Infelizmente, no
Brasil, o trânsito ainda é uma guerra de todos contra todos. Dados
divulgados pelo DENATRAN indicam que aproximadamente 27 mil
pessoas são vitimas de atropelamento todos os anos no Brasil. Deste total,
24% são de pedestres que se tornaram vitimas fatais de imprudência -
muitas vezes do desrespeito praticado por motoristas.
Em Brasília, por muito tempo, a
realidade foi a mesma do que acontece no resto do País. A cidade foi
inteiramente planejada – nos anos 1950 – visando exclusivamente a supremacia
dos automóveis nas ruas em detrimento dos pedestres.
Mas, com muita
mobilização, a sociedade brasiliense inverteu os sinais do trânsito na cidade.
A sociedade ocupou as ruas, com atos teatrais, culturais, cívicos e criativos.
A imprensa ficou ao lado do pedestre, desencadeando uma forte campanha por
mudanças na legislação.
Por isso, finalmente,
em 1997, as autoridades da época entenderam que era uma loucura que
os pedestres, antes de atravessar a rua, fossem obrigados a dar passagem para
os carros. E a preferência foi invertida: agora os carros dão preferência
aos pedestres.
Nessas travessias,
bastaria que os pedestres estendessem o braço para que os
carros parassem. Nas faixas com semáforo, nada mudaria — o verde, o
amarelo e o vermelho continuaram ditando os movimentos.
Nos primeiros meses,
os motoristas que ignoravam o sinal com o braço recebiam advertência. Depois,
passaram a receber multa. Hoje, sem grandes traumas, os brasilienses adquiriram
o hábito do sinal. Já não é tão necessária como antes a
presença dos agentes.
Trata-se de uma
reviravolta que salvou vidas. Uma revolução feita de cidadania e respeito.
Este é um legado que, 18 anos depois, somos convocados a defender. Esse ano,
comemoramos a maioridade da Lei da Faixa de Pedestre.
É inegável, neste
contexto, a importância fundamental das campanhas educativas. As crianças
cobravam dos pais que dessem e respeitassem o sinal. Com o tempo,
outras metrópoles seguiram o exemplo pioneiro de Brasília
Eu convido todos os
brasilienses a recuperar este importante legado. Vamos lutar pela aplicação da
Lei da Faixa de Pedestre, sua fiscalização, e mais campanhas educativas para
que as novas gerações saibam a importância desta que é uma luta pela vida.
Celina Leão Deputada
Distrital - Presidente da CLDF