Reitor deve esclarecer quais
medidas serão adotadas em até 30 dias. Alunos
dizem que calor é excessivo; problema prejudica rendimento, diz MPF.
O
Ministério Público Federal (MPF) recomendou que a Universidade de Brasília(UnB) resolva em seis meses o
problema do calor excessivo nas salas de aula da instituição. O orgão também
pediu que o reitor da universidade, Ivan Camargo, responda e especifique, em
até 30 dias após notificado pelo órgão, quais medidas serão adotadas.
Entrada lateral do Instituto Central de Ciências, maior prédio da Universidade de Brasília (Foto: Isa Lima/UnB Agência)
Ao G1, a UnB afirmou que não recebeu os documentos e que não
vai se pronunciar. A instituição informou ainda que as "providências
necessárias já estão sendo tomadas".
A
recomendação foi feita nesta quarta-feira (28), três meses depois que um
estudante levou a questão ao órgão. De acordo com o MPF, o aluno afirmou que a
sensação de "calor excessivo" é uma "constante" na UnB e
que a situação se agrava no período da seca.
O
estudante disse ainda que os locais mais prejudicados pelo forte calor são os
pavilhões Anísio Teixeira e João Calmon, o Instituto Central de Ciências (ICC)
e o Bloco de Salas de Aula Sul (BSA-Sul). O Ministério então realizou uma
apuração e constatou "a falta de climatização adequada".
A
recomendação elaborada pelo MPF diz que o calor prejudica o rendimento de
alunos e professores, acarretando inclusive no não cumprimento de normas de
qualidade de ambiente de trabalho. A procuradora responsável reconheceu que a
arquitetura dos prédios, desenhados por Oscar Niemeyer, pode prejudicar a
circulação de ar natural, mas culpou a falta de ar-condicionado ou ventiladores
em que estes poderiam ser instalados.
Sugestões
Corredor do Instituto Central de Ciências daUniversidade de Brasília, conhecido como Minhocão (Foto: Isa Lima/UnB Agência)
No
documento elaborado pelo MPF, ficou estipulado que a UnB, em seis meses, deverá
finalizar os estudos para tentar solucionar a questão e adotar medidas já
estudadas pela instituição.
Entre
elas, está a aplicação de película refletora em toda a fachada de vidro dos
pavilhões; adequação das paredes e realização de pequenas alterações
arquitetônicas no BSA-Sul; instalação de aparelhos de ar condicionado nas salas
do Bloco de Salas de Aula Eldoro de Souza (BAES); e manutenção no sistema de
climatização dos auditórios do ICC.
"A
gente derretia"
A Faculdade de Comunicação (FAC) é uma das poucas a contar com ar condicionado em algumas salas de aula. Apesar de instalados há cerca de quatro anos, eles nunca funcionaram nem foram ligados na tomada.
A Faculdade de Comunicação (FAC) é uma das poucas a contar com ar condicionado em algumas salas de aula. Apesar de instalados há cerca de quatro anos, eles nunca funcionaram nem foram ligados na tomada.
Formanda
em Comunicação Organizacional, Juliana Ciarlini diz lembrar quando os aparelhos
chegaram às salas. "Lembro que foi bem quando comecei o curso, há pouco
mais de quatro anos. Foi até na obra do programa de Reestruturação e Expansão
das Universidades Federais (Reuni). Todo mundo entrou com expectativa. Agora,
os fios nem chegam nas tomadas. A gente derretia nas aulas porque as janelas
não são muito grandes."
Segundo
Ciarlini, a Faculdade de Comunicação ainda tem uma das melhores estruturas da
universidade, o que aumenta a decepção entre os colegas. "O sentimento
mesmo é de que a FAC ainda tem a melhor estrutura. Isso é muito ruim porque
imagina então nos outros lugares? É frustante também porque cada aparelho deve
ser caríssimo. O tanto que foi gasto? É dinheiro desperdiçado."