Renato Santana
/ Vice-governador do DF
Por onde o senhor andou na semana
passada, quando o governador Rodrigo Rollemberg anunciava e discutia o pacote
de ajuste fiscal do DF?
Na terça-feira, quando
houve o anúncio, eu estava em Santa Maria, no condomínio Porto Rico. Não
acompanhei as discussões, mas o governador me fez um relato sobre as medidas
naquela manhã. Ele também me mostrou os números. São graves. Não somos os
responsáveis pela crise. Aqueles que deram causa deveriam aparecer neste
momento.
O senhor não participou de nenhum
debate sobre as medidas?
Só vou aonde sou convidado. Mas eu não
ter participado não significa nada. O governador preferiu tratar do pacote com
a equipe técnica, os secretários de Planejamento, de Gestão Administrativa e de
Fazenda. Estamos juntos. Se o governador errar, estarei errado junto. Mas temos
de levar em conta o que o ex-governador Joaquim Roriz disse (em entrevista à
coluna): precisamos ter coração e sensibilidade.
Foi difícil aceitar o corte de seu
salário?
Zero de problema. Topei na hora. Se eu
tivesse condições, nem receberia o salário de vice-governador, mas sou um
assalariado. Vivo dessa remuneração. Mas não faz sentido que haja um corte no
primeiro e no segundo escalões e em outros benefícios e não sermos atingidos. Não
estamos fazendo firulas. A situação é muito grave. E não podemos colocar o peso
nos ombros de quem realmente precisa. Quem vive na linha da pobreza sofre mais
com a crise. Faz muita diferença.
Concorda com as medidas anunciadas?
Olha: estarei com o governador na saúde
e na doença, na alegria e na tristeza. Mas não significa que eu não possa dar a
minha opinião. Não sei como chegaram nessa conta do reajuste das tarifas de
ônibus. Eu tenho algumas ressalvas em relação ao volume. Mas não conheço os
números porque não participei do processo. Um dia, vou pegar um ônibus sem ser
notado para ver como está funcionando o transporte e como está o nível de
satisfação das pessoas.
Acha que foi correto suspender o
reajuste dos salários dos servidores?
Não tinha outro jeito. Não tínhamos de
onde tirar. Quem deu esses aumentos sem ter de onde tirar cometeu uma baita
irresponsabilidade. E eu sou servidor de carreira, seria beneficiado. Mesmo
assim, acho que alguns agentes políticos deveriam pedir desculpas à população
pelo que fizeram: o ex-governador Agnelo e o ex-vice-governador Filippelli.
O seu partido, o PSD, vai perder
espaço na reestruturação administrativa a ser anunciada?
Até agora o PSD só demonstrou uma
postura de lealdade. Na minha pessoa, com o (Rogério) Rosso, o Hélio José, a
Karina (Rosso) e o Arthur Bernardes. Somos governo. Não estamos disputando
nada. Só queremos a retribuição pela nossa lealdade.
Qual é a receita para sair da crise?
Não vejo outra receita que não seja a
força do trabalho. E os servidores de carreira são uma força de trabalho
importante. Não podemos transformar o servidor num monstro. Mas não tenho
dúvidas de que 2016 será melhor.
Fonte: Ana Maria
Campos – Coluna “Eixo Capital” – Correio Braziliense – Foto: Carlos
Vieira/CB/D.A.Press