Distritais, a começar
pela presidente da Câmara, avisam que Buriti deve acabar com a sensação de
paralisia
Mudanças no Governo do Distrito
Federal devem ocorrer o quanto antes. É dessa forma que a presidente da Câmara
Legislativa, deputada Celina Leão (PDT), interpreta os resultados da pesquisa
de opinião pública sobre os primeiros meses da gestão de Rodrigo Rollemberg.
Segundo Celina, o governador precisa acabar com a sensação popular de paralisia
do GDF. Entre todos os problemas, a pesquisa apontou que a Saúde é o principal,
sob a perspetiva do brasiliense.
“O povo quer apenas o GDF
cuidando das questões mais urgentes do seu cotidiano, sem prejuízo para os
cofres públicos”, avisa a líder do Poder Legislativo brasiliense em um artigo,
publicado nesta página. Para Celina, o governo ainda merece um voto de
confiança, mas precisa definir posturas e agir.
Na oposição, o deputado
Wellington Luiz (PMDB) considera “naturais” os resultados da pesquisa. De
acordo com ele, nada aconteceu de fato até agora. “E a população não vê
perspectivas de melhora. O pior é não ter esperança e esse governo não
decolou”, acusa.
Em relação à Saúde, Wellington
crítica a escolha do secretário Fábio Gondim, de extensa experiência em
gestão, mas sem vivência na área médica e hospitalar. “Ele mesmo disse que não
esperava, que estava se preparando para a secretaria. Não dá para fazer
laboratório de testes nessa área”, completa.
Prazo maior
O distrital Chico Leite (PT) acha
que é necessário dar prazo até o fim do ano para avaliar a gestão Rollemberg.
“Para que ele possa ajustar as contas e propor alternativas de desenvolvimento
que saiam do eterno aumento de tributo, do eterno lançamento da culpa pela
crise na população. Ele precisa deste ano de 2015 como prazo”, explicou.
O líder do governo na Câmara,
deputado Julio Cesar (PRB) elogiou a postura do governador ao receber a
pesquisa. “Ele foi humilde e declarou que iria tomar a crítica da população
como um incentivo para melhorar”, resumiu. O parlamentar aposta que o governo
começará a mostrar resultados concretos para o DF neste segundo semestre. Nesse
sentindo, Cesar está
confiante que o secretário de Saúde está tomando as medidas necessárias
para melhorar o atendimento à população.
O povo quer mudanças! Celina Leão - Presidente da Câmara Legislativa do DF
De acordo com pesquisa do
instituto Exata de Opinião Pública (Exata OP), divulgada pelo Jornal de
Brasília, existe uma forte insatisfação dos moradores do Distrito Federal
diante do que parece ser um marasmo generalizado no Governo do Distrito Federal
(GDF).
A pesquisa aponta que 65,4% dos
brasilienses avaliam que o GDF precisa de ajustes. Ou seja, seis a cada 10
pessoas concordam com os rumos da gestão Rollemberg, mas esperam correções e
alterações.
Os que se declaram “descontentes”
somam 29,2%. Entre eles estão incluídos aqueles que avaliam que a gestão
Rollemberg é “errada” e/ou “totalmente errada”.
De acordo com a pesquisa, somente
8,7% dos entrevistados avaliam a atual gestão como “boa” e 0,7% a considera
“ótima”. Além disso, 42% da população classifica a gestão Rollemberg como
“regular”.
A pesquisa ouviu 2.952 moradores
de várias cidades do Distrito Federal, entre os dias 5 e 8 de agosto. Os
números mostram que o brasiliense espera que Rollemberg coloque a máquina
pública para funcionar e, assim, acabe com a sensação de paralisia do GDF.
O povo não está exigindo nenhum
festival de gastança, nenhuma obra cara e irresponsável, tampouco qualquer ação
populista; o povo quer apenas o GDF cuidando das questões mais urgentes do seu
cotidiano, sem prejuízo para os cofres públicos.
A gestão atual merece um voto de
confiança, dado o pouco tempo de governo, mas precisa desde já delinear as
linhas do projeto que pretende implantar no DF. O tempo urge!
O que mais preocupa
1 Conforme a pesquisa de
opnião do Exata OP, 41,7% dos brasilienses consideram que a principal
necessidade do DF é a melhoria da Saúde Pública.
2 Na sequência, o estudo
apontou que as demais necessidades de destaque da população são Transporte
(9,6%), Segurança (7,2%), Educação (4,5%), cumprimento de promessas de campanha
(1,5%) e geração de empregos (1,3%).
