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CRISE NA BASE » Renan segura sabatinas das agências reguladoras - Rejeição à Patriota

Renan, entre Eduardo Cunha e Romero Jucá, durante encontro com os 27 governadores no Salão Negro do Congresso: rosário de críticas a Dilma e ao Planalto

O presidente emperra a análise dos indicados de Dilma para a ANS e a Anvisa com a finalidade de manter o controle político dos órgãos. Em encontro no Senado, governadores cobram propostas para resolver problemas fiscais nas unidades da Federação

Mesmo com a aprovação de Luiz Edson Fachin para o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), demonstra estar realmente empenhado na tarefa de desafiar o governo federal. Renan reuniu 27 governadores no Salão Negro do Congresso para reclamar que o ajuste fiscal da União está prejudicando o país. E, segundo apurou o Correio, está emperrando a sabatina dos indicados pela presidente Dilma Rousseff para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para ter o controle político das duas instituições reguladoras.

Há três semanas, a presidente Dilma indicou os nomes de Fernando Mendes Garcia Neto e Jarbas Barbosa da Silva Júnior para a diretoria da Anvisa, e de Karla Santa Cruz Coelho para a ANS. Os nomes estavam prontos para ser sabatinados pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Alegando a necessidade de informações mais precisas sobre os indicados, o presidente da Casa decidiu que os pedidos retornassem para a Secretaria-Geral da Mesa.


Por trás da manobra regimental, está a pressão de Renan para ter o controle das duas agências. No caso da Anvisa, ele quer emplacar Fernando Mendes, atual diretor adjunto de Coordenação e Articulação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, na presidência, enquanto o ministro da Saúde, Arthur Chioro, defende o nome de Jarbas, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos da pasta.

Já no caso da ANS, Karla Santa Cruz Coelho está pagando o preço de uma fatura que não é dela. Chioro — leia-se Dilma Rousseff — quer manter na presidência a sanitarista Martha Regina de Oliveira, servidora de carreira da agência. Renan faz pressão para emplacar o nome de José Carlos de Souza Abrahão, ligado ao mercado e que tem o apoio de Edson de Godoy Bueno, fundador da Amil.


Se não conseguir emplacar Fernando Mendes na presidência da Anvisa — no Senado a aposta é de que o comando da agência vá, de fato, para Jarbas —, Renan não seria completamente derrotado. A mera aprovação de Fernando Mendes para a agência já significa que o PMDB teria três diretores na reguladora, contra dois nomes ligados ao PT. Por decreto, as decisões são colegiadas, definidas por maioria dos votos. Jarbas poderia ficar isolado politicamente na instituição que preside.


O caso da ANS é diferente. Reguladora de um mercado que movimentou R$ 80 bilhões em 2014, a agência tem um regime presidencialista autêntico. Além disso, o presidente pode acumular uma diretoria, como, por exemplo, a de fiscalização dos planos de saúde e ressarcimento ao Sistema Único de Saúde (SUS), cargo que lida diretamente com o milionário setor.

Críticas


Rollemberg e Perillo: cobrança por necessidade de reforma do ICMS

Enquanto a situação das agências não se resolve, Renan trouxe ontem representantes de todos os estados para reclamar do governo. Escalado para falar pela região Centro-Oeste, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, defendeu as matérias já aprovadas pelo Senado, como a regulamentação do comércio eletrônico, a legitimação dos incentivos fiscais e o projeto que muda o indexador das dívidas e permite a utilização de depósitos judiciais e administrativos pelos governos: 


“Esperamos que esses temas sejam apreciados e aprovados também pela Câmara dos Deputados.”

Rollemberg defendeu a necessidade da reforma do Imposto de Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) e o não pagamento do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) nas transações entre a União e os estados. O socialista também fez menção à compensação previdenciária à qual as unidades federativas têm direito. 


“Sugerimos a apresentação de um projeto de lei para que a União possa compensar esses débitos, abatendo-os das dívidas dos estados.”

O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, afirmou que o país vive a “negação da Federação” e reclamou que a falta de obras no Nordeste está agravando a “pior seca dos últimos 50 anos na região”.  Para o governador de Goiás, Marconi Perillo, “o ajuste fiscal é importante, mas o remédio não pode matar o doente”.


Renan lembrou que, durante a campanha eleitoral e no discurso de posse, Dilma prometeu dividir com os estados a responsabilidade sobre a segurança pública, algo que ainda não aconteceu. “Isso não é uma reunião,é um comício”, brincou o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN).

Fonte: Paulo de Tarso Lyra – Correio Braziliense
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As razões para o veto ao embaixador

Patriota teve a indicação rejeitada para ser o representante do Brasil na OEA

Um dia depois de o Senado vetar o nome do embaixador de carreira Guilherme de Aguiar Patriota, que havia sido indicado pela presidente Dilma Rousseff para exercer o cargo de representante permanente do Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA), parlamentares governistas avaliaram, internamente, que uma combinação exclusiva de fatores pesou para a rejeição. O primeiro ponto considerado desfavorável foi o desempenho do diplomata na sabatina.

Na avaliação do governo, faltou habilidade nas respostas. Ele demonstrou irritação com alguns questionamentos. Postura bem diferente da que foi adotada pelo jurista Luiz Edson Fachin que, durante 11 horas, foi sabatinado e conseguiu cozinhar os senadores em banho-maria.


Outro fator que pesou contra Patriota foi o fato de ser o pupilo do ex-ministro Marco Aurélio e de ser ligado à presidente Dilma Rousseff. Ele é irmão de Antônio Patriota, ex-chanceler, e trabalhou na Assessoria para Assuntos Internacionais da Presidência entre 2010 e 2013.


Para alguns senadores, Patriota é bastante identificado com a política externa do Brasil pelas relações estreitas com os princípios políticos de países como Venezuela. Diante desse contexto, alguns congressistas avaliaram que colocá-lo justamente na OEA, um caldeirão ideologizado de disputas entre 35 nações do continente americano, seria um erro.


O último ponto que teria prejudicado a indicação foi o fato de Renan não ter conseguido dobrar os senadores em relação a Luiz Edson Fachin. Portanto, precisava escolher outro alvo para demonstrar a insatisfação e mandar um recado ao Palácio do Planalto.


Patriota foi rejeitado em plenário por 38 votos a 37. A derrota provocou protestos de senadores da base. “Só quero lamentar até onde a disputa político-partidária está indo aqui neste plenário. É a primeira vez na história que um diplomata de carreira é rejeitado pelo Senado. Eu acho simplesmente um fato lamentável o que aconteceu na tarde de hoje”, reclamou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).


Por João Valadares – Correio Braziliense 

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