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URBANISMO » Uma área para ex-combatentes

O espaço para o Memorial a Jango, em frente à praça do Cruzeiro, começou a a ser cercado na semana passada

Em meio à polêmica do monumento a Jango, ex-diretor de Patrimônio Histórico e Artístico diz que um local para a homenagem aos pracinhas foi escolhido há quase 10 anos na Praça dos Três Poderes. Não há previsão para a construção

“Esta briga é infundada. É um revanchismo político. Os pracinhas já têm um espaço para a construção de um memorial para eles.” A declaração é do ex-diretor de Patrimônio Histórico e Artístico do Distrito Federal Jarbas Silva Marques, em meio à polêmica do Memorial Liberdade e Democracia Presidente João Goulart. O assunto ganhou os holofotes depois de o Correio mostrar que o terreno, próximo à Catedral Rainha da Paz, no Eixo Monumental, está sendo preparado para receber o monumento em homenagem a Jango. Um dos principais debates sobre a questão gira em torno dos ex-combatentes da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que garantem que o terreno já tinha sido destinado à construção de uma homenagem aos pracinhas.

Porém, segundo Marques, isso não chegou a acontecer. Ele garante que, em 2006, durante sua gestão, um local na Praça dos Três Poderes foi reservado para o memorial dos veteranos e que, por isso, a reivindicação do grupo não teria justificativa. “Ainda não há previsão de quando o monumento (aos praças) será erguido, porque falta ser firmado o convênio entre a Secretaria de Cultura e o Ministério da Defesa, mas o local já foi escolhido há quase 10 anos. Está tudo pronto, falta apenas este convênio”, assegura Marques. O projeto seria para a construção de um memorial em homenagem às três forças que participaram da 2ª Guerra.

O terreno onde será erguido o Memorial Liberdade e Democracia Presidente João Goulart pertence à Secretaria de Cultura do Distrito Federal. Em 2006, o Conselho de Planejamento Territorial e Urbano do Distrito Federal (Conplan) aprovou a destinação para a construção. O processo não foi deliberativo, mas, sim, autorizativo. Ontem, a pasta deu detalhes sobre o convênio com o Instituto Presidente João Goulart, que terá a responsabilidade de captar recursos para a execução da obra e para a manutenção do espaço. Não haverá repasse financeiro do GDF. A secretaria informou, ainda, que “caberá a outras instâncias, como o Iphan e à Administração de Brasília, avaliarem a adequação do projeto às normais legais”.

Racha 
O conflito de interesses entre o Instituto João Goulart e o pracinhas traz à tona uma divisão dentro da própria categoria dos ex-combatentes da 2ª Guerra. Os praças se dividem entre os que foram para a Itália, conhecidos como veteranos, os que fizeram a guarda no litoral brasileiro, em Fernando de Noronha, e os que viajaram de navio em comboio. Segundo a relações públicas da Associação dos Ex-combatentes, Laurinda Nazaré Alvarez Pacheco, 57 anos, existe uma separação entre eles, histórica, que causa até hoje divergência de opiniões. E garante: os pracinhas não são contra a construção do Memorial Liberdade e Democracia Presidente João Goulart. “Temos o nosso museu, a nossa associação, não precisamos de um novo espaço, mas, sim, que haja investimento no que já temos. Vivemos de serviço voluntário, com pouca coisa, e o governo deveria investir”, pondera.

Filha de ex-combatente, Laurinda conta que o projeto do memorial para os ex-combatentes, na Praca dos Três Poderes, precisaria passar por alterações, por ser uma obra subterrânea. “Soubemos que foi vetado porque era no subsolo, e que o valor para fazer alterações no projeto de Oscar Niemeyer era de R$ 50 milhões. Mas não sabemos de muita coisa porque fomos excluídos do projeto, que é defendido pelos veteranos. Essa divisão entre os praças é histórica, mas aqui a gente não tem isso e a lei ampara a todos, não fazemos distinção entre os setores de pracinhas”, explica.

Presidente do Clube dos Pioneiros de Brasília, Roosevelt Dias Beltrão contradiz Laurinda e afirma que a rejeição ao memorial a Jango é “unanimidade” entre os pracinhas. “Isso é uma aberração. Esse projeto (do memorial a Jango) não era nem para ser em Brasília”, justifica. Roosevelt está à frente de uma manifestação, marcada para 12 de abril, com a participação dos veteranos e de outros contrários à obra.

Fonte: Camila Costa  -  Colaborou;  Paloma Suertegaray  - Correio Braziliense 31/03/2015

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