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O sacrifício da Petrobras


É lamentável que a Petrobras, maior empresa do país e uma das petrolíferas mais promissoras do mundo, tenha sido levada à condição de rejeitada pelo farto mercado internacional de crédito e, para fazer frente a pelo menos parte do programa de investimentos, tenha que promover corte em seu tamanho. 

A direção da empresa estuda plano de venda de ativos para arrecadar US$ 13,7 bilhões. Antes da perda do grau de investimento pela agência de rating Moody's, a estatal não pretendia passar de US$ 5 bilhões com o enxugamento. Mas as dificuldades de acesso ao mercado financeiro confrontadas com as boas possibilidades de aumento da produção, inclusive no pré-sal, apontaram para a conveniência de fazer caixa maior do que o previsto.

A Petrobras não informou ainda que unidades serão vendidas, mas não escondeu que a maior parte dos ativos a serem colocados à venda são dos setores de gás e energia (40%). O de exploração também sofrerá enxugamento, devendo abrir mão de unidades da área de abastecimento, que compreende refinarias e infraestruturas de transporte.

Recentemente, ainda sob a gestão de Graça Foster, a empresa tinha anunciado a descontinuidade da implantação de uma refinaria no Maranhão e outra no Ceará. Ambos os projetos foram concebidos por orientação política do então presidente Lula e levados avante. apesar de parecer contrário do corpo técnico da companhia, que não via neles viabilidade econômica e retorno satisfatório. 

São exemplos de como a Petrobras vinha sofrendo, nos últimos 12 anos, a interferência, muitas vezes descabida, do acionista controlador. Não são os piores. A Refinaria Abreu e Lima foi caso claro de pressão de Lula, que acreditou na seriedade de Hugo Chávez, então presidente da Venezuela. Em mais uma bravata, Chávez se dispôs a investir na unidade, consolidando a parceria entre os dois países e confirmando a identificação do governo petista com o projeto bolivariano.

Foi mais do que fiasco. Chávez não cumpriu sua parte e a Abreu e Lima entrou para a história como enorme canteiro de superfaturamentos, que multiplicaram várias vezes o orçamento original. Mas, mesmo que a nossa estatal não tivesse sido vítima de um dos maiores esquemas de corrupção do mundo, conforme vem sendo apurado pela Operação Lava-Jato, a situação da empresa não lhe permitiria cumprir um dos papéis mais importantes para o Brasil — o de liderar investimentos que ajudariam o país a retomar o crescimento econômico. 

Basta lembrar que, durante os últimos anos, a petrolífera foi obrigada a cometer o suicídio diário de comprar combustíveis (gasolina e diesel) no exterior a preços mais altos do que os que podia cobrar no mercado interno. Isto é, o governo colocou os propósitos eleitorais acima de tudo, incluindo a saúde financeira da estatal.

A venda de ativos é solução natural e correta para companhias em dificuldades que não pretendem acumular dívidas para dar calote na praça. Pretendem, isto sim, retomar a atividade, menor mas saudável, e pronta para voltar a ser o que era. É importante que, no caso da Petrobras, o sacrifício sirva de lição para este e para os próximos governos.



Fonte: Visão do Correio Braziliense 

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