Medicina exige reforma profunda
A bronca da população para as
péssimas condições da Saúde é compartilhada pelos servidores públicos. Segundo
a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, a crise na rede pública só será
superada com mudanças profundas em toda estrutura, indo dos serviços
administrativos até as portas de hospitais, UPAs e postos de atendimento.
“A Saúde de Brasília
não vai melhorar em passe de mágica. O governo precisa ter coragem para
enfrentar verdadeiras máfias instaladas na rede”, alertou a sindicalista. Sem
dizer nomes, Marli explica que estes grupos lucram com o caos generalizado na
Saúde.
A sindicalista considera que
apenas com a formação de uma força-tarefa com Executivo, Legislativo e
Judiciário haverá correções. Simultaneamente, Marli sugere que o governo
deve priorizar o planejamento.
“Termos ainda o problema do
déficit de 10 mil servidores para a Saúde. E o governo não chama os
concursados”, acrescentou. De acordo com a presidente do sindicato, a falta de
estrutra e condições de trabalho faz com que cada vez mais servidores
fiquem doentes. “A Saúde, até agora, ela só dá certo para quem a explora”,
advertiu.
A sindicalista criticou Fábio
Gondim quando nomeado para a Saúde. Hoje, confere voto de confiança ao
novo secretário. Para Marli, os primeiros passos de Gondim foram corretos. “Ele
deve continuar ouvindo os servidores, pacientes e indo aos hospitais”,
detalhou. No entanto, Marli considera que Gondim sofrerá fortes pressões na
tentativa de desatar “nós” e fechar “feridas” abertas há décadas na rede
pública.
Vai
melhorar, assegura secretário
O secretário de Relações
Institucionais, Marcos Dantas, garante que o governo Rollemberg tem estrutura
para alavancar a aprovação popular com ações. Sem citar nomes, Dantas também
argumenta que o Buriti enfrenta grandes “grupos de interesses” enraizados no
DF.
“Não tenho dúvida de que as
coisas vão começar a melhorar. Governar é isso. Você vai ajustando rumos. E
contraria interesses. Porque, nesta cidade, eu vou te contar uma coisa, é
impressionante a quantidade de coisas que a gente precisa enfrentar. Governar é
quebrar paradigmas. E vamos continuar quebrando, senão é melhor ficar em casa”,
declarou.
De acordo com Dantas, o governo
enfrenta nos bastidores grupos defensores da cultura da permissividade e do
fato consumado. “Agora estamos enfrentando as coisas com muita cronologia
e planejamento”, afirmou. Na leitura de Dantas, uma mudança necessária do
governo é a melhoria da comunicação. Alegando falta de condições financeiras,
Dantas acredita que o GDF ainda não conseguiu criar canais de dialogo com a
população.
Reforço
na estrutura
Dantas não fala da troca de
nomes, mas sim em um reforço da estrutura de comunicação do Buriti. Dentro
deste contexto, o secretário citou o exemplo das últimas operações de
derrubadas de ocupações irregulares em Vicente Pires.
Para o secretário de Relações
Institucionais, o governo, como um todo, não soube se expressar sobre sua
posição relativa à ação de desocupação e não deixou claro quais eram os
prós e contras daquela medida do governo para a população em geral.
O deputado Rafael Prudente (PMDB)
considera prematura a avaliação do governo. “Mas alguns atos ainda não
aconteceram. Precisavamos de uma redução maior no número de secretarias.
Existem estados muito maiores do que o nosso que contam só com 10 e 14
secretarias. E nós temos quase o dobro disso”, apontou.
Prudente observou que o
governo reduziu o número de cargos comissionados, mas, paralelamente, aumentou
os salários destes cargos. “Então acho que falta um pouco mais de aperto, por
parte do governador”, acrescentou. Prudente lembrou que ainda existem obras
públicas inacabadas que poderiam melhorar a vida da população.
Ponto de
Vista
Líder do PT na Câmara
Legislativa, o distrital Chico Vigilante avisa: a pesquisa é muito preocupante
para o Buriti. “É um governo que até agora não começou, que só toma medidas
desastradas, que elegeu o servidor público como inimigo e que assustou o
empresariado com aumento de impostos e cortes de salários”, diz. “Não consegue
resolver questões como a expedição de alvarás e, pior, os acadêmicos que estão
à volta do governador não sabem governar”. Para Vigilante, não se pode sequer
comparar a rejeição de Rodrigo Rollemberg à da presidente Dilma Rousseff, pois
se trata de um governo empossado agora, o que não ocorre no caso federal.
Fonte: Jornal de Brasília - Francisco Dutra- Especial para
o Jornal