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#TERRASPÚBLICAS » Pressão política contra a Agefis

Bruna Pinheiro, diretora da Agência de Fiscalização, enfrenta pressões contra derrubadas e dificuldades por falta de servidores. Arquiteta concursada, ela conta com a defesa de Rollemberg para seguir com ações, como a que ocorreu em Vicente Pires

Além de lidar com a defasagem de equipamentos, com o grave deficit de pessoal e com a falta de apoio para operações, a diretora-geral da Agência de Fiscalização do DF, Bruna Pinheiro, ainda precisa driblar as pressões políticas. A arquiteta, que comanda o órgão responsável pelo controle de invasões e ocupações irregulares desde o início do governo, é alvo frequente de críticas pela atuação à frente da Agefis. O episódio mais recente foi a derrubada de mansões construídas irregularmente em Vicente Pires. Deputados distritais e associações de moradores partiram para o ataque e pediram a cabeça dela. Mas o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) defende o trabalho da diretora e garante que o controle das novas invasões vai continuar. 


Formada pela Universidade de Brasília, Bruna Pinheiro, 47 anos, é concursada do GDF desde 1994. Como auditora, trabalhou nas administrações regionais do Paranoá e do Lago Sul. Na extinta Coordenadoria das Cidades, assessorou a coordenação de fiscalização de todas as administrações. Até o ano passado, estava na Secretaria de Obras. Ela chegou ao atual cargo por decisão de Rollemberg. Sem padrinho político ou bênção de parlamentares, Bruna ganhou liberdade para agir — até mesmo em operações impopulares. “Eu recebi o convite com bastante surpresa porque não fiz nenhum lobby. Mas fiquei muito feliz com o desafio de proteger a cidade”, disse.

À frente da agência, a arquiteta teve que enfrentar críticas até mesmo no campo pessoal. Evangélica e pastora, foi ela quem organizou a operação de derrubada de igrejas construídas ilegalmente em terras públicas em Ceilândia. “Eu sei separar as coisas, não dá para misturar questões pessoais e profissionais. Professo minha fé, mas tenho a obrigação de proteger o patrimônio público. Até porque quem é evangélico tem como princípio fazer o que é correto”, explicou.

Elogios
Bruna Pinheiro minimiza as pressões. “Nossas ações desagradam a quem faz coisas erradas, mas tem agradado à maioria da população. Recebo muitos elogios na rua, de gente que sabe que a Agefis atua para proteger as terras públicas”, justifica. “Hoje, mais de 1 milhão de pessoas moram em áreas irregulares. Nosso objetivo não é tirar todo mundo, mas evitar novas ocupações”, explica. Segundo a diretora, todas as obras realizadas de julho de 2014 até agora serão alvo da fiscalização. O controle do território do DF está longe do ideal. Desde 2008, Agefis não realiza concursos. Hoje, o órgão tem 751 funcionários. Seria necessário dobrar o efetivo, contudo, a diretora garante que é possível trabalhar com o número atual.

O governador Rodrigo Rollemberg defende a atuação da Agefis. “A gente faz o que é correto. Claro que isso tem um ônus muito grande e que desagrada a muita gente. Mas as pessoas vão compreender que é o melhor para a cidade”, explica. “Em Brasília, se consolidou a cultura do fato consumado. Precisamos mudar isso. Em Vicente Pires, por exemplo, a pressão foi enorme, mas resistimos porque não podemos admitir o crescimento de forma descontrolada.”

A pressão em defesa de quem ocupou irregularmente áreas públicas é grande. Ontem, deputados enviaram ao governador uma indicação, assinada por Reginaldo Veras (PDT), em que pedem a suspensão das derrubadas. Amanhã, haverá uma audiência pública da Câmara em Vicente Pires. A presidente da Casa, deputada Celina Leão (PDT), defende o fim das invasões e cobra mais rigor nas fiscalizações. “De certa forma, o Estado permitiu aquelas construções, que têm água e luz instaladas pela Caesb e pela CEB. Os moradores alegam que a Agefis agiu com terrorismo, que teria havido cobrança de propina. É preciso ouvir todos os lados.”

Protesto na Câmara
Ontem, cerca de 200 pessoas se reuniram na Câmara contra as derrubadas em Vicente Pires. Parte dos manifestantes ocupou o plenário da Casa, para pressionar os deputados distritais. Além de moradores da Chácara da Prosperidade, condomínio de luxo retirado pela agência, compareceram proprietários de casas da Chácara 94, que temem serem alvo de uma nova operação. “Nossa situação é de medo. Sempre que entra um carro branco com adesivo do governo, ficamos preocupados. Esperamos que os parlamentares respondam rapidamente, nos garantindo ampla defesa”, afirmou um morador.


Fonte: Helena Mader – Correio Braziliense – Colaborou: Luiz Calcagno – Foto: Google

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