradas composições próprias, parcerias com Arlindo Cruz e versões bem particulares para canções de Caetano Veloso (Desde que o Samba É Samba) e Ary Barroso (Risque). Dentro do estúdio e no palco, tiveram apoio de fiéis escudeiros de Hamilton: o contrabaixista brasiliense André Vasconcellos e o percussionista carioca Thiago da Serrinha. Antes disso, o álbum que o bandolinista apresentou em maio, Caprichos, foi um exercício-solo. Formado em composição pela UnB, o músico se soltou em esmerilhos inspirados no virtuose italiano Niccolò Paganini (1782-1840), ás do violino, instrumento que tem afinação semelhante à das cordas de um bandolim. Também como solista e na sua visita mais recente ao DF, em outubro, Hamilton iniciou pelo Plano Piloto e por Ceilândia a turnê nacional Pelo Brasil. O repertório desse show autoral é formado por incursões em diversos ritmos, como baião, forró, frevo e carimbó, além dos usuais samba e choro.

Esse último projeto deve ser registrado em estúdio no próximo ano, assim que seu autor se der por satisfeito com as execuções, que vão sofrendo leves mudanças a cada concerto. Outra gravação que Hamilton pretende realizar em 2015 é a aguardada versão fonográfica para o Baile do Almeidinha, série de shows em clima de gafieira nos quais ele e sua banda revisitam clássicos populares — de Gonzaguinha a Jorge Ben, de Chico Buarque a Pixinguinha. “Cada trabalho tem um jeito, cada projeto tem uma proposta. A música é o fio condutor”, resume o polivalente artista. “Eu só tenho de acordar cedo e manter minhas prioridades em foco. O resto vai se encaixando. É como um jogo de Lego, com peças coloridas.”

Algumas dessas peças voltarão a se encaixar nesta semana, aqui na cidade, durante o show Bandolim Solidário. No palco do Teatro Brasília, Hamilton de Holanda se reencontra com o irmão mais velho, Fernando César. No início dos anos 90, a dupla (de bandolim e violão de sete cordas) formou o Dois de Ouro, um marco na cena instrumental candanga e o começo da ascensão do caçula. Novamente, eles terão a companhia do patriarca, o violonista José Américo, experiente chorão e responsável pela educação musical e afetiva de sua prole. Como principal convidada da noite, a cantora Rosa Passos se juntará a eles para duas ou três canções. Leander Motta, baterista e amigo, mais uma vez assume a cozinha sonora, como tem feito desde a primeira edição do projeto, em 2001. Ao longo do espetáculo, alternam-se músicos renomados da cidade, como o cavaquinista Pedro Vasconcellos e o percussionista Valério Xavier, além de jovens prodígios, como os bandolinistas Tiago Tunes e Ian Cury. “É um encontro de gerações, uma celebração da música brasiliense”, resume Fernando César. Como de hábito, a renda será integralmente destinada à Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace). 

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