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Urgência para enquadrar motos



É visível o crescimento da presença de motos na paisagem urbana. Em certos horários e determinados trajetos, o número de veículos de duas rodas supera o de quatro. Não se deve ao acaso, pois estatística mostra o aumento de 48% da frota de motociclistas no país em quatro anos — de 2008 a 2012. Tampouco se devem ao acaso os números referentes a desastres e prejuízos por eles causados.

Segundo dados preliminares do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2013 os acidentes de trânsito responderam por 50 mil mortes e mais de 400 mil lesões graves. Os motoqueiros sobressaem entre as vítimas. Historicamente, os atropelamentos representavam a principal categoria dos acidentes terrestres. Agora são os motociclistas.

Além das perdas humanas e do prejuízo delas decorrente, a violência custa caro aos cofres públicos — R$ 40 bilhões por ano. Desse montante, 25% se referem a despesas hospitalares e 45%, ao dano na produção — o que o trabalhador deixa de render em consequência da interrupção das atividades. A maior parte do reembolso recai sobre os cofres públicos, que respondem por assistência prestada pelo SUS, licenças médicas e aposentadorias por invalidez.
 
Considerada a precariedade do transporte público, que implica aumento da frota de carros e motos nas vias urbanas, as perspectivas são preocupantes. Se nada for feito para mudar a lógica da tragédia, o asfalto fará mais cadáveres e incapacitará mais brasileiros para o trabalho. Impõem-se, pois, medidas eficazes aptas a poupar a saúde e a vida dos milhões de pessoas que exercem o direito de ir e vir. 

Entre elas, rigor na concessão de carteira de habilitação. Há que exigir mais preparo e mais habilidade na tarefa perigosa de conduzir carro ou moto. Não só. Condutores precisam ter consciência de que carregam armas nas mãos — armas que matam e aleijam. Quem as portar tem de ter sempre presente que o mais forte deve proteger o mais fraco. O mais fraco, por sua vez, não pode esquecer que deve cumprir a regra para se proteger e ser protegido.

A lei exige que motoqueiros usem equipamento de segurança e respeitem as normas legais. Não é, porém, o que se vê. Ultrapassagens proibidas, zigue-zagues nas pistas, corridas nos corredores são cenas comuns nas ruas e estradas brasileiras. Daí a necessidade de campanhas educativas, fiscalização rigorosa e punição dos infratores. Se nada for feito ou se as iniciativas forem incorretas e de alcance insuficiente, o cenário se agravará — com o aumento de veículos e a certeza da impunidade.



Correio Braziliense 

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