Laís Souza, 26 anos, a
ex-ginasta que desde 27 de janeiro do ano passado emociona o mundo do esporte
com sua luta para voltar a andar (ela sofreu grave acidente de esqui quando
treinava para o Jogos de Inverno de Sochi), disse em entrevista à revista
“Glamour” que é “só a Laís Souza” e não tolera mais ser rotulada:
As
pessoas acham que o que mais mudou na minha vida foi o sexo — afirmou Laís,
chateada com a repercussão de entrevista anterior, dada à revista “TPM”, em que
se declarara gay.
E
continuou:
—
Gente, nem de longe essa é a questão! Sou bissexual, e todo mundo sempre soube
disso em casa. Mas as pessoas, em geral, só souberam agora, porque acabei
deixando escapar numa entrevista. Nunca achei importante falar publicamente
disso. O que tem demais eu já ter namorado homens e mulheres? Como eu disse,
quando sofri o acidente, estava começando um relacionamento com uma mulher, só
que o namoro acabou já no início da recuperação. Preciso focar em melhorar...
Laís
garantiu na entrevista que vai voltar a andar. Contou ainda que hoje está livre
e desimpedida, e leva vida sexual normal:
— Hoje
estou solteira. Mas o sexo é normal: posso beijar, transar e amar da mesma
forma. Acontece que esse assunto me chateia. Desde que sofri o acidente, ganhei
muitos rótulos. Primeiro, era a atleta acidentada. Depois, a atleta paraplégica.
Agora, sou a atleta gay. Eu sou “só” a Lais Souza! Por que minha opção sexual
tem que ser manchete?! Quebrei o pescoço, poxa! A gente precisa de manchetes
pra isso, pra que cada vez existam mais pesquisas que me tirem da porcaria
dessa cadeira! — disse.
Ela
relatou todo o seu pesadelo, desde o dia do acidente. “Era o primeiro dia de
treino bem leve depois de meses de treino pesado em Salt Lake City, nos EUA, em
27 de janeiro do ano passado. Acordei me sentindo bem, sem dores e orgulhosa
por ter conseguido a classificação pra Olimpíada de Inverno de Sochi, na
Rússia. Aos 25 anos, depois de três Olimpíadas como ginasta, tinha conseguido
me reinventar e provar que também era boa no esqui aéreo... Até vir o acidente
— e o pesadelo começar”, relatou ela à “Glamour”.
Laís
falou de suas minivitórias na recuperação com a certeza de outras maiores ainda
virão:
—
Foram seis meses de hospital, entre crises de choro e de revolta. Me perguntava
por que Deus não tinha me deixado o movimento de pelo menos um dedinho...
Resolvi me focar nas minivitórias. A primeira foi respirar sem aparelhos.
Ela
revelou a maneira que encontrou para reaprender a respirar:
— Como
o impacto na medula tinha feito meu diafragma parar de funcionar, tive que
fortalecê-lo. Por isso, eu cantava Ana Carolina o dia inteiro no hospital...
Tatuei no meu punho um cadeirante se levantando — símbolo do Miami Project e
que sou eu! Tenho certeza de que vou voltar a andar.
Fonte: O Globo. Foto: Cezar Loureiro / Agência O Globo - 25/03/2015 - -
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