Renato Janine Ribeiro vai assumir talvez o mais desafiador
ministério do governo Dilma Rousseff. Professor da mais respeitada instituição
de ensino do país, Janine tem bagagem intelectual para responder às urgências
da área responsável pela formação dos brasileiros — do nível básico ao superior.
Será
tarefa árdua. A pasta serve de exemplo da distância que separa palavras e ação.
Cantada em prosa e verso como prioritária por sucessivos governos, não viu
promessas se concretizarem. Ao contrário. Colhe os frutos de descasos que
afugentaram os talentos do magistério e puseram o Brasil na rabeira de nações
desenvolvidas e emergentes.
Salvo
raras exceções, só busca a carreira de professor a pessoa que não consegue
êxito em outras que gozam de mais prestígio. Não constitui segredo a
importância do recrutamento. Estudantes cujo histórico não passa da média (e
não raro fica abaixo da média) dificilmente têm condições de promover os
avanços por que o setor clama.
Observa-se
queda preocupante dos concluentes dos cursos de licenciatura. Entre 2012 e
2013, o Censo do Ensino Superior, divulgado pela MEC, registrou redução de 22
mil formandos. Daí por que escolas dos ensinos fundamental e médio sofrem com a
falta de docentes de disciplinas estratégicas como português, matemática,
física e química.
Equiparar
o salário dos professores aos dos profissionais mais bem pagos é medida
necessária mas não suficiente. Urge implantar plano de carreira que premie
resultados e meritocracia. A capacitação é chave para a preparação do
trabalhador e, com ela, a obtenção de melhor desempenho e produtividade
crescente.
Não só. A
política dos temporários exige revisão imediata. É inaceitável a figura do
professor tapa-buraco. Sem compromisso com currículo, aprendizagem e sequência
de conteúdo, ele assume a turma para evitar que os discentes fiquem sozinhos. O
trágico é que temporários viram permanentes por inércia — sem o necessário
comprometimento com a causa.
Não se
deve ao acaso, pois a deficiente qualidade do ensino ministrado nas escolas de
norte a sul do país. O aluno é a maior vítima da tragédia em que se transformou
a educação. Gestão amadora, professores descomprometidos, bibliotecas mortas,
material didático de baixa qualidade, laboratórios, quando existentes,
inativos, insegurança interna e externa são questões que exigem resposta eficaz
e contemporânea. Esperar resultado diferente com a manutenção dos velhos
problemas é ingenuidade ou má-fé — tudo de que o país não precisa. Nem suporta.
Fonte: Visão do Correio Braziliense – 31/03/2015