Modelos
dizem que serviço existe, mas produtores do DF negam
Em um mercado, a beleza e a ambição
andam lado a lado. E as verdades secretas não funcionam exatamente como mostra
a novela global. Pelo menos, não na capital do País. Em Brasília, asseguram
donos de agências, a realidade não condiz com que o acontece na tela da
televisão.
Pelo
contrário, eles garantem que o book rosa é inaceitável. No entanto, ex-modelos
e iniciantes da carreira contam que a prática existe, sim. Mas o que muda na
vida real são as peças. No lugar de agenciadores, como a Fanny, empresários
convidam homens e mulheres para um “algo a mais” em troca de dinheiro. E em vez
de “Angels”, pessoas que trocam o mundo fashion pelas cifras a mais que a
prostituição pode oferecer.
Pelo menos,
foi assim que começou a fama de Angel, ex-modelo da vida real, que, aos 27
anos, é uma das mais conhecidas acompanhantes de Brasília. Segundo ela, os
convites para o book rosa nunca vieram de agências e, sim, de empresários que
percebiam o potencial da jovem.
Convite
de clientes
“A novela,
na minha opinião, está queimando o mundo da moda. Entra no esquema do book rosa
quem quer. Nenhuma das propostas que eu recebi na vida veio de agências. Pelo
contrário, sempre foram muito corretos comigo. Agora, os clientes das agências,
sim. Eles oferecem o trabalho extra. Mas topa quem quer. E não tem nada a ver
com o trabalho de modelo”, conta.
Segundo a
jovem, que hoje oferece o serviço de acompanhante por meio de sites, ela foi
modelo de passarela e fotos durante cinco anos.
“A coisa do
book rosa acontece mais com recepcionistas de grandes eventos. E é muito
velado, claro. Após o serviço que você presta, tem aquele convite”,
detalha.
Hoje, ela
não trabalha mais no mundo fashion. Exibe seu corpo e rosto apenas para
programas. “É aquilo que eu disse: faz quem quer. Hoje, ganho mais do que como
modelo, mas varia muito de mês para mês. Não é uma renda fixa”, completa. Angel
faz questão, mais uma vez, de salientar que tais propostas nunca vieram de
agências de modelo: “Nunca recebi esse tipo de convite de uma agência.”
"Os
caras pedem, elas escalam"
Por e-mail,
a dona de um blog de acompanhantes de Brasília também garante a existência da
prática na cidade. “Agência de modelos, seja de passarela ou recepcionista para
eventos, vai negar sempre, claro. Seria um tiro no pé”, diz S.J., que
acrescenta: “Tem umas quatro ou cinco agências que se comenta por aí.
Inclusive, conhecidas. Os caras pedem, elas escalam quem topa”, ressalta.
Segundo a
empresária, muita gente que começa em teatro e foto topa. “No circuito de
eventos, muitos clientes pedem com o perfil, ainda que a agência não fature”,
destaca.
Produtores
negam a prática no DF
Na outra
ponta da história, produtores e donos de agências negam, em absoluto, a
existência da prática em Brasília. De acordo com eles, o que existe, de fato,
são mulheres do mitiê da prostituição dentro do mercado da moda que fazem o
book rosa. Mas, asseguram, “nenhuma agência lança uma modelo top para depois
oferecê-la a uma pessoa como prostituta, isso não existe”.
“Ainda mais
aqui, em Brasília, na capital do País, isso não ia ficar em segredo. Alguém ia
bater em cima. O que rola são aquelas pessoas muito ambiciosas que acabam
fazendo esse tipo de coisa. Mas não com apoio de agência”, afirma B.P, de 33
anos. A produtora ainda diz: “Isso é coisa de ficção”.
“Novela é
ficção”
O dono da
Ünique Model, presente há nove anos em Brasília, prefere não responder por
todas as agências da cidade, mas destaca que, em sua empresa, “tal prática é
inaceitável”.
“No DF,
existem quatro, cinco grandes agências e mais uma dezena de agências menores.
Abre e fecha agência em Brasília de uma forma assustadora, então, não tenho
como falar sobre as outras agências. Posso falar pela Ünique”, diz. Para ele, a
novela “distorce e muito por apresentar o tema como se fosse uma coisa
natural”. “A gente sabe que novela é ficção, que eles querem audiência,
polêmica e, daí, vem o sucesso ao abordar essa temática”, completa.
Empresário
alerta
De acordo
com o proprietário da Ünique Model, a melhor forma de pais de jovens
modelos se protegerem de possíveis agenciamentos fora das passarelas e dos
estúdios é conhecer o histórico da agência.
“Buscar por
modelos que já são agenciados, se informar para não entrar em nenhuma roubada.
Nunca agendar encontros em shopping centers e sempre que a proposta for muito
fantástica, atenção, ‘quando a esmola é demais, até o santo desconfia’”,
diz.
“Na Ünique,
quando o candidato é menor de idade, orientamos para virem acompanhados de seus
responsáveis e falamos para a família se fazer presente tanto nos castings,
quanto nos trabalhos”, salienta.
Saiba
mais
Na internet,
as frases “faço ficha rosa” ou “contrato ficha rosa” são abertamente anunciadas
em redes sociais por empresas. No entanto, diante disso, vale lembrar que a lei
brasileira prevê dois crimes para quem explora, de alguma forma, a
prostituição: o lenocínio e o rufianismo.
O primeiro
significa o favorecimento, a indução, facilitação à prostituição. A lei prevê
pena de dois a cinco anos de reclusão. Já rufianismo é tirar proveito da
prostituição. Nesse caso, além da prisão, é prevista uma multa.
Fonte: Jornal de Brasília – Por: Carla
Rodrigues