Polícia Federal prende principal
acionista de mega empreiteira e diretor de subsidiária da Jurong
A Polícia Federal prendeu na manhã de
ontem o diretor-presidente e membro do conselho de administração do Grupo
Galvão, Dario de Queiroz Galvão Filho, em mais uma ação da Operação Lava Jato,
que investiga o esquema de corrupção na Petrobras. Dario foi preso em casa, em
São Paulo, na qual a PF também cumpriu mandado de busca e apreensão.
Ele é o
segundo executivo do grupo a ir para a prisão na Lava Jato. Já está preso desde
novembro Erton Fonseca, diretor-presidente da Galvão Engenharia, uma das
empresas do Grupo Galvão.
A Polícia
Federal também prendeu no Rio, Guilherme Esteves, do grupo Jurongapontado como
operador do esquema que distribuía propinas a dirigentes da Petrobras e
políticos em troca de contratos da petroleira estatal. Dario Galvão e Esteves
foram levados à sede da PF em Curitiba.
O juiz federal
Sergio Moro, que ordenou as prisões, disse em despacho que havia "risco à
ordem pública" caso o empreiteiro continuasse em liberdade porque mais
crimes poderiam ser praticados.
Acusado
como “mandante”
Moro também
argumentou que depoimentos já tomados, como o do operador Shinko Nakandakari,
apontaram Dario Galvão como o "mandante" de crimes praticados pela
empresa, como corrupção e lavagem de dinheiro.
A ordem de
prisão cita ainda a detenção de Fonseca. "Seria até estranho manter a
prisão preventiva de Erton Fonseca, como fez este juízo e todas as instâncias
recursais até o momento, e deixar em liberdade aquele quem as provas em
cognição sumária apontam como mandante", escreveu Moro.
O juiz diz
que é "perturbadora" a revelação de que propinas continuaram a ser
pagas ainda em 2014, depois da deflagração da Operação Lava Jato, e criticou a
tese da defesa da empresa, de que houve extorsão.
Como provas
já obtidas, o magistrado citou contratos firmados entre a Galvão e uma empresa
de fachada do doleiro Alberto Youssef. A investigação aponta que houve o
pagamento por serviços que nunca existiram e que tinham sido simulados para
lavar dinheiro. O juiz afirmou que já foram obtidos contratos entre as duas
partes em valores que somam R$ 4,1 milhões.
Empresa
foi contratada por Agnelo Queiroz
Um dos
presos pela Polícia Federal, o lobista Guilherme Esteves de Jesus é suspeito de
intermediar pagamentos de propina no exterior que somam US$ 8,2 milhões. A
investigação aponta que entre os beneficiários estão dois executivos da Sete
Brasil, empresa formada por sócios privados e pela Petrobras e que administra o
aluguel de sondas para o pré-sal.
A suspeita
foi citada em despacho que ordenou a prisão dele, assinado pelo juiz federal
Sergio Moro. No documento, é dito que a origem dos pagamentos é a Jurong,
conglomerado empresarial de Cingapura com negócios no Brasil.
A Jurong
Consultants parte do grupo, foi contratada pelo governador Agnelo Queiroz, em
outubro de 2012, para fazer o planejamento estratégico do Distrito Federal para
os próximos 50 anos – o projeto Brasília 2060, de que não se teve mais
notícias.
Moro
escreveu na sentença que há prova que o "esquema sistemático" de
propinas nos contratos da Petrobras "se estendeu aos contratos da Sete
Brasil".
Os
beneficiários dos pagamentos no exterior, diz o documento, são o ex-presidente
da empresa, João Ferraz, e o ex-diretor de participações, Eduardo Musa, além do
ex-diretor da Petrobras Renato Duque e do ex-gerente Pedro Barusco, autor de
delação premiada.
Conexões
com Dirceu
A Polícia
Federal encontrou na casaa do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque
— indicado do PT ao cargo — contrato de sua empresa de consultoria, a D3TM
Consultoria e Participação, com a Jamp Engenheiros Associados, de 2013, no
valor de R$ 1,2 milhão. A Jamp pertence ao operador de propinas Milton
Pascowitch, que atuava em nome da Engevix Engenharia no esquema da
Petrobras.
2 - Engevix e
Jamp pagaram R$ 2,6 milhões ao ex-ministro José Dirceu - também por serviços de
consultoria, entre 2008 e 2012. A própria Engevix, contratou os serviços de
consultoria do ex-diretor Duque em 2014, segundo provam contratos e notas
apreendidas nas buscas feitas pela Polícia Federal.
3 - Pelo menos
11 notas fiscais apreendidas mostram pagamentos mensais da Jamp de R$ 100 mil
para a D3TM, a empresa de Duque, entre maio de 2013 e abril de 2014, quando ele
avisou que não poderia mais cumprir seu contrato. O documento que encerra a
parceria foi encontrado também. A D3TM foi contratada por outras
empreiteiras do cartel, como a UTC, a OAS e a Iesa.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília