Parte da rodovia foi privatizada e o projeto prevê, dentre
outros pontos, restauração das pistas esburacadas.
Pegar a BR-040 em horário de pico é
ter a certeza de que levará mais tempo do que se queria até chegar ao destino.
O grande número de veículos que trafega diariamente entre o Distrito Federal e
a Região Metropolitana provoca lentidão em boa parte da rodovia. Mas, agora,
não há mais hora para isso acontecer, porque o trecho está em obras. Parte da
via, que liga Brasília ao Rio de Janeiro, foi privatizada e o projeto prevê,
dentre outros pontos, melhorias nas pistas esburacadas que sofrem com os
engarrafamentos diários. Os usuários devem perceber as primeiras melhorias na
fluidez até o fim de março.
Levantamento da Companhia de
Planejamento (Codeplan), divulgado em dezembro do ano passado, revela que 41%
dos moradores das cidades goianas de Valparaíso, Cidade Ocidental e Luziânia
trabalham no DF e percorrem a BR-040 todos os dias. De acordo com dados da
Polícia Rodoviária Federal (PRF), são mais de cem mil veículos diariamente.
A Pesquisa Metropolitana por Amostra
de Domicílios (Pmad) revela que Brasília exerce polarização sobre alguns
municípios da Região Metropolitana em relação aos deslocamentos. São 89 milhões
de passageiros em 551 linhas da região, o que representaria o maior volume de
deslocamento semiurbano do País.
Do trecho concedido, os fluxos mais
intensos vêm da Cidade Ocidental e Valparaíso, seguidos por Luziânia. Das mais
de 470 mil pessoas que moram nessas cidades e possuem emprego, 211,9 mil
pessoas, cerca de 45%, têm no DF seu local de trabalho.
Proporção
O estudo mostrou que Valparaíso e
Cidade Ocidental têm mais da metade da população trabalhando no DF, com 55,5% e
52,9%, respectivamente. Em Luziânia, 30,75% dos trabalhadores migram, todos os
dias, pela BR-040. Os estudantes que fazem o mesmo trajeto para frequentar a
escola chegam ao quantitativo de 12 mil.
Obras fazem parte da transformação
Para que as melhorias comecem a ser percebidas na prática pela
população, é preciso investir em obras. E isso implica aumento de interdições e
mais engarrafamentos. No meio do dia, por exemplo, a retenção no trânsito já
faz com que motoristas percorram dois quilômetros em dez minutos, já que apenas
uma faixa está liberada em um dos trechos.
Ali, máquinas fazem o recapeamento da pista, removendo imperfeições e
buracos. Isso será feito em toda a extensão e, segundo os trabalhadores, pode
levar até sete anos para a obra ser totalmente concluída até Juiz de Fora
(MG).
Com as filas que se formam, todos são obrigados a aguardar. “Com moto é
mais fácil, mas também não escapa de pegar o congestionamento”, disse Dorival
Gomes, enquanto buscava uma alternativa para seguir em frente.
“É assim todos os dias e em todas as horas. Não há mais hora
específica para a gente ficar preso no trânsito”, conta o técnico de
informática Emerson Nogueira, 38 anos.
Quem tenta pegar um ônibus pode ter de enfrentar ainda mais dor de
cabeça. O aposentado Osmar Rodrigues, 60, aguardava sentado em uma parada às
margens da BR-040, em Valparaíso (GO), mas no horizonte não havia nem sinal de
coletivo na fila formada pelo bloqueio de uma faixa. “Fazer o quê? Tem que
esperar, ter paciência. Já são quase 13 horas e ainda nem almocei. Devo
conseguir chegar em casa só depois das 15h”, critica.
As obras fazem parte de um projeto de fluidez que tem como objetivo
promover maior segurança para motoristas, passageiros e pedestres, além de
diminuir o tempo de trajeto. As mudanças incluem adequações e melhorias em
paradas de ônibus e vão partir de uma nova configuração das pistas e do fluxo
de veículos em 32 quilômetros da rodovia, que abrangem o Distrito Federal e
Região Metropolitana.
Redução nos acidentes
As intervenções da Via 40, concessionária responsável pela manutenção do
trecho, começaram há mais de um mês, com o bloqueio do retorno em frente
ao Shopping Sul, em Valparaíso (GO). Apenas em 2013, a Polícia Rodoviária
Federal registrou mais de 130 acidentes na região.
“A população já sente as melhorias na fluidez do tráfego no trecho do
shopping, no km 3,25”, afirma Márcia Fragoso, diretora de implementação da
concessionária. Em 23 dias, ela afirma que a PRF identificou queda de 83% nos
acidentes.
A dirigente diz que o Plano de Fluidez para a Região Metropolitana do DF
está baseado em quatro eixos: revitalização, modernização e construção de
paradas de ônibus; nova formatação de retornos, que inclui tanto adequações
quanto fechamento de passagens que representem risco aos usuários e que gerem
retenções; instalação de nova sinalização e eliminação de entradas e saídas
irregulares nas margens da rodovia; e criação da terceira faixa em 30 Km do
segmento.
Os retornos estão em fase de adequação e “os projetos para a construção
das novas paradas de ônibus e a adequação do acostamento em terceira faixa de
rolamento encontram-se em fase avançada”, explica Fragoso. Quando finalizados,
basta a aprovação da PRF, das prefeituras das cidades e da Agência Nacional de
Transportes Terrestres (ANTT) para as obras iniciarem.
Assistência a motoristas está melhor
Para o caminhoneiro Evanildo Santana, 59, “se for para melhorar, tem que
bloquear faixa e retornos mesmo. A gente pega mais engarrafamento agora, mas
depois compensa”. Ele passa cotidianamente pela rodovia e, pela experiência,
diz que ela é muito perigosa. Uma das vantagens que percebe com a privatização
é a assistência: “Se o carro danificar em qualquer ponto sob concessão, há
socorro”.
Para isso, basta fazer uma ligação gratuita (0800 040 0040) e
solicitar ajuda ou parar em algum posto de atendimento ao usuário, como o do
início de Valparaíso (GO), onde Nildo Marques, 38, solicitou auxílio. “Meu
caminhão quebrou e vou precisar da assistência deles. Se não fosse privatizada,
ficaria no meio da estrada, como já aconteceu outras vezes. A gente paga, mas pelo
menos tem esse ser viço”, avalia.
Ao longo da BR-040, há 11 postos de pedágio a R$ 3,22, que devem começar
a ser cobrados a partir do segundo trimestre. Mas quem passa todos os dias da
Região Metropolitana para o DF não precisa se preocupar com aumento de taxas do
transporte público ou de tirar mais dinheiro do bolso: o primeiro ponto para
pagamento fica em Cristalina (GO).
Por outro lado, quem pretende viajar pelas cidades cortadas BR-040 pode
sentir mudanças nos valores das passagens interestaduais. A ANTT explica que o
coeficiente é reajustado com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA), Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), reajuste do óleo
dísel, impostos, taxas e tarifas cobradas em terminais rodoviários e, por fim,
valores de pedágio cobrados em rodovias percorridas pelos ônibus.
Fonte: Da redação do Jornal de
Brasília - Jéssica Antunes