Extradição de Pizzolato para o
Brasil constrange o Planalto e reacende debate sobre devolução à Itália do
ex-ativista de esquerda, Cesare Battisti
Foram 525 dias de fuga. Na manhã de
sexta-feira 24, terminou a aventura do ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique
Pizzolato, para tentar escapar do cumprimento de pena no País por envolvimento
no processo do mensalão. Preso na Itália desde fevereiro, o petista teve a
extradição autorizada para atender a um pedido do advogado-geral da União, Luís
Inácio Adams, e do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Quando entrar
para as dependências do Presídio da Papuda, em Brasília, Pizzolato será o
último dos mensaleiros condenados recolhido ao cárcere no Brasil.
DE VOLTA
"Henrique Pizzolato será o último dos mensaleiros recolhido ao cárcere no Brasil"
"Henrique Pizzolato será o último dos mensaleiros recolhido ao cárcere no Brasil"
O caso do ex-diretor do BB se transformou em
uma grande enrascada para a Justiça e o governo brasileiro. Em novembro de
2012, o STF sentenciou Pizzolato a 12 anos e 7 meses de prisão em regime
fechado. Ele foi acusado de autorizar - durante sua gestão no Banco do Brasil
em 2003 e 2004 – o repasse de R$ 73,8 milhões que a instituição tinha aplicada
no fundo Visanet à agência de publicidade de Marcos Valério, principal operador
do mensalão. Mas Pizzolato fugiu do Brasil em setembro de 2013, apresentando um
passaporte falso com dados de seu irmão morto em 1978. O petista passou a ser
considerado foragido em novembro de 2013, quando o então ministro do STF,
Joaquim Barbosa, emitiu a ordem de prisão dos condenados do mensalão. Só em
fevereiro a Interpol o localizou na cidade de Maranello, no Norte da Itália.
Embora o pedido de extradição tenha partido
do governo brasileiro, a decisão dos italianos provoca um certo constrangimento
para o Planalto, pois a volta de Pizzolato renova outra pendência diplomática
entre os dois países. Em 2010, o presidente Lula negou o pedido de extradição
do ativista italiano Cesare Battisti, contrariando decisão do STF que acatou o
pedido do governo italiano. Em seu país de origem, Battisti é considerado um
terrorista foragido. A extradição de Pizzolato tende a reacender o debate sobre
a devolução à Itália do ex-ativista da extrema esquerda que vive em liberdade
no Brasil.
Foto: Alessandro
Fiocchi/Folhapress - Revista IstoÉ