Por: Carlos Newton
Já faz tempo que criador e criatura brigam para valer. Quem acompanha a Tribuna da Internet está bem informado a respeito e sabe que o desentendimento começou em dezembro de 2011, quando surgiu o escândalo das relações íntimas entre o ex-presidente Lula e a chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, com quem ele mantinha um tórrido caso amoroso desde a década de 90, quando ela trabalhava com João Vaccari no Sindicato dos Bancários de São Paulo.
Dilma então ganhou força e coragem para peitar Lula, passou a governar sozinha e decidiu se candidatar à reeleição. De lá para cá, nunca mais se entenderam. Lula chegou até a fazer corpo mole na campanha eleitoral, mas Dilma ganhou, sabe-se lá como. Na festa da posse, o ex-presidente fez uma aparição meteórica, deu um abraço protocolar em Dilma, para que os fotógrafos registrassem, e saiu à francesa.
Só voltaram a se falar na quinta-feira antes do Carnaval, quando a crise chegou a um ponto insuportável. A presidente Dilma teve de pegar o avião e ir a São Paulo se desculpar com ele, que lhe disse poucas e boas, mandou que ela se aproximasse de Renan, Cunha e Temer, se livrasse dos ministros Pepe Vargas e Aloizio Mercadante e tentasse recompor a base aliada. Dilma obedeceu em quase tudo, só não aceitou demitir Mercadante, que tem sido seu braço direito desde a gestão passada, mas esvaziou completamente a participação dele na política.
NOVA BRIGA
Reportagem de Valdo Cruz e Marina Dias, na Folha, mostra que os desentendimentos recomeçaram. A presidente mantém a disposição de vetar a nova fórmula proposta pela Câmara dos Deputados para o cálculo das aposentadorias, apesar de Lula ter ordenado que sancionasse essa mudança do fator previdenciário, para diminuir o desgaste e ganhar pontos junto às centrais sindicais e aos movimentos populares.
Dilma preferiu seguir o conselho de Joaquim Levy e Mercadante, que se aliou ao ministro da Economia para não perder espaço no Planalto e mostrar serviço. Eles sugeriram que o governo apresentasse uma alternativa a sindicalistas e empresários, num fórum criado pela presidente, para ganhar o máximo de visibilidade na mídia e transmitir a impressão de que ainda está à frente do governo.
Lula está furioso, porque sabe que a mudança do fator previdenciário não terá impacto fiscal significativo nos próximos anos, será um problema apenas ara o futuro. Por isso, insistiu que a presidente deveria ter anunciado, desde o início, a intenção de sancionar a proposta, que é apoiada pelas centrais sindicais.
Traduzindo: Dilma Vana Rousseff parece ter uma compulsão de fazer sempre tudo errado. Deveria consultar um terapeuta.
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