Carlos Madeiro
Do UOL
Do UOL
No dia em que se despediu da política, o ex-presidente e
ex-senador José Sarney (PMDB-AP) fez duras críticas ao governo Dilma Rousseff
em sua coluna publicada semanalmente no jornal “O Estado do Maranhão”, de
propriedade de sua família.
O alvo principal da crítica neste domingo foi ocancelamento,
anunciado na quarta-feira (28) pela Petrobras, da construção da refinaria Premium 1, cuja obras estavam
em andamento em Bacabeira (53 km de São Luís).
“O Maranhão recebeu apático uma decisão que é uma
manifestação de discriminação, desprezo, ingratidão e injustiça. Que culpa tem
o Maranhão pela corrupção e pela bagunça da Petrobras? Pagamos nós pela Lava
Jato!”, questionou Sarney, seguindo: “O Maranhão esperou 30 anos por um grande
projeto de estrutura de base, para mostrar que o Brasil não pode continuar a
ser dois Brasis, um rico e um pobre.”
LUTA DOS MARANHENSES
Ainda segundo o senador, é hora do Estado se unir para
que as obras sejam retomadas. Ele defende uma “luta” dos nomes maranhenses pela
retorno das obras.
“Eu não aceito essa decisão de acabar com a refinaria em
nossa terra. Falta de dinheiro na Petrobras! Por que não abrir a empresas
estrangeiras a construção? Aí estão capitais chineses, americanos, ingleses,
holandeses, sauditas, árabes e tantos outros. Posso não estar mais vivo, mas
sei que, se mantivermos a luta, classes empresariais, povo, governo, todos
unidos, essa decisão será revertida e um dia vamos ver a refinaria do
Maranhão”, escreveu.
Segundo dados de balanços da Petrobras, a refinaria
Premium 1 já teve investimentos federais, desde 2007, de R$ 1,8 bilhão –em
valores não-atualizados monetariamente.
Além da obra no Maranhão, a Petrobras também anunciou que
desistiu da refinaria Premium 2, no Ceará, que já teve mais de R$ 1 bilhão em
investimentos.
Em nota, o governo do Maranhão –comandado por Flávio Dino
(PCdoB), opositor histórico dos Sarney– também criticou o governo federal e
disse está “pronto a dialogar com a Petrobras para a retomada de investimentos
no Maranhão, sendo sanados os erros técnicos do projeto original, que não são
de responsabilidade do povo maranhense.”
POLÍTICA ECONÔMICA HOSTIL
As críticas do ex-senador e aliado da presidente não se
restringiram à refinaria e chegaram à política econômica de Dilma.
“Os fundos de participação dos Estados são contidos em
limites precários, incapazes de fazer a diferença. Não há incentivos efetivos
aos empréstimos dos bancos de desenvolvimento, como taxas de juro diferenciadas
das dos estados ricos. A área econômica do governo é indiferente, ou mesmo
hostil, a medidas que possam fazer os estados pobres competitivos, capazes de
atrair investimentos que normalmente vão para os estados ricos”, alegou Sarney.
Durante a campanha eleitoral de 2014, Sarney e sua
família fizeram campanha para a reeleição de Dilma. Apesar disso, imagens
feitas pela “TV Amapá” no dia da votação mostraram que o ex-senador
apertou o 45, votando em Aécio Neves (PSDB).


