Rollemberg gravou entrevista na redação do Correio: discurso otimista mesmo com medidas impopulares
A inflação
está chegando a dois dígitos. Agora, as tarifas vão ficar mais caras. Como o
senhor quer o apoio do povo?
Estamos tomando medidas que são duras,
reconhecemos. Mas elas são necessárias para o momento que vive o Distrito
Federal. Como todos sabem, herdamos um rombo enorme do governo passado, de R$ 3
bilhões, em relação ao orçamento de 2014, e de R$ 3,5 bilhões, sobre o deste
ano. Para você ter uma ideia, no orçamento deste ano, estavam previstos gastos
com pessoal na ordem de R$ 16, 8 bilhões. Na verdade, contudo, a despesa
efetiva é de R$ 19,3 bilhões. Somente aí há um deficit de R$ 2,5 bilhões.
Com a máquina
mais enxuta, a gestão do
GDF está boa?
Isso é um permanente processo de aperfeiçoamento.
Temos que evoluir muito ainda. A parte tecnológica do GDF é precária e
defasada. Tivemos o grande escândalo da Caixa de Pandora justamente em cima de
contratações na área de tecnologia da informação. Além do prejuízo moral, a
corrupção não permitiu que o governo implantasse uma infraestrutura
tecnológica, que daria velocidade à máquina pública e diminuiria nossos gastos.
Também temos a burocracia a enfrentar, é importante para o setor produtivo que
tenhamos mais agilidade.
Vai ter mais
cortes?
Sem dúvida temos mais despesas a serem cortadas,
muitas estruturas a serem otimizadas para reduzir o custeio da máquina pública.
Isso é um esforço permanente que estamos fazendo. Criamos o Comitê de
Governança do governo para ser mais rigorosos com os gastos públicos. E foi
isso que nos permitiu chegar até aqui.
Tem uma luz
no fim do túnel? Até o fim do ano que vem a situação vai melhorar?
Esse é nosso objetivo. Estamos fazendo muito
esforço, sacrifício interno. No início do governo, diminuímos de 38 para 24 o
número de secretarias, cortamos 4 mil cargos comissionados. Com isso, já
economizamos R$ 113 milhões. Devolvemos carros alugados, reduzimos 1 milhão de
litros de combustível, diminuímos viagens, apoio a evento. Reduzimos em R$ 800
milhões o custeio da máquina, mas foi insuficiente. Vamos cortar mais, e na
própria carne: vamos receber salário 20% menor, também vamos cortar em 20% a
despesa com comissionados. Tudo isso é parte do esforço para equilibrar as
contas do DF.
Confia no
poder de recuperação da cidade?
Quero dizer que tenho muita confiança na capacidade
de realização do povo brasiliense, na nossa capacidade de união. E se JK foi
capaz de reunir o que havia de melhor no Brasil e conseguiu construir uma
cidade que se transformou rapidamente em Patrimônio da Humanidade, tenho
convicção que essa mesma população, unida, vai superar os desafios e construir
dias melhores para Brasília.
Por: Dad Squarisi – Foto: Luis Tajes/CB/D.A.Press –
Correio Braziliense