O alto escalão de Brasília aderiu ao método criado pelo
médico argentino Máximo Ravenna, responsável por emagrecer celebridades como o
craque Diego Maradona.
O segredo do regime que
virou sensação entre os poderosos de Brasília
Por Cynara Menezes – Carta capital - Foto: Pillar Veloso
Duas
semanas atrás, a ministra-chefe da Secretaria de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República, Eleonora Menicucci, chega lépida para uma entrevista
com internautas em Brasília. A diferença para a rechonchudinha que tomou posse
em 2012 é gritante: a ministra está magérrima em seu terninho verde-claro. Eu
não resisto.
A
senhora também entrou na tal dieta, foi?
– Entrei,
não, eu sou a número 1. Emagreci 17 quilos. A presidenta Dilma é a segunda.
Perdeu 13 quilos.
– E como
é essa dieta, só pode comer carne?
–
Imagina, sou vegetariana.
– Então
por que tinha engordado assim?
– Você
não sabe de qual tendência do PT eu sou?
– Não.
Tendência
à obesidade!
Menicucci, amiga de Dilma desde a época da ditadura, foi quem
iniciou a presidenta na dieta que afinou meia Esplanada dos Ministérios. Uma
tarde, ao receber a ministra em audiência no Palácio do Planalto, Dilma
surpreendeu-se com a forma física da amiga.
Você fez bariátrica?, perguntou.
Menicucci disse que não e contou do regime, que conheceu por meio
da deputada federal petista Érika Kokay, essa sim, a “descobridora” por aquelas
bandas do método criado pelo médico argentino Máximo Ravenna, responsável por
emagrecer celebridades como o craque Diego Maradona. Isso foi no fim do ano
passado. Em janeiro, na posse, Dilma tinha emagrecido um pouco para caber no
vestido rendado que usou, mas ainda estava acima do peso. Recentemente, foi
vista com a nova silhueta. Bem mais magra.
A
tendência à obesidade, majoritária entre os petistas no governo, tem sofrido
cortes tão severos quanto os que precisam ser feitos nos gastos públicos,
segundo o ministro Joaquim Levy. E sem bisturi. O ministro José Eduardo
Cardozo, da Justiça, outro que perdeu uma circunferência admirável nos últimos
anos, diz ter igualado o recorde de Menicucci e enxugado 17 quilos. Ideli
Salvatti, dos Direitos Humanos, que se submeteu a uma cirurgia bariátrica em
2009 e voltou a engordar, conta ter perdido 8 quilos com a Ravenna. Kátia
Abreu, da Agricultura, e Gilberto Kassab, das Cidades, também aderiram.
Qual o segredo da dieta? Passar fome, muita fome. Seu criador
promete (e cumpre) fazer o paciente perder 2 quilos por semana, mas é preciso
conseguir sobreviver com apenas 600 calorias diárias nos três primeiros meses,
divididas em quatro refeições – alguém com peso dentro do normal pode consumir,
em média, 2 mil calorias por dia. Massas e bebidas alcoólicas estão
terminantemente proibidas. Uma sopa de legumes antes das refeições é o truque
para driblar o apetite. A máxima de Ravenna, que aos 66 anos se gaba de manter
o mesmo peso de quando tinha 30: “Comer pouco deixa a mente despejada”. E haja
autocontrole.
“Nos primeiros dias, eu queria matar alguém. Estava nervosa,
estressada. Depois passou”, diz a ex-deputada petista Arlete Sampaio, uma das
maiores entusiastas da dieta no partido. É interessante que quem adere à
Ravenna se transforma em especialista. A ex-deputada me falou de coisas como
“bioimpedância” (exame que mede a gordura corporal) e “metabolismo basal” com a
desenvoltura de quem pede um aparte no plenário. “Quando a gente entra nos
‘enta’, vai perdendo massa magra. Eu sempre fui magra e engordei depois da
menopausa. Com a dieta perdi 14 quilos”, conta.
Cardozo
também ficou irritado nos primeiros dias. Mas, quando pergunto sobre o efeito
das 600 escassas calorias sobre o proverbial mau humor da presidenta, um
assessor ri. “Não deu nem para notar a diferença.” O que se comenta é que
Dilma, com os quilos a menos, ficou algo mais leve. E começou a pegar no pé de
todo mundo ao redor para que emagreça. “Mas, quando estava gordinha, ninguém
podia falar nisso...”
Disciplinada, a presidenta faz os exercícios de musculação e segue
o regime à risca nos jantares oficiais e até mesmo em viagens. No Uruguai,
conseguiu resistir à tentação de devorar a macarronada com almôndegas oferecida
no almoço de despedida do ex-presidente Pepe Mujica, no início do mês. Comeu
uma polpetinha de nada, só para matar a vontade. Sobre a visita-surpresa a um
supermercado de Montevidéu para comprar doce de leite, Dilma negou a intenção
de burlar a dieta, como foi noticiado, e jurou que foicomprar o acepipe para a
filha.
Me contam
que Dilma é gulosa e jamais resistiu a um acarajé em suas viagens à Bahia. E
que costumava devorar bombons Sonho de Valsa no avião presidencial. Isso antes
da Ravenna. Agora contenta-se com uns suspiros diet meio insossos, mas
liberados por sua algoz, perdão, nutricionista. Nos momentos mais tensos,
quando se intensifica o massacre midiático e tanta gente vai às ruas pedir a
cabeça da presidenta, um grito ecoa pelos corredores do Planalto:
– Cadê
os suspiros?