Por: Carlos Chagas
Fosse feita uma pesquisa desde que surgiram os primeiros filmes de vampiro, até hoje, e não seria surpresa o resultado: as plateias torcem pelo dito cujo, quer dizer, o vampiro. Extasiam-se com suas dentadas e demais maldades, ainda que no final o monstro termine com uma estaca no coração, claro que até o próximo filme, quando despertará de um luxuoso esquife ainda mais pujante e maligno.
Com todo o respeito, há um vampiro entre nós, inventando e espalhando horrores, desde intimidar e escravizar os trabalhadores de sua vasta propriedade até seduzir suas filhas, ávidas de serem mordidas por um morcegão de casaca e condecorações. Os aldeões só se organizam no fim, para queimar o castelo, mas apenas para na próxima história sofrerem as mesmas perseguições, maldades e ameaças.
Nessa nova versão agora encenada, o vampiro faz saber aos habitantes de suas terras que não devem tentar opor-se à escravização, porque tornará suas vidas ainda piores. Aumentará os impostos, já que detém o controle da propriedade. Continuará explorando a comunidade através da alta de gêneros de primeira necessidade, taxas e tarifas. Estimulará a redução de salários e rendas, que chama de realinhamento de preços, prometendo trazer desempregados da aldeia vizinha, com remuneração ainda mais baixa, terceirizando a miséria.
Tem nome o novo vampiro que nos assola. Chama-se Joaquim Levy, ministro da Fazenda.